Comportamento
Menino deixa cabelo crescer por 2 anos para doar para pessoas em tratamento de câncer em MT
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Ele seguiu o exemplo do pai e passou por preconceito na escola. Cabelos foram doados para Associação dos Pacientes Oncológicos de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá.
Joaquim Franco, de nove anos, deixou o cabelo crescer por cerca de dois anos e meio com o objetivo de seguir os passos do pai e, principalmente, fazer uma boa ação para doar os cabelos para confecção de perucas a serem doadas para quem está em tratamento contra o câncer. Neste sábado (4), é celebrado Dia Mundial de Combate ao Câncer.
“Mais de dois anos que fiquei deixando o cabelo crescer. Cortei as pontinhas só duas vezes. Porque eu não queria cortar de jeito nenhum para deixar o cabelo crescer bastante para poder doar”, contou.
Os cabelos do Joaquim foram entregues à Associação dos Pacientes Oncológicos de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá. Mesmo lugar onde o pai e a mãe dele também doaram os cabelos há alguns anos.
Essa boa ação, contudo, veio acompanhada de um preconceito. A pergunta sobre se era menino ou menina pairava como uma sombra sobre ele. Porém, isso não o incomodava, muito pelo contrário, isso foi um aprendizado, uma forma de respeitar o outro, assim como todos os tipos de cabelo.
“Isso aconteceu também com meu amigo Davi, que deixou o cabelo crescer para depois cortar e doar. Só porque a gente tinha cabelo grande, pessoas achavam que a gente era menina. Na minha escola, há várias meninas de cabelo curto, e meninos de cabelo cumprido. Eu acho bonito”, refletiu Joaquim.
O aprendizado veio também sobre os cuidados com o cabelo, higiene pessoal e desafios. “Eu gostei, mas dá trabalho. É um pouquinho cansativo já que de vez em quando caia no rosto”. Desembaraçar também era um desafio para a mãe de Joaquim, a jornalista Julianne Caju, e para os demais que quisessem ajudar.
Por ser menino, gostar de jogar futebol, estar sempre suado, era normal o cabelo ficar oleoso, cheio de nós. Para facilitar o manejo, o garoto passou a usar arco e a prender um “coque samurai”, além de faixas. Nesse processo, ele também usou tranças afro, especialmente em festas, e poderia até parecer mais estiloso.
“Quando comecei a deixar o cabelo crescer, vi outros homens fazendoo o mesmo. Isso é bom. Homem também pode ter cabelo cumprido. Como mulher pode ter cabelo curto, igual minha mãe que já teve o cabelo bem mais curtinho”, contou.
Adeus aos cabelos
Em dezembro do ano passado, Joaquim chegou à conclusão de que já era tempo de se despedir das madeixas longas. Ele conversou com os pais e pediu para que o levassem ao salão. O cabeleireiro escolhido foi o primo dele, Douglas Gimenes, que já teve outras experiências com garotos que deixaram o cabelo crescer para fazer doação. Inclusive, foi no mesmo salão que o amigo de Joaquim, o Davi Leite, também se despediu do cabelão, em agosto do ano passado.
Joaquim diz que gostou da experiência, não apenas de deixar os cabelos crescerem, mas de ajudar pessoas que precisam.
“Eu me senti bem. Foi bom! Porque eu senti que eu pude ajudar alguém que está em tratamento contra o câncer. Cabelo pode ser doado e dar alegria para as pessoas. O cabelo é nossa autoestima. Acho que meu ato pode servir de exemplo para outras crianças”, completou ele.
G1