Saúde
Esclerose múltipla (EM): o que é, causas, sintomas e tratamento
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Esclerose múltipla (EM) é uma condição neurológica e autoimune em que as células de proteção do organismo atacam o sistema nervoso central, afetando o cérebro e a medula. O problema costuma acometer jovens e gera sintomas sensitivos, motores e cerebelares.
Saiba mais a seguir:
O que é?
Na esclerose múltipla, o sistema nervoso confunde as células saudáveis com as invasoras e as danifica. A doença ataca diretamente a bainha de mielina, que é a capa protetora dos neurônios.
Com a mielina e os neurônios lesionados e inflamados, a comunicação entre o cérebro, a medula espinhal e o resto do corpo fica danificada, o que resulta em dificuldade sensitiva, motora e cognitiva.
Causas
Apesar de a medicina ainda não ter uma explicação para o aparecimento da doença, há alguns aspectos ambientais que podem desencadeá-la, como pouca exposição solar até os dez anos de idade – e consequente baixo nível de vitamina D, a qual regula o sistema imune – e infecção por alguns tipos de vírus.
É hereditária?
A esclerose múltipla não é considerada uma doença hereditária, mas já foi constado que há um fator genético que aumenta a chance de desenvolvê-la, o que explica a prevalência de mais de um caso da doença numa mesma família.
Fatores de risco
Idade
A condição é mais comum em pessoas de 20 a 40 anos.
Sexo
A esclerose múltipla é predominante em mulheres, mas também pode acometer homens.
Geografia
O problema é mais recorrente em lugares longes da linha do equador, devido à falta de sol.
Etnia
Pessoas brancas, em especial as de origem do Norte da Europa, têm risco maior de desenvolver o problema.
Histórico familiar
Caso algum parente seu tenha esclerose múltipla, há 1 a 5% de chance de também desenvolvê-la.
Tabagismo
O fumo aumenta o risco da doença e piora as crises e a progressão em quem já a tem.
Vírus
Existem alguns vírus, como o Epstein-Barr, cuja infecção aumenta o nível de anticorpos no sangue e, consequentemente, a chance de desenvolver EM.
Ausência de contaminação por parasitas intestinais
O contato com parasitas intestinais na infância tem efeito anti-inflamatório que reduz o risco de esclerose múltipla.
Sinais e sintomas de esclerose múltipla
- Alterações no humor
- Cansaço
- Dificuldade no controle da bexiga ou do intestino
- Dificuldade para andar
- Dormências ou formigamentos
- Escurecimento da visão
- Espasmos musculares
- Falta de coordenação motora
- Fraqueza
- Perda de força muscular
- Problemas de memória e atenção
- Visão dupla
- Visão turva
Diagnostico de esclerose múltipla
Na apresentação de um ou mais destes sintomas, é necessário procurar ajuda médica para avaliar o quadro.
Geralmente, o especialista solicita diversos tipos de testes, como exames de sangue, punção lombar, ressonância magnética e exame de potencial equivocado (que mede sinais elétricos enviados pelo cérebro).
Além disso, há um protocolo internacional que considera o número de surtos apresentados, os sintomas, a duração e os outros critérios clínicos para, enfim, confirmar ou descartar o diagnóstico.
Tratamento de esclerose múltipla
Medicamentos
O tratamento medicamentoso tende a abreviar e espaçar as fases agudas, além de inibir os sintomas. Uma vez que é uma doença inflamatória, os cuidados consistirão em reduzir a inflamação e a agressão à mielina.
Entre os medicamentos mais famosos, estão:
Interferon
Remédio injetável que é formado por diversas proteínas que controlam o sistema imunológico e combatem vírus, o que é bom para retardar a doença e suas complicações.
Acetato de glatirâmer
É formado por outra proteína que, ao que tudo indica, é capaz de bloquear o ataque à mielina por meio de alterações na imunidade. Sua aplicação é por via subcutânea.
Fingolimode
Se trata de um medicamento oral da classe dos moduladores de receptores esfingosina-1-fosfato (S1PR), que “paralisam” os linfócitos que fazem com que o sistema nervoso destrua a mielina.
Natalizumabe
É composto por um anticorpo humanizado que bloqueia moléculas que permitem que anticorpos cruzem a barreira de proteção do cérebro, impedindo a destruição da mielina.
A droga é aplicada por injeção intravenosa com frequência, na maioria das vezes, mensal.
Mitoxantrona
Este remédio age pela redução da imunidade e é voltado para casos graves da doença, já que pode causar efeitos colaterais graves, tais como leucemia.
É aplicado por via intravenosa com frequência média de três a quatro vezes por ano.
Vitamina D
Para auxiliar no tratamento, médicos muitas vezes prescrevem a vitamina D que, por ser um imunoregulador, ajuda o sistema imunológico a funcionar da forma adequada.
Relaxantes musculares
Relaxantes musculares também são recomendados, uma vez que espasmos musculares podem ser comuns.
Estes compostos também tendem a diminuir a incidência de dores e fraquezas.
Outros remédios
Medicamentos para depressão e para controlar a bexiga também podem ser prescritos por um profissional qualificado.
É importante deixar claro que nunca é recomendada a automedicação, ou seja, sempre é essencial ter a prescrição e o diagnóstico de médicos, normalmente neurologistas.
Células-tronco
Um estudo publicado no periódico Neurology descobriu que o transplante de células tronco do próprio paciente é mais eficaz do que a medicação disponível no mercado para combater a esclerose múltipla.
Embora seja um tratamento inovador, ele só é indicado para pacientes que estão em surto remissivo, ou seja, antes da fase progressiva.
Como as células tronco terão a função de criar um sistema de defesa novo, ele deverá ser muito frágil num primeiro momento, sendo essencial a observação médica para evitar contrair infecções. Por isso, é uma medida extrema que deve ocorrer apenas em casos muito específicos.
Pulsoterapia
Ainda é feito um tratamento com a pulsoterapia, na qual são usadas altas doses de corticoides sintéticos, por um curto período de tempo (de 3 a 5 dias), para controlar as crises e os surtos.
Fisioterapia
Para fazer o tratamento da musculatura, fisioterapeutas têm uma função auxiliar muito importante, ensinando alongamentos e exercícios de fortalecimento muscular, tornando as tarefas cotidianas mais fáceis.
Tem cura?
Como esclerose múltipla não é uma doença que apresenta possibilidade de cura para a medicina ocidental, a forma de contê-la é realizando tratamentos para diminuir os sintomas e controlar o progresso.
Como conviver com esclerose múltipla?
Diferente de antigamente, atualmente é possível que pessoas com EM tenham qualidade de vida, visto que táticas de tratamento dos sintomas para normalizar o dia a dia dos pacientes são cada vez mais comuns, como as citadas acima.
Complicações possíveis
É importante frisar que, ao iniciar o tratamento com os medicamentos, é aumentada a exposição a sintomas como dores de cabeça e dores musculares e, até mesmo, é normal sofrer piora momentânea das manifestações.
Em alguns casos, o médico poderá prescrever medicamentos para atenuar os efeitos colaterais.
Prevenção
Esta doença é muito difícil de se prevenir, uma vez que é causada por contextos diferentes e múltiplos.
Todavia, evitar o tabagismo, tomar uma quantidade de sol adequada – especialmente nos primeiros anos de vida – e manter uma qualidade de vida saudável pode colaborar.
Na falta da prevenção precisa, é importante ficar atento aos sinais e sintomas de esclerose múltipla, visto que o diagnóstico precoce pode levar o paciente a tratar a condição de forma incipiente e levar uma vida mais saudável e sem muitas intervenções no cotidiano. Isso, inclusive, ajuda a diminuir o risco de complicações.