Saúde
Sedentarismo: 55% dos brasileiros não sentem incentivo à prática de atividades físicas por parte das empresas
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O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de sedentarismo do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O cenário é preocupante, com dados que mostram que o país ainda ocupa o lugar de mais sedentário da América Latina e que pode se tornar um dos países com maior porcentagem de crianças e adolescentes com excesso de peso até 2030.
São muitos os fatores que levam uma nação a estar em posições como essas, que incluem o tamanho da população, renda das famílias e falta de incentivo às atividades físicas. No entanto, iniciar com a prática de exercícios pode não ser tão simples, e exige que cada indivíduo possa adequar sua realidade à uma nova rotina mais saudável. Entre os entraves que impedem que muitos pratiquem atividades físicas, está o cotidiano do trabalho. Por mais que diversas empresas venham adotando políticas de incentivo à prática de esportes, muitas vezes é insustentável para os colaboradores conciliarem atividades físicas com as horas trabalhadas, o tempo de deslocamento diário, a realidade financeira e as tarefas que também precisam ser feitas fora do expediente.
Para entender esse cenário, a Onlinecurriculo, plataforma de currículos online, realizou uma pesquisa com brasileiros de todas as idades e regiões do país, buscando compreender como eles têm conciliado o dia a dia do trabalho com a prática de exercícios físicos, além de analisar como a rotina dos empregos contribui ou prejudica com a movimentação diária do corpo.
Inicialmente, é importante perceber o quanto as atividades exercidas no trabalho influenciam na movimentação do corpo. No entanto, segundo o estudo, o que se percebe é que a grande maioria dos entrevistados, representando 50% dos respondentes, passa a maior parte do tempo de trabalho sentado. Entre os demais, 17% trabalha principalmente em pé; 17% reveza entre ficar em pé e sentado, e apenas 11% realizam atividades que movimentam bastante o corpo.
Amanda Augustine, especialista em carreiras da plataforma, analisa o cenário do mercado de trabalho atual a partir das funções exercidas. “Hoje, grande parte dos serviços requerem, basicamente, que pessoas façam o uso de computadores na maior parte do seu trabalho, o que colabora com o fato de passarmos mais tempo sentados ao longo do dia. Neste sentido, fica realmente difícil encontrar um equilíbrio saudável, e por isso é tão importante tentar conciliar o tempo livre com alguma atividade física. Para quem trabalha sentado, também é essencial lembrar de levantar e movimentar o corpo, o que pode diminuir um pouco os riscos à saúde. Além disso, é importante verificar com seu médico com que frequência você deve fazer essas movimentações, além de checar outras ações que podem colaborar com sua saúde neste contexto”.
Algo que potencialmente poderia minimizar a falta de atividades ao longo do período de trabalho seria a forma como se vai até ele. Porém, o que geralmente se vê nas cidades são grandes distâncias entre os bairros e vias, pensadas exclusivamente para os veículos, causando insegurança para os pedestres. Neste panorama, 47% dos entrevistados disseram que normalmente vão até o trabalho de carro; 22% utilizam ônibus e 3% trem ou metrô. Somente 8% responderam que se deslocam a pé para o trabalho e 4% utilizam a bicicleta como meio de transporte.
As empresas estão incentivando?
Cientes das barreiras enfrentadas por seus colaboradores quanto à questão do sedentarismo, algumas empresas já vêm empregando ações que incentivam a prática de atividades físicas. Contudo, a mudança na mentalidade das instituições é recente e ainda está em processo de evolução.
Acerca do assunto, 55% dos entrevistados disseram não sentir que exista incentivo a prática de esportes dentro das empresas onde atuam. Para os demais respondentes, os incentivos percebidos são, principalmente, por meio da oferta de benefícios corporativos, como Gympass e TotalPass, indicado por 12% dos perguntados; incentivo ao permitir horários de trabalho flexíveis ou intervalos para a prática de atividades físicas, citado por 10%; estímulo pela disponibilidade de academia ou de ambientes próprios para a prática de exercícios no próprio ambiente de trabalho, apontado por 6%, e o encorajamento por meio de eventos relacionados ao tema, também escolhido por 6% dos entrevistados. Ainda, 10% dos respondentes relata que percebe o incentivo na cultura da empresa, mas que essas não realizam ações na prática.
“Alguns temas são cada vez mais tratados dentro das empresas, e o incentivo à prática de atividades físicas certamente é uma pauta em evidência. No entanto, essas movimentações são graduais e algumas instituições podem não ter as condições necessárias para estimular seus colaboradores como gostariam, seja financeiramente ou mesmo em questão de estrutura. De qualquer forma, essa é uma cultura que tem que crescer ainda mais dentro do mundo corporativo, pois é uma demanda que, atualmente, entendemos ser essencial para todos os trabalhadores”, comenta Augustine.
Principais motivações
Para além do ambiente de trabalho, cada indivíduo ainda desenvolve uma relação única com a prática de esportes, o que pode, muitas vezes, estar relacionado com a forma como a pessoa foi introduzida ao assunto na infância e como foi estimulada ao longo da vida.
Considerando essa relação pessoal com as atividades físicas, 51% dos entrevistados afirmam realizar exercícios para melhorar sua saúde física; 32% buscam melhorar a saúde mental; 28% procuram melhorar o condicionamento físico para envelhecer de forma mais saudável; 26% praticam para relaxar ou se divertir; 23% se exercitam por questões estéticas, e 20% para melhorar a qualidade do sono. Quem não costuma realizar nenhuma atividade também tem seus motivos, com destaque para a falta de tempo, indicada por 11%; por questões financeiras, para 5%, ou por realmente não gostarem ou não terem interesse, citado por 5% dos perguntados.
“A relação que se cria com a prática de exercícios físicos é muito pessoal, e realmente muitas pessoas podem não se identificar com essas atividades. No entanto, realizar alguma movimentação corporal regularmente é imprescindível para a saúde, por isso é tão importante que a educação sobre o tema alcance cada vez mais pessoas. Conforme podemos ver pelos dados, melhorar a saúde física permanece como a maior motivação para que se busque alguma atividade, e pode ser um poderoso motor para aqueles dias de menos ânimo. A melhor estratégia é buscar um exercício ou atividade que combine seu interesse pessoal com o seu objetivo de melhorar sua saúde física”, sugere Augustine.
Mesmo com os diversos gostos pessoais, é importante que todos estejam cientes de suas escolhas e de como elas podem impactar suas vidas ao longo dos anos, e por isso a difusão das informações sobre o assunto é tão importante. Sobre a satisfação com o estilo de vida atual, 45% dos entrevistados disseram que gostariam de melhorar seu estilo de vida com a prática de atividades físicas e 33% praticam atividades físicas e estão satisfeitos com seu estilo de vida.
Em relação ao ambiente de trabalho, 6% afirmam que estão satisfeitos com a quantidade de movimento corporal que realizam durante as atividades no trabalho e 2% acreditam ser suficiente irem e voltarem ou a pé ou de bicicleta do trabalho. Dos que não praticam, 6% não estão satisfeitos, mas não se veem iniciando alguma atividade física no momento e 4% disseram que estão satisfeitos mesmo sem praticar nenhum exercício físico.
“É importante ver o crescimento do número de pessoas que vêm incorporando a prática de atividades físicas em suas rotinas. O assunto, que até algum tempo atrás não parecia estar tão presente na vida da população, agora já é uma grande pauta, e os jovens vêm começando a praticar exercícios em uma idade mais nova. A mudança da mentalidade é gradual e precisa alcançar os diversos círculos sociais, incluindo os pessoais e os de trabalho, mas a evolução do pensamento já está acontecendo”, conclui Augustine.
Metodologia
Entre os dias 06 e 13 de novembro de 2023, a Onlinecurriculo ouviu 500 pessoas de diversos segmentos produtivos, faixas etárias, classes sociais e regiões do país. Mulheres e homens foram entrevistados individualmente respondendo as perguntas através de questionário estruturado em formato online.
Assessoria