Economia
Somente para quem quer ser bem informado
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Por Silvio Persivo
No Brasil há mais ruído que informações. A verdade é que se pega qualquer afirmação para se ser contra ou a favor e, com a inflação alta, os combustíveis em alta, fica fácil apontar problemas, porém, uma análise isenta mostra que o governo federal saiu bem da crise, e não se está melhor porque a política cria um clima de incerteza muito grande. Por exemplo, o Uol, a grande mídia sedenta de dinheiro público, mostra a foto de uma promoção de óleo de soja com o título “Com óleo de soja a R$ 25, cliente usa banha de porco; por que subiu tanto?”. É uma matéria que prima pela desinformação. De fato o preço na promoção é de R$ 11,99 com cada cliente podendo levar até 5 unidades e, no próprio texto, se informa que, em março, o produto subiu quase 9%, bem como que um garrafa (nos lugares mais caros pode ser encontrado por R$ 24,62). No próprio texto também se explica a razão do aumento: a safra quase 20% menor do soja no mundo e o aumento dos combustíveis. Se houvesse mesmo intenção de informar seria possível pegar o ranking da Global Product Price, entre 90 países, o Brasil, em 38º lugar, com a média de preços de US$ 2,88 está com o preço mais baixo do que os do EUA (US$ 3,14), em 38º, ou de que a Alemanha (US$ 3,21), do que a Europa em geral. E lá tende a subir mais e faltam produtos nas prateleiras dos supermercados por conta de Rússia e Ucrânia são os grandes fornecedores de commodities, além de impactarem fortemente (em especial por causa da Rússia) no fornecimento de combustíveis. Mas, a imprensa brasileira não cuida mais de notícias, cuida de seus interesses contrariados porque o governo atual cortou os gastos excessivos com uma publicidade que era indevida.
OS ACONTECIMENTOS DE ABRIL
Porém importante é acentuar que o mês de abril teve uma performance fraca dos mercados globais, com o pior desempenho mensal desde março de 2020. Marcado pelas incertezas deixaram os investidores em compasso de espera: é difícil não ver a inflação, em todo o mundo, em níveis recorde e juros subindo, o conflito na Ucrânia criando volatilidade nos preços das commodities, a política anti-Covid na China criando problemas para a cadeia de suprimentos global, com riscos de uma recessão econômica e estímulo a adoção de políticas protecionistas, inclusive no sistema financeiro. Esta incerteza, este clima preocupante, influindo nos investimentos e nas commodities, não tem como não impactar nos fluxos para o Brasil. Fruto não da economia brasileira, mas das incertezas do crescimento econômico global, em particular com os lockdowns na China, os reflexos no fornecimento de produtos, inclusive já sentido na Zona Franca de Manaus, onde faltam insumos chineses. É esta situação, os preços das commodities e a constatação de que abril foi o primeiro mês de fluxo de capital estrangeiro negativo na Bolsa que fizeram o dólar aumentar, depois de um período de tendência de baixa. Não é, claro, que tudo esteja bem no Brasil. A bem da verdade o governo Bolsonaro melhorou o ambiente de negócios com medidas de facilitação e com a tentativa (algumas vezes não bem sucedida) de diminuir a carga tributária. A seu favor, devemos dizer, que atira para o lado certo. Mas, embora sendo uma questão global, a inflação preocupa e até mesmo até onde vai o crescimento da taxa de juros no país, apesar do que as últimas revisões para o PIB de 2022 terem sido positivas. É inconteste que o setor de serviços voltou a crescer, seja, ou não verdade, o que alguns alegam, que foi somente por uma demanda reprimida (discordo na medida em que o turismo, bares, restaurantes e outros, que estavam fechados, vão continuar contribuindo para se ter uma renda maior),bem como o mercado de trabalho, o crédito e as políticas governamentais (liberação do Auxílio Brasil, pagamento de parcela do 13º para aposentados e pensionistas, saque do FGTS aumentam a confiança dos empresários e consumidores, fazendo a demanda aumentar neste quadrimestre. Os últimos dados indicam uma desaceleração da inflação e se aguarda que se encerre o ciclo de aumentos das taxas de juros. E, como se aproxima rapidamente, as eleições são o fator de incerteza que está diante de nós. Será, com os recursos públicos que estão disponíveis, um fator positivo ou negativo? Em geral, embora a eleição de Bolsonaro tenha sido uma exceção, as campanhas custam caro e, com mandatos de governadores, senadores e deputados federais e estaduais em jogo podem influir bastante no consumo. De qualquer forma, as perspectivas mais conservadoras são de que vamos permanecer neste ritmo neste ano e, se as coisas assentarem, poderemos ter, em 2023, um ano de maior crescimento, embora, os empresários do comércio, que sempre são otimistas, estejam investindo mais e acreditando que no segundo semestre a economia terá um resultado melhor.
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