Justiça
Primos são condenados por matar e ocultar corpo de jovem após ‘teste de fidelidade’, em RO
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Após dois dias de julgamento do caso Jéssica Moreira Hernandes, jovem de 17 anos que foi assassinada a facadas em um “teste de fidelidade”, os dois primos acusados do crime foram condenados pelo Tribunal do Júri em Cerejeiras (RO). A sentença começou a ser lida pelo juiz Bruno Magalhães Ribeiro por volta de 23h10 desta quinta-feira (23).
Depois da votação dos jurados, ficou decidido que todos os réus seriam condenados. Ismael José da Silva, que namorava Jéssica na época do crime, foi condenado a um ano de reclusão e 10 dias multa por ocultação de cadáver. Ele ainda pode recorrer e cumprir a pena em liberdade.
Já o primo dele, Diego de Sá Parente, foi condenado a 18 de reclusão por homicídio qualificado e mais um ano também por ocultação de cadáver. Ele não tem o direito de recorrer da decisão em liberdade. A pena inicial será cumprida em regime fechado.
A sentença foi anunciada depois das 23h10 desta quinta-feira. Seis homens e uma mulher formaram o corpo do júri. O Ministério Público informou que também irá recorrer da decisão.
Ismael informou que discorda da decisão. “Não esperava esse resultado, pois sou inocente. Em nenhum momento ocultei cadáver. Vamos recorrer da decisão. Eu sou inocente de tudo”, disse.
A advogada dele Shara Eugênio de Souza contou que irá aguardar e analisar o caso para possíveis medidas futuras sobre a condenação do réu.
“Nós vamos aguardar para ter uma análise certa de nosso posicionamento. Com relação ao homicídio, foi acatado pelo Conselho da Sentença a negativa de autoria. Em relação a ocultação de cadáver, o Conselho não acatou a nossa tese. Ainda vamos sentar para termos uma posição”, explicou.
O advogado Fernando Milani e Silva, defesa de Diego de Sá, também informou que não concorda com a decisão do júri. “A todo momento, perguntei para Diego se ele era culpado ou não, mas ele sempre disse que era inocente. Nós com certeza vamos recorrer”, disse.
Na parte da tarde, o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) chegou a pedir a condenação de ambos os réus pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. O MP-RO pediu a condenação de Ismael e Diego por homicídio com quatro qualificadoras: motivo torpe, feminicídio, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel.
O motivo é que o órgão concordou com a versão concluída pela Polícia Civil durante as investigações, onde apontam que Ismael cometeu o crime e Diego auxiliou o primo. Além disso, diz que ambos ocultaram o corpo da jovem.
Para o MP-RO, Diego teria atraído Jéssica para a casa da mãe dele com a desculpa de que mostraria à vítima provas de que o primo, seu então namorado, a traia.
Durante a manhã, Diego foi interrogado por mais de três horas e chegou a se emocionar. O réu a todo momento reiterou que foi Ismael quem matou a namorada e ele apenas ajudou a ocultar o corpo. O júri seguiu até o começo da tarde, onde ocorreu uma pausa para o almoço.
No primeiro dia do júri, 11 pessoas foram ouvidas, sendo elas oito testemunhas e três informantes – pessoas que têm alguma ligação com os réus e com a vítima. Uma testemunha, um policial civil, foi dispensada por não ter participado da investigação.
Cronologia do 1° dia de júri
- Júri começou às 9h da manhã, com sorteio de júri.
- Primeiro depoimento foi de uma investigadora da Polícia Civil.
- Testemunha seguiu falando até por volta de 13h. Outro policial foi dispensado.
- 11 pessoas foram ouvidas, sendo elas oito testemunhas e três informantes – pessoas que têm alguma ligação com os réus e com a vítima.
- Ismael é ouvido durante a noite pelos jurados.
- O júri seguiu até 23h em Cerejeiras.
Como Jéssica foi morta?
Jéssica foi assassinada com golpes de faca após um suposto teste de fidelidade. A garota foi encontrada morta no dia 24 do mesmo mês, na Linha 4, zona rural de Cerejeiras. A vítima tinha apenas 17 anos.
O que alegaram os réus?
Diego alegou o tempo todo que o primo, Ismael, era um namorado extremamente ciumento e estava desconfiado da infidelidade de Jéssica. Por conta disso, o chamou para fazerem um teste de fidelidade com a garota.
Diego disse que foi ameaçado por Ismael para ajudar a esconder o corpo da garota. Porém, a defesa apresentou provas no julgamento, em 2017, que Ismael estava no trabalho no horário do crime, e o réu foi absolvido.
Após ser liberado, o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) entrou com recurso e a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça foi unânime em determinar que Ismael também fosse julgado pelo júri popular.