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Direto de Brasília

Paz entre Israel e Palestina ainda está distante, avaliam especialistas


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A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) promoveu nesta segunda-feira (21) uma audiência pública para debater os conflitos entre Israel e Palestina. Os debatedores apontaram que a questão é complexa e a paz na região não deve vir a curto prazo.

Na visão do professor Fernando Luz Brancoli, da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), o embate entre Israel e Palestina não envolve apenas essas nações, mas vai além da questão regional e atinge visões de mundo antagônicas. Brancoli destacou que o Brasil tem interesse na paz na região, pois além da questão humanitária e das boas relações com os dois estados, um ambiente internacional mais estável pode trazer condições mais propícias para negócios.

De acordo com o professor, não há soluções fáceis para a questão, mas os acordos internacionais sobre a definição de fronteiras podem auxiliar. Brancoli ainda disse que o terrorismo não pode ser definido de forma dogmática e apontou que a postura de países como Síria, Irã e Egito pode influenciar na tentativa de acordo entre Palestina e Israel.

— Não dá para entender a questão Palestina e Israel sem compreender os papéis dos países da região — afirmou o professor, acrescentando que os Estados Unidos também podem influenciar na tentativa de acordo.

Para o professor Paulo Gilberto Fagundes Visentini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é preciso ter uma posição de serenidade e uma perspectiva histórica para entender o conflito entre palestinos e israelenses. Ele disse que a questão do Oriente não pode ser reduzida a uma “batalha entre o bem e o mal” e lembrou que a região é uma espécie de conexão entre três continentes, com várias jazidas energéticas.

Segundo o professor Visentini, potências regionais como Catar e Turquia vêm tentando ocupar espaços políticos e influenciar a região. O professor se disse pessimista com uma solução rápida para os conflitos entre Israel e Palestina. Ele apontou, porém, que o Brasil não pode ficar alheio à questão oriental e pode contribuir para o “bem do mundo”. Visentini ainda acrescentou que o termo terrorismo não pode ser aplicado de forma banalizada e criticou uma certa tendência dos países de “construírem um adversário”.

— Não podemos colocar a nossa visão de mundo na ação do outro. Precisamos, na verdade, conhecer o outro — declarou o professor, que ainda lamentou a ausência de grandes líderes na região do Oriente Médio.

Prudência

A audiência ocorreu dentro do ciclo de debates “O Brasil e a Ordem Internacional: Estender Pontes ou Erguer Barreiras?” e foi dirigida pelo senador Fernando Collor (PTC-AL), presidente da comissão.

Collor leu uma carta enviada à comissão pelo embaixador do Estado da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, em nome do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil. O texto reforça “o forte compromisso dos países árabes” em promover a paz e o diálogo no Oriente Médio e lamenta os ataques que palestinos sofreram recentemente na Faixa de Gaza.

Segundo a carta, tal atitude é condenável, desconsidera os tratados internacionais e agride as crenças das religiões monoteístas — judaísmo, cristianismo e islamismo. O conselho ainda pede ao Brasil para continuar apoiando os esforços de tentativa de paz entre palestinos e israelenses.

Para Collor, o mundo vive um tempo marcado por falta de previsibilidade e ausência de prudência por parte de líderes de grandes potências mundiais, como por exemplo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Collor lamentou o desrespeito de muitos presidentes às próprias constituições nacionais e às normas da Organização das Nações Unidas (ONU) e pediu uma reflexão sobre o momento difícil das relações internacionais.

— Toda semana temos uma novidade, mas uma novidade que não é boa, que coloca todo o planeta sobressaltado. O Brasil tem o dever de alertar para os erros que estão sendo cometidos. Nós queremos viver e conviver em paz — declarou.

A audiência foi acompanhada pela senadora Ana Amélia (PP-RS), por embaixadores de nações árabes e por estudantes de Relações Internacionais.

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