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“Absurdo”, diz Marcos Mion após fala de Lula sobre deficientes intelectuais
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Em uma reunião com ministros e governadores sobre prevenção de violência nas escolas, na última quarta-feira (19), o petista disse que “pessoas com deficiência mental têm um problema de desequilíbrio de parafuso”.
O apresentador Marcos Mion usou seu perfil no Instagram para se posicionar a respeito de uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre os deficientes intelectuais.
Em uma reunião com ministros e governadores sobre prevenção de violência nas escolas, na última quarta-feira (19), o petista disse que “pessoas com deficiência mental têm um problema de desequilíbrio de parafuso”.
De acordo com Mion, essa fala é considerada capacitista. Ele também afirmou que o termo usado, “deficiente mental”, não é correto e que há muitos anos se fala “deficiente intelectual”.
“Temos de nos policiar, de aprender, de nos adequar. Isso não só é muito pejorativo, quanto incentiva outras pessoas que continuem usando esses termos, que precisam ficar no passado”, disse.
Pai de Romeo, jovem de 17 anos diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o artista reforçou ainda a questão da população do Brasil que não tem acesso à informação e que podem se basear no que o presidente de um país pode vir a declarar.
Marcos Mion e seu filho Romeo / Reprodução/Instagram Marcos Mion
“Sem contar a enorme quantidade de brasileiros que não tem acesso à informação, daí chega o presidente e fala isso. A gente aqui lutando pela aceitação, conscientização, normatização de todas essas condições, noite e dia. Essa pessoa sem informação pode olhar para seu filho com deficiência intelectual e perder as esperanças, porque se o presidente diz que ele tem um parafuso desequilibrado, para que ela vai continuar lutando?”, questionou.
Violência nas escolas
A fala do petista foi acerca do ataque ocorrido em Blumenau (SC) no início do mês, quando um homem invadiu uma escola particular e assassinou quatro crianças. O caso ocorreu apenas nove dias depois de um aluno de 13 anos matar uma professora a facadas e deixar outras pessoas feridas em uma instituição de ensino estadual em São Paulo.
“A OMS (Organização Mundial de Saúde) sempre afirmou que na humanidade deve ter cerca de 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, se pegar 15% disso, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problemas de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, declarou Lula, na reunião.
O presidente continuou dizendo que, por isso, é preciso pensar e analisar a saúde mental das crianças dentro das escolas. Que elas precisam ser acompanhadas para terem seu comportamento analisados, mas que “temos que esperar ter um crime para acontecer isso”.
Para Mion, esta fala, irresponsavelmente, liga deficientes intelectuais diretamente a casos de violência nas escolas que estão acontecendo pelo país.
“Isso é um absurdo, não existe comprovação nenhuma sobre isso. Como pai de um autista, eu me sinto atingido. E falo como parte da comunidade autista, que lutamos contra todos os preconceitos, contra o capacitismo, 24 horas por dia. É um trabalho incansável de gerar informação e conteúdo para, quem sabe, um dia, elevar a conscientização a um nível tão alto que vai existir apenas empatia e respeito”, afirmou.
“Via de mão dupla”
O apresentador finalizou o vídeo dizendo que, para que esta conscientização e respeito coletivo aconteçam, é preciso haver uma via de mão dupla, incluindo o atual presidente do Brasil. Que as pessoas se comprometam a ouvir e mudar suas atitudes.
“Não adianta nada eu e milhares de perfis seguirmos postando conteúdo se quem está do outro lado escuta e joga fora tudo que ouviu. É preciso que cada um se comprometa também a mudar, ouvir, aprender e nos ajudar a passar isso adiante. E incluo o presidente Lula nisso. Antes de se propor a falar por todos, o candidato a presidente deve conhecer e respeitar a todos. O mesmo vale para todas as autoridades que nos representam”, continuou.
“Quero ainda deixar claro que essa luta pela conscientização do autismo, pelo fim do preconceito, pelos direitos, não tem partido. A gente luta por respeito contra qualquer um, sem partidos envolvidos. É só o amor e o desejo por um mundo melhor, mais inclusivo e mais acessível. Isso é o futuro”, finalizou.
CNN