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Quase 40% dos desempregados em Rondônia são jovens


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Em Rondônia, o desemprego atingiu, no segundo trimestre deste ano, 8,2% das pessoas com mais de 14 anos. O estado não está entre os que apresentam o maior número de desocupados, no entanto, da quantidade total – cerca de 8% –, quase 40% são somente de jovens, entre 14 e 24 anos, penalizados pelo desemprego. Prejudicado com desaquecimento do mercado de trabalho e com baixa na competitividade, o setor da indústria propõe uma reforma na matriz educacional como meio de atuar sobre a composição da oferta de vagas de emprego.

Na engrenagem da educação no Brasil, pedras deixadas na Educação Básica interferem diretamente no funcionamento da profissionalização no país. Falhas na qualidade educacional, o alto número de crianças e jovens que sequer terminaram o ensino médio afetam na qualificação profissional e, consequentemente, na produtividade de trabalho. Segundo a professora do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), Débora Baren, é preciso preparar melhor as pessoas.

“As soluções dos problemas, hoje, não são mais simples. Preciso de um administrador com habilitação em administração hospitalar conversando com engenheiro e área de TI para desenvolver algo que realmente vai mudar a vida das pessoas. Multidisciplinaridade. E o curso técnico ajudar o indivíduo a entender que não pode ficar só na teoria”, pondera.

Os jovens estão entre os que mais sofrem com essa defasagem. Em Rondônia, de acordo com dados do segundo trimestre de 2018 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), a taxa de subutilização da força de trabalho – que agrega os desocupados, os subocupados por insuficiência de horas e a força de trabalho potencial – ficou em 15,5%, na frente de Santa Catarina (10,9%), Rio Grande do Sul (15,2%).

Lucas Guimarães Passos, de 18 anos, está sentindo na pele essa realidade. Vai terminar o Ensino Médio este ano e busca emprego. Para tentar aumentar suas chances nessa luta, decidiu fazer um curso técnico de panificação. Está com expectativas de contratação para os próximos meses.

“Fiz pensando na profissão. Como ter um curso técnico do SENAI ajuda bastante na hora de procurar um emprego. Está difícil, portas abertas não têm muitas, já cacei (sic), mas não está tendo. A expectativa é conseguir [emprego] nos próximos meses. Uma padaria entrei em contato, pediu para aguardar. Falaram que daqui um tempo vão entrar em contato para ver se vão contratar”, conta Lucas.

Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e também uma opção para o trabalhador desempregado em busca de recolocação no mercado. Em 2017, 70% dos que concluíram cursos técnicos foram inseridos no mercado de trabalho já no primeiro ano.

Ensino técnico

O setor produtivo sugere aos presidenciáveis foco na educação profissional e na adequação da oferta de educação profissional e superior às demandas de médio e longo prazos. As propostas da indústria para a agenda dos candidatos a presidente da República foram enviadas pela CNI em forma de estudo. Leia na íntegra aqui.

Segundo Alex Santiago, diretor-regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) em Rondônia, o ensino técnico e a educação sempre serão uma das opções para que a competitividade do trabalhador seja cada vez maior.

“Quando estamos falando de uma indústria 4.0, de processos cada vez mais otimizados e automatizados , no sentido de que a produtividade e a produção possa ser maior, estamos falando também de um trabalhador que vai se inserir nesses processos, mas para que isso se dê ele tem que conhecer os processos e conhecer muito mais ainda os fundamentos desses processos, para que possa a partir daí modificar o processo de sorte a utilizá-lo e melhorá-lo por consequência”, pondera o especialista.

O município de Pimenta Bueno foi o quarto em Rondônia a receber uma escola-fábrica integrada do Serviço Social da Indústria (SESI) e do SENAI. Jonas Tavares da Silva, em homenagem a um dos pioneiros da região, a escola une o ensino regular ao ensino profissional, Com capacidade para atender mais de mil alunos do ensino básico, fundamental e médio. Leia mais aqui.

Diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, defende que o diálogo do país com a educação para os jovens. “A visão nossa, da Confederação Nacional da Indústria, vai muito nessa direção de estabelecer uma agenda que seja importante para a realidade brasileira, para os problemas que nós temos hoje de juventude no país. Nós temos um elevado grau de desemprego na população aberta, que está acima de 12%, mas entre os jovens, ele se aproxima de 30%. Então nós temos um grande contingente de jovens que é vítima exatamente dessa baixa capacidade de diálogo entre o nosso modelo educacional e as opções e projetos de vida dos jovens que passam pela escola”, afirma Lucchesi.

Por Camila Costa

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