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Psicóloga explica como a busca pela alta performance tem levado colaboradores a exaustão e alerta para uso das “smart drugs”


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Mariana Holanda, psicóloga com MBA em Gestão Empresarial

 

Pesquisa revela que os sintomas de esgotamento aumentaram nos últimos anos

A atual cultura organizacional enfatiza a alta performance, que se caracteriza pelo desempenho excepcional e consistente em relação a metas, objetivos ou padrões estabelecidos. Em termos práticos, significa superar expectativas, maximizar habilidades e manter um nível elevado de produtividade e eficiência ao longo do tempo. No entanto, esse conceito tem tomado rumos drásticos na rotina dos brasileiros, especialmente no que se refere à saúde física e mental.

“A alta performance realmente influencia nossas decisões e escolhas, tendo em vista que a alta produtividade pode levar a uma boa remuneração, reconhecimento da gestão e ganhos financeiros. O problema é que esse tipo de pensamento leva o colaborador a colocar o trabalho como a esfera mais importante de sua vida, sem respeitar seus limites profissionais e pessoais, o que pode levar à exaustão”, afirma Mariana Holanda, psicóloga com MBA em Gestão Empresarial.

Dados do The State of Workplace Burnout 2023 revelam que, em 2022, 38,1% dos sintomas do esgotamento profissional foram exaustão e redução de eficácia, apresentando um aumento comparado a anos anteriores. Além disso, os públicos mais afetados são mulheres (38%), pessoas de 18 a 24 anos (47%) e cargos iniciantes (45%), com um aumento nos cargos de gestão e liderança (37%). A pesquisa também aponta que os colaboradores se sentem menos apoiados pelas empresas.

A especialista compara como a saúde mental do indivíduo pode ser afetada quando ele precisa sempre apresentar alta performance no ambiente de trabalho e acadêmico. “O impacto para a saúde mental é altíssimo. Imagina uma máquina que consegue manter uma eficiência de 100% do tempo, entregando resultados e mesmo assim precisa parar para fazer uma manutenção. Nosso corpo também é assim. Se é preciso sempre entregar com perfeição, sem pausa para descanso, espaço para erro ou inovação, o indivíduo simplesmente entra em colapso”, afirma.

Mariana Holanda explica que a alta performance insustentável está relacionada também às culturas que influenciam a competição desenfreada e às eternas insatisfações coletivas e individuais.

Como identificar os sinais de alerta da alta performance? 

Profissionais com cargas de trabalho exuberantes começam a apresentar sintomas como cansaço persistente, baixa produtividade, dificuldade de concentração no trabalho, lapsos de memória, irritabilidade, ansiedade, alterações no humor, dores físicas e sentimentos de solidão.

Diante da cultura de entregas constantes e de resultados com pressões internas e externas, será que existe uma forma saudável de lidar com essas pressões? “Sim, quando o funcionário é cobrado de forma respeitosa pela gestão corporativa e recebe todo o aparato de recursos, ele consegue entregar e ainda superar seus resultados. Porém, quando a gestão cobra com tons de agressividade, falta de limites, trazendo constrangimentos e humilhações públicas, ele pode gerar danos a esse colaborador”, relata Mariana.

O uso das smarts drugs para potencializar a produtividade 

A especialista reforça que a busca excessiva pela alta performance tem levado indivíduos a recorrerem às smart drugs, as chamadas drogas que, em tese, deixam a pessoa mais focada e produtiva. “É perigoso o uso dessa alternativa sem prescrição médica, pois o consumo a longo prazo pode gerar diversos impactos, incluindo dependência, tolerância, danos cerebrais e efeitos adversos à saúde mental, além de insônia crônica e distúrbios do humor,” explica.

Embora muitos argumentem que essas drogas proporcionam benefícios como concentração, elas só são recomendadas para indivíduos com transtornos específicos, como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), bipolaridade, epilepsia e narcolepsia (um distúrbio crônico do sono). A especialista alerta, inclusive, para o conceito das smart drugs, que na verdade tem seu uso indicado específico em tratamentos e não tem finalidade alguma para potencializar a inteligência. “Não há remédios que ofereçam inteligência, produtividade ou algo do tipo. Todo remédio busca tratar algo e é indicado para uma finalidade médica. Quem faz uso de substâncias do tipo em busca de maior rendimento pode estar colocando a própria saúde e vida em risco, caminhando em direção a um colapso que virá em algum momento, causando danos permanentes”.

Sobre Mariana Holanda:

Mariana Holanda é graduada em Psicologia, com MBA em Gestão Empresarial, facilitadora internacional de Segurança Psicológica de Times, e há mais de 11 anos atua na área de Gente, Gestão e de Desenvolvimento de Pessoas. Hoje é conselheira, mentora, palestrante e professora.

Com mais de 10 anos de experiência como executiva de RH, foi a primeira Diretora de Saúde Mental do mercado, dentro de uma grande e reconhecida empresa multinacional, e participou ativamente dos processos de transformação cultural e gestão de conflitos, liderando times a partir de uma performance saudável e sustentável.

“Minha missão é apoiar líderes e equipes a atingirem seu potencial através do autoconhecimento e escolhas conscientes.”

PRESS MANAGER

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