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Usina afirma que acidente em rio de Jaciara era “imprevisível” e deve retomar trabalhos em até 30 dias
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A Usina Porto Seguro, responsável pelo erro operacional que deixou o rio Rio Tenente Amaral, em Jaciara (a 143 quilômetros de Cuiabá), com água escura e com mau cheiro, no último dia 25 de julho, já concluiu as obras de reparação na lagoa de contenção, onde houve o vazamento de produto orgânico e atualmente trabalha na construção de outras, como medida preventiva. A empresa funcionou por cinco dias sob monitoramento da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), e a previsão para que ela volte atuar de forma definitiva é de até 30 dias. Ao menos 1,5 mil funcionários de quatro municípios da região sobrevivem do trabalho na Usina. A informação foi dada durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (22), em Cuiabá.
O incidente ocorrido há quase um mês foi causado por um erro operacional, em uma das lagoas de contenção de vinhaça (resíduo originário da cana-de-açúcar). O rompimento ocorreu quando a empresa fazia a limpeza da lagoa. O braço hidráulico da máquina retroescavadeira fez com que rompesse uma das paredes laterais da represa, ocasionando o escoamento de efluentes da vinhaça em direção ao rio. No mesmo dia, uma equipe de manutenção fez a recuperação total da lagoa de contenção dos resíduos de vinhaça.
“Diante disso a Secretaria fez alguns apontamentos para a indústria e como medida de cautela ela suspendeu as atividades para que fossem tomadas algumas medidas emergências de readequação de nossas lagoas. Nós fizemos um trabalho preventivo, que foi feito no mesmo dia. Essa lagoa foi reparada emergencialmente. Foi feito o cessamento deste vazamento para não termos riscos. Diante destes quadros, para atender a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, nós tivemos a preocupação de contratar uma equipe multidisciplinar. Essa equipe é composta por vários profissionais”, explicou o advogado Ayslan Moraes.
Após alguns dias, o bom volume de água do rio fez com que a diluição do material orgânico vazado fosse rápida, sem maiores danos. Além disso, a usina assevera que a vinhaça é um produto orgânico e não representa poluição industrial. Um monitoramento sobre a qualidade da água do Rio Tenente Amaral apontou que, os índices de mortandade de peixes, impacto socioeconômico e danos ao ecoturismo não foram alterados.
Agora, a empresa trabalha na construção de duas novas lagoas e inutilização parcial daquela em que houve o acidente. “Nós tínhamos opções mais econômicas, que era a reparação das lagoas, mas nós fizemos a opção mais segura, que é a opção de reconstruí-la. Foi feito um trabalho gigante, trabalho que demandou uma forte equipe durante mais de 20 dias, com aproximadamente 50 maquinários”, completou.
O professor e doutor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professor Pedro Kaiser, que coordena os serviços de engenharia na usina, afirmou que a construção das três lagoas está sendo feitas para maior segurança. “Nós estamos fazendo mais três tanques, totalizando dois hectares em uma profundidade menor. Pois esses quando foram construídos antigamente, não se atentaram que eles precisavam ser limpos e ficou muito difícil”, contou.
Ele também explicou sobre o funcionamento dos tanques e limpeza. “Como são entre cinco e seis metros de profundidade, ficou muito difícil de retirar esse material. Quando forem construídas mais três, elas vão ter apenas dois metros de profundidade. Dois metros úteis e meio metro livre. Sendo assim, a cada ano vamos começar a fazer a limpeza de um dos tanques, inclusive no próximo domingo (26), nós estaremos com o primeiro tanque pronto”, revelou.
Funcionamento monitorado e expectativa
Hoje completa cinco dias que a empresa está em um funcionamento teste, que é monitorado pela Sema. “A Secretaria nos autorizou um funcionamento até para que fosse finalizado o nosso processo de produção. Dentro deste processo, ela fez um monitoramento de todo nosso processo. É uma forma da Secretaria avaliar se o empreendimento atende as condições técnicas para operacionalizar sem risco de rompimento, de um novo incidente”, afirmou.
“Nós seremos validados hoje pela Secretaria. Essa é a nossa expectativa. O processo será validado. A Secretaria confirmará que está em pleno funcionamento, sem risco para o meio ambiente de novo vazamento ou de qualquer outro risco com relação ao nosso sistema de tratamento. Sendo validado, que é a nossa expectativa, nós receberemos outra autorização para funcionamento até celebração de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Estamos na expectativa para que a Secretaria emita hoje uma nova licença provisória, dentro destes critérios, porque são critérios de segurança adotados pela Secretaria, para funcionamento”, disse o advogado.
Preocupação com trabalhadores
Preocupada também com a saúde mental de seus 1,5 mil funcionários, não houve dispensa dos trabalhadores, uma vez que casos de encerramento de atividades de usinas foram responsáveis por gerar traumas e danos sociais, ainda não reparados em sua totalidade, nos quatro municípios integrantes do Vale São Lourenço. Apenas a contratação de mão de obra sazonal, para a colheita de cana-de-açúcar deste ano, está suspensa.
Foram contratados mais de 50 novos equipamentos para acelerar reparos e obras de forma urgente, e uma equipe multidisciplinar formada por um agrônomo, um engenheiro florestal, dois biólogos e um geólogo para prestar consultoria especializada.