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Colheita de café segue firme em Minas Gerais


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Com previsão inicial de colher um volume 26% maior, somando 30,36 milhões de sacas de 60 quilos do café arábica, a colheita no Estado já alcança em torno de 65% a 70% do previsto. Apesar da qualidade melhor neste ano, os preços pagos pelo café estão abaixo do esperado pelo setor.

De acordo com o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente das Comissões de Cafeicultura da Faemg e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, a falta de chuvas, a princípio, tem contribuído para a evolução da colheita e da preservação da qualidade do café. Porém, o setor está receoso em relação à próxima safra, uma vez que o déficit hídrico pode impactar de forma negativa no próximo ano.

“Esse ano, até o momento, estamos sem chuvas e isso tem implicado em uma qualidade melhor da safra. O índice de colheita nos cafezais já está em torno de 65% a 70%”, informou Mesquita. No entanto, em relação ao volume a ser colhido no Estado, ele considera que “ainda é cedo para estimar, prefiro aguardar a conclusão porque tem regiões com uma safra muito boa e algumas foram afetadas pelo clima. Se por um lado as chuvas são positivas para a colheita, por outro, nos deixa bastante receosos em relação às condições do cafezal para a próxima safra”, explicou.

Outra preocupação dos cafeicultores se refere aos preços pagos pelo café, considerado abaixo do necessário para garantir a remuneração dos produtores, principalmente nas áreas montanhosas, onde o custo de produção é maior em função do emprego de mão de obra. “Hoje a cotação da saca de café está situada entre R$ 400 e R$ 420, valor que realmente não remunera as principais regiões de Minas Gerais e do Brasil”.

Especiais

Com preços pouco remuneradores, a saída para os cafeicultores tem sido os investimentos nos cafés especiais, que tem demanda alta no mercado, principalmente internacional, e preços valorizados, o que é essencial para gerar lucro.

“Este ano, o clima tem ajudado e a qualidade tem sobressaído, é um fator muito positivo. Minas Gerais e o Brasil têm que entrar na agenda internacional de produtores de cafés de excelente qualidade, não só de commodity, que é importante também, mas, principalmente, de cafés diferenciados, de várias regiões de Minas e do Brasil e que tem os seus encantos baseados nas características de cada região”, indica Mesquita.

Ainda segundo ele, há sinais positivos. “Hoje posso garantir que em um grão de café, em uma muda de café, tem muita tecnologia aplicada, não é uma commodity simplesmente. A transferência tecnológica dos nossos pesquisadores, dos nossos laboratórios de tecnologia para o campo, é fantástica.

Clima favorece aumento de qualidade do café

Nas regiões produtoras de Minas Gerais, a qualidade do café da safra 2018 tem agradado os produtores. Na Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), no Sul de Minas, a colheita tem avançado e a qualidade do café está alta.

De acordo com o diretor técnico industrial da Cocatrel, Francisco de Paula Vitor Miranda, o recebimento total esperado pela cooperativa, na safra atual, é de 1,7 milhão de sacas de 60 quilos, volume maior que os 1,1 milhão registrados em 2017.

“Com o avanço da colheita, estamos observando uma qualidade fantástica do café, em termos de bebida e aspecto. O que está aquém do esperado é o rendimento das peneiras, que está menor. Imaginamos que é consequência do clima. As chuvas foram relativamente boas, mas irregulares, e isso afetou o desenvolvimento em algumas regiões”, disse Miranda.

Para superar o gargalo dos preços baixos pagos pelo café, principalmente pelo fato de a região ser montanhosa e depender da mão de obra, a cooperativa tem investido e estimulado a produção do café especial. O objetivo é atender aos mercados mais exigentes, que pagam valores diferenciados pelos grãos especiais, o que é considerado fundamental para gerar rentabilidade.

“O café especial é muito interessante para o produtor. A Cocatrel abriu um departamento somente para estes grãos e estamos incentivando a produção e ficamos em busca dos melhores cafés. Nossos produtores participam de diversos concursos e temos o próprio, da cooperativa. Esse trabalho tem como objetivo proporcionar uma melhor remuneração para o cafeicultor. O mercado do café especial tem uma demanda elevada e paga valores diferenciados”, explicou Miranda.

As expectativas em relação à safra também são positivas na região de abrangência da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé), nas Matas de Minas. De acordo com o diretor de produção e comercialização da Coocafé, Pedro Araújo, a colheita da safra já atingiu cerca de 50% da área e a expectativa é que os cooperados colham cerca de 2 milhões de sacas na atual temporada.

“Nossa safra está com boa qualidade e atendendo nossas expectativas. Porém, os preços não remuneram o produtor. Hoje, estamos negociando o café a R$ 385, enquanto o custo é de R$ 400 por saca”, disse Araújo.

Feira

Com a colheita em ritmo acelerado, a cooperativa vai realizar entre hoje e o dia 4 de agosto a 7ª Feira de Negócios da Coocafé. O evento conta com a participação de 55 expositores voltados para a cafeicultura. A feira é considerada fundamental para que os produtores possam adquirir insumos, máquinas e equipamentos com preços diferenciados. O faturamento esperado é de R$ 100 milhões.

“Todo ano, a cooperativa realiza a feira com o objetivo de oferecer ao cafeicultor melhores condições para que ele invista na produção e continue na atividade. Além de preços especiais, é possível trocar o café por produtos, alternativa que também é interessante para os cafeicultores”.

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