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Sites de apostas superam pornografia: o que isso simboliza para a saúde mental dos brasileiros?
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Estudo revela que portais de bets registraram mais acessos do que plataformas de conteúdo adulto em outubro; especialista acende alerta para a possibilidade de uma “epidemia de vício comportamental”
São Paulo, fevereiro de 2025 – Um levantamento do Aposta Legal Brasil, que monitora as casas de apostas no país, afirmou que os sites de apostas registraram 970 milhões de acessos em outubro de 2024. Por mais que o dado já pareça preocupante a princípio, a comparação com um outro levantamento formou um tópico que direciona uma atenção ainda mais acentuada: o volume foi 28% superior à soma dos dois principais sites de conteúdo adulto. No acumulado do ano, as plataformas de bets alcançaram 6,7 bilhões de visitas.
O mercado de apostas online no Brasil tem apresentado um crescimento acelerado nos últimos anos. Em 2024, o país se consolidou como um dos maiores mercados de apostas online, impulsionado por um investimento massivo em publicidade e influenciadores, segundo dados da Datahub. “Assim como, há alguns anos, o consumo de pornografia era uma espécie de padrão no país, apostar também está tomando o mesmo caminho, sofrendo uma normalização sem precedentes”, explica Diego Silva, terapeuta, especialista em soluções digitais para a saúde mental e fundador da Inner Health.
Estima-se que, em agosto de 2024, as casas de apostas arrecadaram um total de R$ 21,1 bilhões, valor 11 vezes superior ao arrecadado pelas loterias da Caixa Econômica Federal no mesmo período. Silva explica que a atração por jogos de azar está intimamente ligada à liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e recompensa. “O cérebro humano é programado para buscar estímulos que tragam satisfação imediata, e as apostas ativam os mesmos circuitos cerebrais envolvidos em vícios como o consumo de drogas”.
O especialista ressalta que, com a facilidade de acesso às plataformas e a promessa de ganhos rápidos, os jogadores podem desenvolver dependência sem perceber, levando a uma possível “epidemia de vício comportamental”. “O crescimento exponencial de acessos indica que o jogo está deixando de ser apenas entretenimento para se tornar um problema social de grandes proporções”. O DataSenado revelou em outubro que 12% dos brasileiros declararam ter feito algum tipo de aposta esportiva nos últimos 30 dias, o que representa cerca de 22 milhões de pessoas.
A combinação de impulsividade, dificuldades financeiras e a onipresença das plataformas de apostas pode levar a uma escalada de casos de transtorno do “jogo patológico”. “A prática, que deveria ser apenas entretenimento, pode rapidamente se tornar uma armadilha psicológica, levando a problemas financeiros, ansiedade e depressão. Há a urgência de mais educação sobre o tema”, menciona Silva.
Além dos impactos na saúde mental, o crescimento das apostas online tem implicações econômicas significativas que ultrapassam os efeitos já conhecidos. Um levantamento do Banco Central aponta que os brasileiros gastam cerca de R$ 20 bilhões por mês em apostas online. Em paralelo, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o varejo nacional perdeu R$ 103 bilhões por causa das bets no ano passado.
Sobre a Inner Health
Inner Health é uma startup de saúde mental que visa democratizar o acesso a terapias e recursos emocionais. Fundada em 2023 por Diego Silva, engenheiro formado pela USP, consultor de empresas, empreendedor e terapeuta, a empresa desenvolveu a Bia, primeira terapia por WhatsApp com inteligência artificial do Brasil. A missão da Inner Health é fornecer suporte emocional acessível e conveniente para milhões de brasileiros que enfrentam desafios de saúde mental e emociona diariamente. Para mais informações, acesse: oibia.com.
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