Polícia
Caso Tainá: DNA confirma que ossadas encontradas em serra de RO são da jovem e do filho que esperava
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A Polícia Civil de Ariquemes (RO), no Vale do Jamari, divulgou nesta quinta-feira (2) que os exames do DNA realizados nas ossadas humanas encontradas no dia 7 de julho, na Serra do Sapateiro, a 14 quilômetros de Monte Negro (RO), são da jovem Tainá Carina de Lima Mendonça e do bebê que ela esperava.
Tainá estava grávida de oito meses e desapareceu no final de outubro de 2017, quando saiu de casa para cobrar a pensão do ex-marido e exigir que ele assumisse a paternidade do filho que esperava.
Os restos mortais foram encontrados após a Polícia Civil receber uma denúncia anônima. As ossadas estavam a cerca de 300 metros de distância da BR-421. Roupas femininas também foram encontradas no local e a família da jovem reconheceu as vestes como dela.
O delegado regional, Rodrigo Duarte, disse durante uma entrevista coletiva que os laudos com os resultados do exame de DNA foram recebidos na última quarta-feira (1°).
“Os restos mortais encontrados na Serra do Sapateiro pertencem, de fato, a vítima Taina Carina de Lima Mendonça e a ossada, que nós até então, tínhamos a convicção de que se tratava de um mamífero bípede, era de fato o filho dela”, esclareceu Duarte.
O delegado se reuniu com a mãe e o tio da jovem para informá-los e disse que agora estão sendo produzidas as documentações para viabilizar o enterro, com a declaração de óbito. Os restos mortais foram entregues aos cuidados da família pera realizaram o velório e sepultamento.
Conforme Rodrigo Duarte, a delegacia de homicídios realiza uma série de diligências e continuam as investigações para identificar o autor do crime e a paternidade do bebê. Uma reconstituição chegou a ser feita na Serra do Sapateiro com o intuito de auxiliar a polícia em entender a forma como teria acontecido o crime.
“Não podemos se pronunciar ainda sobre coleta de material biológico nos restos mortais que possam ou não levar a autoria, para não prejudicar os trabalhos, até por que tem uma série de outras diligências em curso e qualquer uma delas pode levar a identificação do autor do fato”, detalha o delegado.
Para a Polícia Civil, o crime aconteceu de forma premeditada e que o assassino teria ido à serra anteriormente para deixar o objeto usado na morte de Taina Carina, que sofreu uma emboscada para ir até o local e foi assassinada de forma cruel e violenta.
“Não existia nenhuma lesão nessa ossada, exceto uma lesão em ‘V’ na parte anterior e inferior da mandíbula. Essa vítima levou um golpe tão forte que a mandíbula foi fraturada e teve a perda de alguns dentes”, disse o delegado.
Família
A mãe da jovem, Maria das Graças Mendonça, disse estar muito desolada com a confirmação, pois ela tinha o desejo de encontrar a filha e o neto com vida.
“Infelizmente, não era isso que eu esperava, agora temos que se conformar, não tem outro jeito. Agora é pedir pra Deus para ele nos mostra quem foi, é só a Justiça que eu quero. Ela não volta mais, mas, pelo menos, essa pessoa não pode ficar solta por aí para matar outra pessoa, por que ela não merecia isso que fizeram com ela”, disse a mãe.
Maria lamentou não ter a possibilidade de conhecer o neto e revelou que possui muitas saudades da filha, por que as duas passavam muito tempo juntas.
“Felizmente Deus mostrou onde ela e meu neto estavam, tanto sonhava com meu neto, nem cheguei a conhecê-lo e infelizmente ele foi embora. Tenho muitas saudades dela, ela era a minha companheira. Eu até tinha receio do dia em que ela se casasse de ficar ruim por ficar sozinha, mas ela foi embora de uma maneira tão trágica”
Segundo Maria das Graças, a família realizará o velório de Tainá e do bebê em uma igreja evangélica em Monte Negro, a partir das 16h, desta quinta-feira.
O caso
Tainá Carina desapareceu no dia 27 de outubro de 2017, depois de dizer aos familiares que iria até a residência do ex-marido, para exigir que ele pagasse a pensão da filha de cinco anos que eles tiveram e para que ele assumisse a paternidade do filho que esperava.
O ex-marido de Tainá chegou a ser preso no dia 28 de outubro, como principal suspeito no desaparecimento da jovem, mas ele comprovou que estaria em uma autoescola do município e foi solto.
No dia 7 de novembro de 2017, familiares e amigos de Tainá fizeram um protesto na BR-421 e a rodovia que liga Ariquemes a Monte Negro ficou bloqueada por algumas horas.
No dia 8 de novembro de 2017, a PM encontrou uma casa localizada na zona rural de Monte Negro que poderia ter servido de cativeiro para a jovem. A mãe da jovem chegou a reconhecer algumas roupas íntimas e um batom da filha no suposto cativeiro, mas a polícia confirmou que os itens não eram de Tainá.
Em janeiro deste ano, o cunhado de Taina Carina foi preso por usar o número de celular da jovem. Para a polícia, ele não era suspeito do desaparecimento de Tainá, mas a prisão aconteceu para esclarecimentos sobre o uso do número da grávida em um aplicativo de mensagens.
Cinco dias depois ele foi solto, após a mãe e a irmã de Tainá confessarem que colocaram o chip no celular do cunhado da grávida sem o conhecimento dele.
Um machado foi encontrado em fevereiro deste ano terreno baldio de Monte Negro, com a suspeita de que poderia ter sido usado para assassinar a jovem. Mas a relação do objeto com o caso foi descartado pela Polícia.
No último dia 24 de junho, após receber uma informação, a Polícia Civil encontrou uma ossada humana em uma área de mata a cerca de 16 quilômetros de Buritis (RO). Roupas femininas foram encontradas no local onde a ossada estava. Os familiares da jovem não reconheram as roupas, mas o material segue sendo investigado.