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Agronegócios

Soja: Brasil continua negociando volume semanal bem abaixo do normal para o período


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A semana mais curta para o mercado da soja vai terminando no Brasil, mais uma vez, com poucos novos negócios realizados. A colheita da safra 2022/23 entra na fase final e a logística ainda traz algumas preocupações, o que mantém os produtores mais reticentes e os compradores mais calmos também diante de uma oferta considerável se disponibilizando no mercado.

“O mercado da soja está vendo a colheita avançar, já entre os 85% e 90% de área colhida e muito grão chegando. Há muitas filas de caminhões no Paraná, onde a colheita está bem próxima de 90%. COm isso, armazéns lotados, portos lotados, mercado pressionado”, relata o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

Assim, às vésperas de um feriado não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos – com a celebração da Sexta-Feira Santa – não só os negócios ficaram mais tímidos, como os indicativos seguiram indicando novas perdas, tanto nos portos, quanto no interior do país. Os sojicultores vêm, dessa forma, garantindo que negócios já firmados anteriormente sejam cumpridos antes de avançarem com novos, mesmo diante de algumas oportunidades que recentemente se apresentaram ao mercado brasileiro.

“Os produtores que estão com contratos para quitar neste mês e tem dividas para pagar também em abril estão vindo aos negócios e alguns fechamentos têm sido comentados”, complementa Brandalizze. E ele explica que o volume de soja comercializado semanalmente no Brasil continua aquém do necessário para esta época do ano e da temporada comercial. “Os níveis de negócios neste momento apontam para perto de um milhão de toneladas nesta semana, muito abaixo do que seria o normal para o período”, diz. “Com calmaria nas cotações e compradores forçando novas baixas, elas podem se concretizar devido ao grande volume de soja – ainda existente para ser negociada”.

O Brasil, também como explica o consultor, ainda tem alguns volumes de soja 2021/22 para liquidar, o que poderia intensificar a pressão sobre as cotações no mercado nacional. “A pressão de venda pode aumentar porque os produtores têm dívidas neste final de abril, em  maio e terão que buscar caixa na soja. Há ainda os produtores que apontam também que irão vender milho e segurar a soja como ativo financeiro, esperando que algum problema que possa vir a aparecer na safra dos EUA, o que poderia puxar as cotações e então permitir vendas em valores maiores”, diz.

MERCADO INTERNACIONAL

Na Bolsa de Chicago, a semana, além de curta, foi bastante volátil. Começou com a disparada do petróleo, puxando a soja e os derivados – e trazendo os primeiros contratos de volta aos US$ 15,00 por bushel – passou pela divulgação do novo dólar soja, pela instalação do mercado climático norte-americano e vai terminando com os detalhes da nova fase do ‘dólar soja’ na Argentina, agora chamado ‘dólar agro’, uma vez que vai contemplar outros produtos também.

Nesta sexta-feira (6), os futuros da oleaginosa concluíram os negócios na CBOT com perdas de 9 a 18,50 pontos nos contratos mais negociados, levando o maio a US$ 14,92 e o agosto a US$ 14,12 por bushel, com as baixas mais fortes sendo observadas nos vencimentos mais próximos. Nesta sexta, especificamente, o mercado ainda passou por um movimento de realização de lucros e correções técnicas diante deste final de semana prolongado e antes do início de uma nova semana de boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Para o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro, há uma dificuldade para que haja uma recuperação muito consistente dos preços daqui em diante. “Esse começo de safra americana com sinalizaçao de baixo risco climático – ao menos nesta janela inicial – com uma demanda ainda muito aquém do que poderia estar e também muita soja brasileira ainda para ser comercializada limita o potencial”, explica.

Os cenários de médio e longo prazo, porém, são ligeiramente diferentes e irão depender dos caminhos que a safra 2023/24 dos Estados Unidos irão trilhar e as interferências que trarão para os negócios na Bolsa de Chicago. O reportes semanais de acompanhamento de safras do USDA e os mapas climáticos para o Corn Belt serão frequentemente acompanhados e refletidos pelos futuros na CBOT.

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