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Bem-Aventurados os Misericordiosos


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Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. S. Mat. 5:7.

Tamatoe, rei de Huahiné (uma ilha cerca de 80 milhas náuticas a noroeste do Taiti), tornou-se cristão em 1818, como resultado do trabalho de missionários da Sociedade Missionária de Londres. Alguns dos vizinhos pagãos de Tamatoe, numa ilha próxima, odiavam o cristianismo e decidiram queimar Tamatoe vivo, junto com alguns dos que se haviam tornado cristãos juntamente com ele.

A conspiração foi descoberta pelos cristãos e um bando deles escondeu-se perto da praia. Quando os inimigos saltaram das canoas, no escuro, foram desarmados sem sofrer nenhum dano físico. Agora sem armas, os pagãos tinham a certeza de que seriam executados de maneira cruel. Podemos imaginar a surpresa deles quando Tamatoe e seus companheiros cristãos passaram a tratá-los bem, explicando que Jesus ensinara Seus seguidores a serem bondosos com os inimigos.

Mas os cristãos foram além. Prepararam um suntuoso banquete e convidaram seus ex-inimigos a participarem da refeição com eles. Ao final do banquete, um dos chefes pagãos colocou-se em pé e disse que, por causa daquela inesperada bondade, ele havia decidido tornar-se um seguidor de Cristo. Outros fizeram o mesmo e dentro de alguns dias todos os ídolos pagãos na ilha deles foram destruídos, resultando na conversão do povo ao cristianismo.

A misericórdia que será alcançada pelos misericordiosos segundo nosso texto, não é necessariamente a misericórdia que os outros demonstram para conosco em retribuição àquela que estendemos a eles. Com freqüência, as “ternas misericórdias” dos outros são na verdade “cruéis”. Prov. 12:10. Assim, uma tradução melhor de nosso verso provavelmente seja: “Felizes são os que têm misericórdia dos outros; Deus terá misericórdia deles.”

Esse é o tipo de favor imerecido de que todos nós precisamos; em certo sentido, somos “inimigos” de Deus (Rom. 5:10), e Ele tem misericórdia de nós na mesma medida em que revelamos misericórdia ao nosso próximo. Esse é o mesmo princípio do perdão: Deus nos perdoa os erros assim como nós perdoamos os erros dos nossos semelhantes (ver S. Mat. 6:12). Os cristãos de Huahiné aprenderam e posteriormente praticaram esse princípio.
Liberdade da Prisão Espiritual

Estava… preso e fostes ver-Me. … Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes. S. Mat. 25:36 e 40.

Em seu livro Just for Today (Por Hoje Só), James Keller conta como numa tarde de janeiro de 1951, Sakuichi Yamada, uma garota japonesa cristã, aproximou-se do superintendente da penitenciária numa das menores cidades do Japão. Entregou-lhe um pacotinho que trazia o endereço dela como remetente, e pediu que ele o entregasse a um certo criminoso condenado. Depois saiu em silêncio.

O pacote continha livros cristãos e uma confortadora carta da garota. A carta concluía com estas palavras: “Aos olhos de Deus, um criminoso é Seu filho.” E a assinatura era, simplesmente: “Uma estudante.” O superintendente da prisão entregou o pacote a um assassino que tinha sido condenado à execução por ter eliminado uma família de três pessoas. Quando o sentenciado leu os livros e a carta, foi profundamente tocado e escreveu para Yamada. Confessou-se como um endurecido criminoso e reconheceu que tinha medo de morrer, mas que desde a leitura dos livros e da carta seu temor havia diminuído notavelmente. Concluiu a carta dizendo: “Quão grande é a misericórdia de Deus para comigo, este pecador. … Que Deus a abençoe.”

Raabe

Dentre os que me conhecem, farei menção de Raabe. … O Senhor, ao registrar os povos, dirá: Este nasceu lá. Sal. 87:4 e 6.

Raabe foi a prostituta de Jericó que escondeu os dois espias. Conforme a tradição judaica, ela se casou com um deles depois da queda da cidade. Se isso é verdade, o nome dele era Salmon (ver S. Mat. 1:5).

Dizem que a prostituição é a mais antiga profissão do mundo. Mas isso não a torna uma ocupação honrosa. A maioria das pessoas a considera uma destruidora do tecido moral da família e da sociedade.

Como é que começa a prostituição? Estudos sociológicos revelam que a grande maioria das meninas que se tornam prostitutas foram iniciadas em sua carreira ainda crianças, por homens que eram seus parentes próximos e abusavam delas – tios, irmãos, pais e até avôs! Calcula-se que 75 por cento das prostitutas foram vítimas desses abusos na infância.

É difícil imaginar que Deus tenha tido alguma coisa a ver com uma casa de má fama, ou que tivesse cooperado com Seu povo que usou um desses estabelecimentos como esconderijo. Mas isso não é tudo. Além de ser prostituta, Raabe era mentirosa. Disse que não sabia para onde os espias tinham ido ao saírem de sua casa, quando ela mesma os havia escondido no teto da casa (ver Jos. 2:4-6).

Aqui vem a surpresa. Ao contrário de seus compatriotas, ela reconheceu Jeová como “Deus em cima nos céus e embaixo na terra” (verso 11). E a maior de todas as surpresas: através da descendência dessa ex-meretriz, veio o Filho unigênito de Deus (S. Mat. 1:1-16)!

Se, mesmo não desculpando o pecado, Deus leva em conta as circunstâncias que moldaram a vida de uma pessoa, deveríamos nós ser menos compassivos ao julgar os outros? Quão gratos podemos ser porque, no dia do final ajuste de contas, um misericordioso Pai celeste leva em consideração o fato de que “este [ou esta] nasceu lá”! Em Jericó, talvez?

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