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No anúncio da revitalização da Madeira-Mamoré, governador reitera apoio a museus e destaca exportações


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A primeira exportação de 22 toneladas de carne bovina para Puerto Maldonado (em Madre de Dios, Amazônia Peruana), em meados de setembro, demonstrou que as rodovias BR-364 e Interoceânica (Estrada do Pacífico) são essenciais para a consolidação de negócios com o país vizinho.
O porto organizado de Porto Velho e as rodovias consolidam o ingresso de Rondônia no mercado internacional, anunciou nesta terça-feira (2) o governador Daniel Pereira durante solenidade de lançamento das obras de revitalização do complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM).
Assistido por aproximadamente duzentas pessoas, entre autoridades, familiares de ex-ferroviários, e populares, o ato comemorativo ao 104º aniversário de Porto Velho ocorreu dentro do galpão número três,recentemente devolvido ao município pela Marinha do Brasil.
O porto fez dobrar as nossas exportações e a internacionalização do Aeroporto Jorge Teixeira proporcionará o aumento de nossos negócios com o Peru”, disse o governador.
A primeira fase do projeto de revitalização da EFMM custará R$ 30 milhões. Dentro de um ano e oito meses, conforme previu o prefeito Hildon Chaves, a administração municipal deverá ocupar todo o espaço, até o Mercado do Peixe.
Unindo Porto Velho a Guajará-Mirim (fronteira brasileira com a Bolívia), a EFMM foi a maior obra construída [entre 1907 e 1912] pela engenharia dos Estados Unidos fora dos domínios daquele país.
“Estou feliz neste aniversário, porque há 24 anos faço parte da história desta cidade e ser portovelhense foi opção minha; meu filho Alexandre nasceu aqui e dentro de 30 dias nascerá o filho dele, meu neto, que também será porto-velhense”, discursou o governador.
Daniel Pereira disse fazer parte da grande legião de “filhos importados que para cá vieram em busca de esperança”.
Ele anunciou também para breve o lançamento do filme “Rio da Dúvida”, narrando a Expedição Científica Roosevelt-Rondon (1913-1914). O governo estadual contribuiu com o filme.
Informou que pediu ao Ministério da Defesa a administração da Casa de Rondon, em Vilhena, e reiterou apoio do estado ao funcionamento do Memorial Rondon e do Memorial Jorge Teixeira, em Porto Velho.
“São construções que necessitam todo cuidado para que não peguem fogo, como ocorreu com o Museu Nacional no Rio de Janeiro”, assinalou.
Enfatizando a meta turística, disse que o setor pesqueiro deverá ser enquadrado nos estímulos do governo federal, desde a divisa com o Estado de Mato Grosso a Porto Velho.
“FREAR PREDADORES”
Para o prefeito Hildon Chaves, Porto Velho recebeu hoje seu maior presente. “Neste local, surgiu a cidade”. Desculpou-se em seguida: “Essa revitalização já deveria ter acontecido durante a fase de licenciamento das usinas hidrelétricas, a Santo Antônio (uma delas) foi grande parceira, queria iniciar as obras, mas faltava harmonia entre os órgãos envolvidos”.
A procuradora da República Giselle Bleggi regozijou-se com a data, acreditando que “nos 104 anos de Porto Velho, as obras mudarão os rumos do patrimônio cultural”.
Segundo ela, no mundo todo existe maior consciência da necessidade de frear depredadores. “Temos leis para proteger e tutelar adequadamente o patrimônio ferroviário, e nesse sentido o Ministério Público Federal vem travando batalhas para conseguir a preservação”, ela disse.
Ao longo dos anos, a EFMM teve peças saqueadas, perdeu locomotivas, vagões, e também foi vítima da inundação de seus galpões e do pátio, pela grande cheia de 2014. A construção do calçadão exigirá a remoção de terra, rochas e sedimentos.
A procuradora fez elogios: “Agradeço às associações de defesa do patrimônio histórico, pois elas e a população demonstram que o amam; recebemos representações quase diárias, visando ao resgate da estrada de ferro”.
“Até 2016 ocorreram omissões dos três entes federativos, agora corrigidas por cinco ações de responsabilização por danos aos patrimônios cultural e ambiental. Agradeço à Justiça Federal pela sensibilidade a essa tutela.”
TEIXEIRÃO E RONDON
Dizendo-se um “devorador de livros”, o governador entregou para nove pessoas exemplares do livro do acadêmico de letras William Haverly Martins a respeito do ex-governador Jorge Teixeira de Oliveira: Anísio Gorayeb, Yêdda Borzacov, Luiz Guilherme Erse, Luzia Malloney, José Monteiro (Moisés), Manoel Chaves, Lord Jesus Bown, Sílvio Santos (Zé Katraka) e para o ex-prefeito Sebastião Assef Valladares.
Daniel Pereira anunciou a reimpressão do livro “O outro braço da cruz”, escrito pelo ex-governador do extinto Território Federal, Paulo Nunes Leal (1954-1955), e o apoio estadual ao livro “Tratado de Petrópolis”, do historiador Francisco Matias.
“Diante do nosso maior patrimônio, eu peço licença aos historiadores presentes para homenagear a mãe do estado, o marco inicial de nossa história”, disse o memorialista Anísio Gorayeb. Mais dramático: “Nela trabalharam cerca de 20 mil homens de 52 nacionalidades. Foi a epopeia na terra do demônio”, mencionou o memorialista Anísio Gorayeb.
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