Saúde
O que é o câncer de ovário, sintomas, causas, diagnóstico e tratamento
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Os ovários são as principais glândulas reprodutivas femininas, responsáveis pela produção dos óvulos e pelo controle dos níveis hormonais. Podem ser acometidos pelo câncer de ovário e levar a um quadro clínico grave e potencialmente fatal, considerado a segunda neoplasia ginecológica mais comum no Brasil, atrás apenas do câncer do colo do útero.
Em nosso país, esse tipo de câncer acomete mais de 6 mil mulheres todos os anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Como pode ser difícil detectá-lo em suas fases iniciais, a prevenção e o tratamento têm papéis determinantes.
Sendo assim, é muito importante estar por dentro de tudo o que a medicina já descobriu sobre o câncer de ovário.
Confira a seguir todas as informações que você precisa saber sobre esse assunto tão delicado, desde os sintomas desse tipo de câncer até como é feito o diagnóstico e o tratamento.
Quais sintomas o câncer de ovário apresenta?
O câncer de ovário é uma doença que se desenvolve de maneira silenciosa e pode apresentar sintomas vagos e não específicos. Infelizmente, isso geralmente dificulta sua detecção precoce, o que, se tratando de câncer, pode ser determinante para um bom prognóstico.
Em sua fase inicial, o problema raramente gera sintomas, mas, à medida que o tumor cresce, pode apresentar alguns sinais de alerta. Alguns dos mais comuns incluem inchaço e dor abdominal.
Esses sinais podem ser decorrentes do crescimento dos tumores ou do acúmulo de líquido na cavidade abdominal. A dor pode ser constante ou intermitente, descrita, geralmente, como uma dor de intensidade leve a moderada.
Indigestão, perda de apetite sem razão aparente, náuseas, vômitos e problemas intestinais (como constipação ou diarréia) e/ou urinários (micção frequente e dor ao urinar, por exemplo) também são alguns sintomas que podem surgir com o avanço da doença.
A pressão dos tumores sobre o estômago e intestino é a principal responsável por esses sinais.
A sensação de fadiga constante é outro sinal comum de câncer de ovário, especialmente se estiver associada a outros sintomas, como inchaço abdominal ou perda de peso.
À medida que o tumor cresce, também pode causar pressão, dor ou inchaço no abdômen, pelve, costas ou pernas, e sangramento vaginal anormal.
Apesar desses sintomas serem inespecíficos e da possibilidade de serem causados por outras condições, devem ser levados em consideração se forem persistentes, sobretudo se a mulher já tiver passado pela fase da menopausa.
Apenas um médico pode fazer o diagnóstico adequado, a partir de avaliação e observação cuidadosas, que podem anteceder o diagnóstico de câncer de ovário em vários meses.
Continue a leitura para conferir mais detalhes importantes sobre o câncer de ovário.
O que causa o câncer de ovário?
Os ovários ficam localizados na região da pelve, e são as principais glândulas reprodutivas femininas. São eles os responsáveis pelo controle dos níveis hormonais femininos e pela produção de óvulos.
Quando uma célula anormal começa a crescer e se multiplicar nessas glândulas, pode se transformar em câncer de ovário.
Há três tipos básicos de células que estão presentes nos ovários: as epiteliais (que revestem sua superfície), as germinativas (que dão origem aos óvulos) e as estromais (que produzem os hormônios femininos – estrógeno e progesterona).
A grande maioria das neoplasias que atingem o ovário acontece nas células epiteliais, representando 95% desse tipo de câncer. Neoplasias derivadas de células germinativas e estromais, portanto, são muito mais raras.
Há alguns fatores que risco que estão relacionados ao desenvolvimento do câncer de ovário, como a idade (a doença acomete principalmente as mulheres acima dos 50 anos), o histórico familiar, mutações genéticas, obesidade e menopausa tardia.
Histórico familiar
O risco de desenvolver esse problema de saúde é maior nas mulheres que têm parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com câncer de ovário ou de mama. Esse é o fator de risco isolado mais importante, equivalente a cerca de 10% dos casos dessa neoplasia.
Quanto mais jovem a parente de primeiro grau (indiferente se for do lado materno ou paterno) tiver o câncer de ovário, maior o risco.
Casos de outros tipos de câncer na família (como câncer colorretal e câncer de mama) também estão associados a um risco maior de câncer de ovário.
Mutações genéticas
Como mencionado acima, algumas mutações genéticas também estão relacionadas. Cerca de 5% a 10% dos casos de câncer de ovário apresentam associação com alterações nos genes herdados dos pais.
Uma das mutações mais comuns em relação a esse tipo de neoplasia está relacionada aos genes BRCA1 e BRCA2, que fazem parte do grupo de genes que controlam a divisão das células.
Quando eles sofrem mutações, deixam de realizar suas funções adequadamente, o que aumenta o risco de transformação maligna.
Mulheres que possuem alguma mutação no gene BRCA1 apresentam 20% a 60% de chance de desenvolver câncer de ovário até os 70 anos de idade. Já em relação ao gene BRCA2, o risco é menor, de 10% a 35%. Além do câncer de ovário, mutações destes genes também podem aumentar as chances de desenvolver câncer de mama.
A síndrome de Lynch II também é decorrente de uma mutação (que acomete o gene responsável pelo sistema de reparo do DNA) e pode aumentar as chances do desenvolvimento de câncer de ovário.
Cerca de 10% das mulheres com essa condição tendem a desenvolver essa neoplasia no decorrer de sua vida.
Obesidade
Outro fator de risco em relação ao câncer de ovário que deve ser destacado é a obesidade. Mulheres com índice de massa corporal acima de 30 têm maiores chances de ter esse tipo de neoplasia.
Alguns estudos apontam que elas podem apresentar até 50% a mais de risco de desenvolver câncer de ovário do que as mulheres não obesas.
Segundo um artigo divulgado pelo INCA, isso acontece porque o excesso de gordura corporal provoca um estado de inflamação crônica e aumento nos níveis de determinados hormônios.
Isso pode levar ao crescimento de células cancerígenas e, consequentemente, aumentar as chances de desenvolvimento da doença.
Grau de atividade hormonal
Há também relação entre esse tumor e o grau de atividade hormonal feminina. Sendo assim, mulheres que não tiveram filhos e/ou nunca amamentaram, ou que tiveram menopausa tardia apresentam risco mais elevado de desenvolver esse câncer.
A reposição hormonal durante a menopausa também está associada ao aparecimento de tumores malignos, em função de uma maior exposição ao estrógeno.
Com tantos fatores de risco que podem favorecer o aparecimento do câncer de ovário, é importante sempre prestar atenção à saúde e aos sinais do corpo.
Em função desses conhecimentos, será que é possível prevenir o câncer de ovário? É o que você vai descobrir no próximo tópico.
Tem como se prevenir contra o câncer de ovário?
A melhor forma de prevenção contra esse e outros tipos de câncer é a informação. Ou seja, saber exatamente quais os sinais que a doença pode apresentar, seus principais fatores de risco e como preveni-los.
Alguns deles são inevitáveis, como envelhecer ou ter histórico familiar da doença. Mas há algumas formas de diminuir o risco, como, por exemplo, ao manter um peso saudável e evitar terapias de reposição hormonal após a menopausa.
O uso de pílulas anticoncepcionais também ajuda a diminuir o risco de câncer de ovário: mulheres que fizeram uso por 5 anos ou mais têm um risco diminuído em 50% em comparação com quem nunca usou contraceptivos orais.
Antes de começar a usar as pílulas, também é importante levar em conta seus efeitos colaterais, como o risco aumentado de desenvolver câncer de mama.
Quem deseja recorrer a esse tipo de medicamento por qualquer motivo que seja deve discutir os riscos e benefícios com seu médico.
Entre os fatores de proteção, também vale destacar a multiparidade. Ou seja, mulheres que tiveram mais de uma gestação têm menos chances de desenvolver câncer de ovário. A amamentação por 18 meses ou mais também é um fator de proteção importante.
Em relação a intervenções cirúrgicas para prevenção, a laqueadura tubária e a histerectomia (remoção cirúrgica do útero, que também pode incluir a retirada das trompas adjacentes e do ovário) também ajudam a reduzir a chance de desenvolver câncer de ovário.
No entanto, são procedimentos que só podem ser realizados por razões médicas.
Para aumentar suas chances contra o câncer de ovário, é importante estar atenta aos fatores de risco e à sua saúde em geral, e, é claro, consultar regularmente seu médico, principalmente a partir dos 50 anos de idade.
Confira a seguir como essa neoplasia é identificada.
Como é feito o diagnóstico da doença?
Não há um exame específico que seja capaz de realizar o rastreamento do câncer de ovário. Por esse motivo – e também pelo fato de seus sintomas serem facilmente confundidos com sinais de doenças menos graves – seu diagnóstico geralmente acontece quando a doença já se encontra em uma fase mais avançada.
O Papanicolaou é o principal exame ginecológico para prevenção de doenças, no entanto ele não detecta sozinho o câncer de ovário. Sua aplicação é específica para identificação do câncer do colo do útero.
Como é feito então o diagnóstico do câncer de ovário?
Esse procedimento geralmente começa com uma avaliação médica, incluindo a observação do histórico médico e um exame físico. Diante da suspeita clínica, deve prosseguir com exames laboratoriais e de imagem (principalmente a laparoscopia pélvica).
Os exames de imagem ajudam a detectar a presença de ascite (acúmulo de líquidos) e determinar a extensão da doença. Caso haja suspeita de câncer do ovário, uma avaliação cirúrgica é realizada.
Outras opções importantes a serem consideradas para obter o diagnóstico adequado é a medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125. Esse é um marcador padrão utilizado para acompanhamento durante ou após o tratamento da neoplasia epitelial de ovário.
Os níveis saudáveis são normalmente inferiores a 35 U/ml, enquanto que 80% das mulheres com câncer de ovário avançado apresentam altos níveis deste marcador.
A avaliação da função renal e hepática e exames hematológicos podem auxiliar no diagnóstico dos casos avançados.
A realização da laparoscopia exploratória seguida de biópsia do tumor ajuda a confirmar o diagnóstico e permite constatar se há comprometimento de outras regiões e órgãos.
O diagnóstico definitivo de câncer de ovário só pode ser feito por meio de uma biópsia, onde uma pequena amostra de tecido é retirada para análise microscópica.
Como a maioria das pessoas que têm câncer de ovário só apresenta sinais e sintomas em fases mais avançadas da doença, o diagnóstico precoce acontece apenas em uma pequena parte dos casos.
O conhecimento da mulher acerca do seu próprio corpo e atenção aos sinais persistentes são fundamentais para identificar fatores de risco e fazer o diagnóstico o quanto antes possível, para que o tratamento possa ter o melhor resultado. Saiba mais sobre isso a seguir.
Como é o tratamento para câncer de ovário?
Após diagnosticado o câncer de ovário, o próximo passo é determinar qual será a linha de tratamento, que pode contar com intervenção cirúrgica, quimioterapia ou terapias-alvo.
A abordagem pode ser variada, e a escolha vai depender, principalmente, do tipo do tumor, da extensão da doença, e da idade e das condições clínicas da paciente.
O prognóstico para o câncer de ovário depende do estágio da doença no momento do diagnóstico, bem como da resposta do organismo da paciente ao tratamento.
O tratamento mais comum envolve cirurgia para remover o tumor e, se possível, preservar os ovários e as tubas uterinas. A extensão da cirurgia dependerá do tamanho e da localização do tumor.
Após a cirurgia, geralmente recomenda-se a quimioterapia, com o intuito de destruir quaisquer células cancerosas que possam ter ficado no corpo.
A radioterapia não é tão comum no tratamento do câncer de ovário, mas pode ser utilizada como tratamento complementar após a cirurgia.
Já as terapias-alvo são um tipo de tratamento que se concentra em bloquear o crescimento e a propagação das células cancerosas.
Isso pode incluir medicamentos que inibem o crescimento de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor ou medicamentos que impedem o crescimento dessas células.
O tratamento mais adequado para cada paciente será determinado pelo médico, com base na avaliação individual de cada caso.
Cada caso é um caso, mas o apoio e a colaboração entre o paciente, a família e a equipe multidisciplinar de cuidados em saúde é fundamental para o sucesso do tratamento.
Esperamos que esse artigo tenha sido útil para sanar suas dúvidas e questionamentos sobre o câncer de ovário. Mesmo que nosso objetivo tenha sido cumprido, vale ressaltar que nada substitui a consulta e acompanhamento com seu médico.
Se você está experimentando sintomas persistentes ou preocupantes, não hesite em consultar o seu médico o mais rápido possível para obter um diagnóstico preciso e o tratamento adequado