Internacional
ONU diz que grau de repressão na Nicarágua obriga fuga de opositores
Compartilhe:
A Organização as Nações Unidas (ONU) denunciou nesta quarta-feira (29) que o grau de repressão “é tão alto” na Nicarágua que levou cidadãos ao exílio pelo simples fato de expressar opiniões distintas daquelas do governo, em um padrão de violência que nunca cessa. O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein, pediu que o Conselho de Direitos Humanos observe a situação na Nicarágua e tome medidas para prevenir distúrbios sociais e políticos ainda mais graves.
O Conselho de Direitos Humanos se reúne a partir do próximo dia 10 de setembro em Genebra em seu terceiro e último período de sessões do ano.
A violência que as forças do governo exerceram desde o mês de abril contra os manifestantes que reivindicavam a saída do presidente Daniel Ortega obrigou a muitos a fugir do país ou, pelo menos, tentar fazer isso, enfatiza a organização o relatório da ONU divulgado hoje.
Também foram vítimas de represálias que os levaram a adotar a mesma atitude daqueles que saíram em defesa dos manifestantes, afirma um relatório do Escritório de Direitos Humanos da ONU.
A organização lamenta que “o mundo à parte” da crise que surgiu no país centro-americano, onde apesar do “contexto de medo e desconfiança gerado”, os protestos exigindo o respeito das liberdades permaneceram.
O relatório afirma que na primeira fase da crise, a polícia e elementos armados pró-governo – entre outros as denominadas “forças de choque” – reprimiram os protestos, e em uma segunda etapa desmontaram violentamente as barricadas erguidas pelos manifestantes.
“Tudo isso com a aprovação das autoridades estatais de alto nível e da Polícia Nacional, muitas vezes de forma conjunta e coordenada”, aponta o relatório.
Ainda acrescenta que “embora o governo não negue mais a existência de elementos armados pró-governo, ele aprova suas ações e permite suas atuações totalmente impunes.
Como resultado da repressão, mais de 300 pessoas morreram e cerca de 2 mil ficaram feridas, segundo apuração de diferentes organizações de direitos humanos.
Entre as violações dos direitos humanos que o Conselho de Direitos Humanos observou figuram o uso abusivo da força por parte da polícia, “que às vezes resultou em execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, prisões arbitrárias e generalizadas, torturas e violência”.