Acre
Bebê que nasceu com 776 gramas vai passar Natal em casa após 295 dias internado no Acre: ‘melhor presente’
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Os servidores públicos Ulisses Lima e Paula Onety ganharam um presente de Natal muito especial e desejado este ano. Após quase 300 dias de internação, o filho do casal, o pequeno Benjamin Onety Guimarães, de nove meses, recebeu alta e, finalmente, pôde ir para casa ficar juntinho dos pais.
“Foi o melhor presente que poderíamos receber! Representa a esperança de uma vida plena pro Benjamin e para nós”, diz a mãe.
Benjamin nasceu prematuro, no dia 2 de março deste ano, no Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, com apenas 25 semanas de gestação – cinco meses e meio – pesando 776 gramas e medindo 33 centímetros.
Desde então, Benjamin travou uma luta para sobreviver, ganhar peso, respirar sem aparelhos e sair do hospital. Dos 295 dias internado, o bebê ficou 213 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal. Agora, Benjamin pesa mais de 7 quilos e tem 66 centímetros.
“Chegamos em casa fortalecidos pelo apoio que recebemos de todos os profissionais do hospital, que não só cuidaram do Benjamim, mas nos ensinaram a cuidar dele, nos auxiliaram a ser melhores pais que podemos ser. Agora estamos nos readaptando a morar em casa, afinal, por quase três meses moramos no hospital com ele, literalmente”, relatou a mãe de Benjamin”, Paula Onety.
Benjamin saiu do hospital quase 300 dias após o nascimento — Foto: Arquivo pessoal
Readaptação
Benjamin saiu do Hospital Santa Juliana nessa quarta-feira (22). O momento foi marcado por muita emoção. Antes de deixar a unidade de saúde, a família se viu rodeada de médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais que vibraram com a conquista dos pais e a recuperação do bebê. “Já sentimos saudades das pessoas que nos acompanham todos os dias no hospital, com quem desenvolvemos uma relação fraterna”, relatou Paula.
A mãe destacou que a saída do filho do hospital representa esperança de uma vida plena para o bebê e para o casal. Ela diz que não existe sensação melhor do que dormir os três juntinhos, olhar para o lado e ter o filho em casa.
Bebê recebeu carinho e amor de servidores da saúde quando deixou hospital nessa quarta-feira (22) — Foto: Arquivo pessoal
“Aprendemos que tudo tem o tempo certo. Houve tempo pro Benjamin terminar de se “formar”, tempo pra ele “crescer o pulmão”, tempo para piorar e ficar curado da dependência de oxigênio suplementar. Hoje é tempo de cuidar do seu desenvolvimento, mostrar pra ele o céu, a lua, as estrelas, os cheiros, sabores, cores e texturas que a vida tem no mesmo aconchego de sempre, pois nosso lar ficou abrigado no hospital e ontem [quarta-feira, 22] nosso lar voltou pra casa”, comemorou.
O bebê nasceu de um parto prematuro por causa de uma incompetência istmocervical, que causa a abertura do colo uterino. Ele tem uma condição chamada displasia bronco pulmonar. Por ser uma criança prematura, Benjamin ainda precisa de uma série de cuidados para não pegar nenhuma infecção.
Mesmo em casa, ele segue sendo acompanhado pelos médicos. “Como o pulmão dele é “especial”, precisamos ter muito cuidado e monitorar para que os desconfortos corriqueiros não evoluam pra nada mais sério. Por exemplo, as mudanças repentinas de tempo, com grande alternância entre chuva e sol como temos tipicamente esse período, faz com que as crianças em geral fiquem mais suscetíveis a alguns desconfortos como tosse, ou sintomas típicos de resfriados”, contou a mãe.
Benjamin com a mãe Paula Onety — Foto: Arquivo pessoal
Cuidado em dobro
Para evitar que o filho adoeça ou tenha qualquer problema de saúde, Paula relata que precisa redobrar cuidados com a limpeza dos ambientes e evitar que o bebê tenha contato com outras pessoas e até mesmo crianças porque é ele mais sensível a infecções.
“Por causa da displasia bronco pulmonar ele já respira em um ritmo mais acelerado que as demais crianças pra compensar as dificuldades de oxigenação. Assim, ele também gasta mais energia pra respirar que as outras crianças, por isso, o cuidado com a alimentação é tão específico e minucioso”, complementou.
Benjamin ainda precisa da ajuda de uma sonda nasogástrica para se alimentar. Paula contou que é preciso ficar sempre de olho para que o filho não acabe puxando ou arrancando acidentalmente a ‘mangueirinha’ que fica pendurada no nariz.
“Com a sonda precisamos cuidar da administração da dieta, posicioná-lo sempre de maneira a evitar o refluxo, engasgos. É preciso cuidar até para movimentá-lo quando termina de receber leite, pois o movimento brusco pode provocar vômitos, por exemplo”, ressaltou.
Fora isso, é gratificante ver seu sorriso em casa, finalmente poder olhar pro lado e ver ele dormindo ao nosso lado. A chegada do Benjamin nos faz lembrar do que realmente importa: estar juntos em família”, destacou.
Equipe se reuniu para se despedir do pequeno Benjamin — Foto: Reprodução
G1.globo.com