Direto de Brasília
Ciro Nogueira tem lista de parlamentares que votam a favor de pautas do governo
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Com a última palavra sobre a destinação dos recursos do Orçamento, poder concedido a ele pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, assumiu o desafio de cortar R$ 9 bilhões para fechar as contas da peça orçamentária, que tem de ser sancionada pelo chefe do Executivo até a próxima sexta-feira.
Segundo informações de bastidores, Ciro Nogueira pediu a assessores a lista de parlamentares que votaram a favor de pautas do governo no Congresso. Os que se posicionaram contra as demandas do Executivo terão acesso menor às verbas.
O que Nogueira não admite é cortar recursos do Fundo Eleitoral. O ministro quer é turbinar o fundão de R$ 4,9 bilhões, previstos na peça orçamentária, para R$ 5,7 bilhões.
Ao Correio, o vice-presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), senador Izalci Lucas (PSDB-DF) relatou que o desejo do Centrão de repor o fundo eleitoral não é tão simples e não deve passar pela Casa ou mesmo pelo colegiado. “Isso não avança no Senado. Foram aprovados R$ 4,9 bilhões. O Orçamento foi aprovado por acordo. Se não tivesse votado por acordo, não teria sido votado. Hoje, para fazer alteração nisso, tem de apresentar um PLN (Projeto de Lei do Congresso Nacional) para mexer no Orçamento e tirar de algum lugar”, afirmou. “O Centrão quer isso, mas eu vejo dificuldade na aprovação. A não ser que eles façam um remanejamento das emendas do relator, mesmo assim, dependeria de lei”, acrescentou.
Parlamentares do Centrão ouvidos pelo Correio em condição de anonimato afirmam que o remanejamento é uma manobra do governo para ter apoio dentro do Legislativo. “Tem um pouquinho da questão do toma lá, dá cá, sim. É arranjo político para ter força no Congresso. Mas eu não vejo isso como coisa ilegal, pois é tudo fiscalizado e publicado”, disse um deles.
O economista Gil Castello Branco, da Associação Contas Abertas, frisou que o desejo do Centrão de realocar parte do Orçamento em áreas de seu interesse pode ser “um tiro no joelho”. Ele lembrou que a verba destinada ao fundo eleitoral, de R$ 4,9 bilhões, supera todo o orçamento de pastas importantes, como a do Meio Ambiente (R$ 3,2 bilhões) e a da Saúde (R$ 4,7 bilhões).
“É preciso ficar claro e transparente onde o Centrão vai cortar e alocar R$ 9 bilhões. Vão cortar dos R$ 16,5 bilhões das malfadadas emendas do relator? Não creio. Mas, a carruagem do Centrão pode virar abóbora antes de outubro”, sustentou.
Correio Braziliense