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A ceia em memória de Cristo e o sacrifício que saciou a ira de Deus


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Quando a Igreja celebra a ceia em memória do sacrifício de Jesus está ecoando uma ordem expressa pelo próprio Filho de Deus: “Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim’. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês’” (Lucas 22:19,20).

Contudo, é importante enfatizar que o sacrifício de Jesus era necessário para satisfazer a ira de Deus. O evangelho de Marcos também menciona Jesus usando novamente a palavra “cálice”, com uma conotação que remete a passagens no Antigo Testamento em que a ira de Deus era descrita:

“Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse aos seus discípulos: ‘Sentem-se aqui enquanto vou orar’. Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar aflito e angustiado. E lhes disse: ‘A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem’. Indo um pouco mais adiante, prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela hora. E dizia: ‘Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres’” (Marcos 14:32-36).

O “cálice” foi usado pelo profeta Ezequiel como uma metáfora para referir a ira de Deus contra maldade humana (“Beberás do cálice fundo e largo […] do cálice de pavor e de assolação”). Da mesma forma, Isaías entrega uma mensagem ao povo em que Deus fala sobre “o cálice da minha ira” (51:22).

Já em Marcos, quando Jesus pede que Deus “afaste o cálice”, Ele transparece estar sentindo o peso da ira de Deus contra o pecado. Tamanho peso fez o Filho de Deus declarar que sua alma estava sufocada por uma “tristeza mortal”.

No livro A Cruz do Rei, Tim Keller observa que Jesus não nega suas emoções, mas deixa claro que ama sofrendo e obedece ao Pai por amor a Ele e a nós: “Quando percebermos isso, em vez de negar para sempre nossos desejos ou de mudar nossas circunstâncias, seremos capazes de confiar no Pai em nosso sofrimento. Seremos capazes de confiar que, por Jesus ter tomado o cálice, nossos desejos mais profundos e nossas atuais circunstâncias continuarão a convergir até o ponto em que se encontrarão para sempre, fundindo-se no dia do banquete eterno”.

Porque celebramos a ceia em memória ao sacrifício de Jesus na cruz? Jonathan Edwards, em seu sermão “A agonia de Cristo”, explica: “É esse amor – cuja obediência é de extensão, altura e profundidade suficientes para desintegrar uma montanha de justa ira – que você tem buscado por toda a sua vida. Nenhum outro tipo de amor – nem o amor da família, dos amigos, de uma mãe, de um cônjuge, nem mesmo o amor romântico –, nada poderá satisfazê-lo como o amor de Jesus. Todos os outros tipos de amor irão desapontá-lo; mas esse amor, jamais”.

A Igreja celebra a ceia para anunciar ao mundo que Jesus aplacou a justa ira de Deus contra o pecado ao se entregar na cruz: “Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha” (1 Coríntios 11:26).

 

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