Saúde
Covid: Estudo mostra que casos fatais tinham inflamação descontrolada
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Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) desvendou como alguns pacientes infectados pelo coronavírus desenvolvem inflamação sistêmica mesmo após se recuperarem da Covid-19. A condição pode ser responsável por desencadear complicações pulmonares ou trombose, problemas que precisam de atenção médica e podem levar ao óbito do indivíduo.
A pesquisa foi publicada em junho deste ano na plataforma medRxiv, ou seja, ainda não foi revisada pela comunidade científica. De acordo com os cientistas, o quadro inflamatório tem relação com os inflamassomas, proteínas formadas nas células em resposta a situações de estresse celular ou a infecções.
Nos casos graves analisados, os inflamassomas foram encontrados em quantidade excessiva e estavam presentes mesmo após a eliminação do vírus do organismo dos pacientes. Isso significa que a resposta imunológica responsável pela inflamação não foi desativada depois que a infecção foi controlada.
O estudo contou com material coletado por meio da autópsia pulmonar de 47 pessoas que morreram de Covid-19 em 2020. Os pesquisadores compararam a resposta do organismo dos pacientes à primeira versão do coronavírus com a reação ao influenza, patógeno causador da gripe.
“O inflamassoma estava muito mais ativado em pacientes que faleceram por Covid-19 do que nos pacientes que morreram pela infecção com o influenza. Isso contribui para entendermos por que a mortalidade foi muito maior pelo SarS-Cov-2”, afirma a doutoranda Keyla de Sá, primeira autora do estudo, em entrevista à Agência Fapesp.
Os achados do grupo mostraram que, enquanto parte dos pacientes hospitalizados por Covid-19 apresenta alta carga viral e baixa ativação do inflamassoma, outra parte continua com a proteína ativada e com inflamação grave, um quadro que pode levar à morte. A descoberta pode auxiliar no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e específicos para esses indivíduos.
Além da Covid-19 e da gripe, os inflamassomas também atuam em doenças autoimunes, neurodegenerativas, alguns tipos de câncer e outras doenças infecciosas, como zika e chikungunya.
Metrópoles