Medicina
Entenda as novas variantes da COVID-19
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Quando o SARS-CoV-2 acendeu o sinal de alerta em todo o mundo, o maior desafio consistia em encontrar uma forma efetiva de freá-lo. Para isso, foi preciso considerar suas possíveis variantes, uma vez que novas cepas fazem parte do curso natural de evolução dos vírus.
POR QUE OS VÍRUS MUTAM?
Mutações são “erros” que ocorrem quando o vírus infecta uma célula nova. Nas células, ocorre a multiplicação do agente infeccioso através da cópia do seu material genético. Essa replicação viral é feita por uma enzima que conta com uma espécie de “taxa de erro”, fazendo com que o vírus seja produzido de forma diferente.
Tais mutações são aleatórias e, em sua maioria, apresentam mudanças indiferentes, incapazes de ser percebidas por nós. No entanto, algumas características podem aumentar, por exemplo, a capacidade do vírus de resistir aos anticorpos humanos, tornando-o mais resistente.
As alterações genéticas são capazes, ainda, de influenciar quais órgãos serão atacados e aumentar a transmissibilidade do vírus. Nos últimos meses, algumas variantes têm chamado a atenção do mundo e exigido um olhar mais detalhado de especialistas do campo da virologia.
VARIANTE ALFA
Identificada, pela primeira vez, no Reino Unido em setembro de 2020, a variante Alfa foi a primeira “variante de preocupação”, ou seja: apresenta maior capacidade de causar problemas de saúde pública. Por este motivo, foi batizada com a primeira letra do alfabeto grego. Dentre os sintomas, três são mais frequentes:
• febre;
• tosse seca;
• cansaço.
Sintomas menos comuns também podem se manifestar, como alteração no olfato e paladar, dor de garganta, diarreia, conjuntivite, dor de cabeça, erupções cutâneas ou perda da coloração dos dedos das mãos e dos pés. Dentre os mais graves estão dificuldade respiratória, sensação de falta de ar, pressão no peito e incapacidade de se movimentar.
VARIANTE BETA
Identificada, pela primeira vez, na África do Sul em dezembro de 2020, foi a que menos se espalhou pelo mundo. Felizmente, a variante Beta não possui uma maior capacidade de se multiplicar, mas o sinal de alerta vai para a sua expressiva habilidade de agir sobre as nossas proteções, mesmo no caso de pessoas vacinadas.
Os sintomas, comuns à Covid-19, apresentaram-se 50% mais contagiosos do que a linhagem original do vírus. Atualmente, a linhagem está presente em 93 países.
VARIANTE GAMA
A variante brasileira surgiu em novembro de 2020 na cidade de Manaus, norte do Brasil. Uma pesquisa da Famerp, Unesp, USP e Secretaria Municipal de Saúde de São José do Rio Preto em parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates e Universidades de Washington e Texas indica que houve aumento de 127% no número de casos graves e 162% em mortes entre março e abril, somente na cidade paulista de São José do Rio Preto.
Os sintomas são semelhantes ao da variante Delta e incluem principalmente dor de cabeça, dor de garganta e coriza.
VARIANTE DELTA
Identificada, pela primeira vez, na Índia em outubro de 2020, esta cepa tem como principal característica sua alta capacidade de transmissão (de 50% a 100% maior do que as demais). Os sintomas incluem:
• dor de cabeça;
• dor de garganta;
• tosse seca;
• coriza (nariz escorrendo);
• obstrução nasal;
• febre;
• diarreia;
• dores musculares e nas articulações;
• mal-estar;
• conjuntivite;
• alteração no olfato e paladar (em menor número).
Identificada em mais de 142 países, a Delta foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma variante de preocupação.
De acordo com a prefeitura de São Paulo, os casos de Covid-19 pela variante Delta passaram de 43% para 70% (casos confirmados entre 15 e 21 de agosto) em apenas uma semana. Os sintomas, que muito se assemelham a um resfriado comum, faz com que uma parte das pessoas não faça associação com a Covid-19, deixando, portanto, de tomar as medidas preventivas para impedir o contágio.
• Delta Plus
Esta cepa conta com a mesma estrutura da variante Delta, porém, com uma mutação extra. A Delta Plus possui a capacidade de driblar as defesas do organismo humano porque enfraquece as interações com anticorpos e reduz a resposta imunológica.
VARIANTE LAMBDA
A Lambda foi descoberta no Peru em agosto de 2020 e é considerada, pela OMS, uma “variante de interesse”. Essa classificação é usada em casos de mutações que implicam no comportamento do vírus, podendo aumentar a incidência de transmissão em uma localidade, por exemplo. Por isso, precisa ser monitorada afim de evitar uma maior transmissibilidade – uma de suas principais características.
A agência especializada em saúde pública divulgou um relatório onde sinaliza “taxas substanciais de transmissão em vários países”. Na prática, é possível observar um avanço da cepa na América do Sul, principalmente entre Chile, Argentina e Equador, além do país de origem.
Entre os sintomas, não há nenhuma grande alteração em comparação com as demais variantes. No entanto, relatos indicam maior incidência de problemas intestinais.
VARIANTE MU
No dia 01 de setembro, a OMS informou que cientistas estão analisando a variante, detectada pela primeira vez em janeiro de 2021, na Colômbia. A linhagem já foi detectada em 40 países, como Reino Unido, Estados Unidos e China.
O que chama atenção é o seu possível potencial de resistir às vacinas, que parece ser semelhante a variante Beta. A prevalência global da Mu sequer ultrapassa 0,1% (cerca de 4.600 casos), porém, já representa 39% dos casos no país de origem.
VARIANTE ÔMICRON
Identificada pela primeira vez na África do Sul, Lesoto, Namíbia, Zimbábue, Eswatini, Hong Kong, Israel e Bélgica, a variante Ômicron foi considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma variante de preocupação, graças ao alto risco de transmissibilidade.
Atualmente, a variante responde por mais de 90% das novas infecções na África do Sul. Já no Reino Unido, 50% dos casos são causados por esta cepa.
Embora os estudos ainda sejam inconclusivos, o que se sabe é que os sintomas são distintos das variantes anteriores e incluem:
• dor de garganta;
• dor muscular (principalmente na lombar);
• nariz entupido;
• problemas estomacais;
• fezes moles.
Em relação às vacinas, estudos preliminares apontam que duas doses do imunizante não são suficientes para conter a ômicron, necessitando, portanto, da terceira dose para que os níveis de proteção sejam restabelecidos.
Entretanto, uma pesquisa recente constatou que duas doses da Pfizer/BioNTech reduzem em até 70% as chances de internação quando comparada com a variante delta.
No Brasil, até a primeira quinzena de dezembro, o número de registros somam 19. Especialistas acreditam que dentro de semanas a variante será dominante no país, por isso reforçam a importância de seguir o esquema vacinal, que inclui a dose de reforço.
NOVAS VARIANTES IMPACTAM AS VACINAS?
Uma pesquisa realizada em Ontário, no Canadá, constatou que as vacinas da Moderna, Pfizer e AstraZeneca são eficazes contra as variantes Alfa, Beta, Gama e Delta.
Mesmo em casos onde a eficácia da vacina é reduzida em comparação com a cepa original do vírus, o imunizante atua de forma significativa – sobretudo, após a segunda dose (com exceção da Janssen, que é dose única). Segundo a agência Public Health England, uma dose da Pfizer ou AstraZeneca fornece cerca de 33% de proteção contra a variante Delta, por exemplo. No entanto, esse percentual se eleva para 88% e 60% após a segunda dose.
De acordo com o governo de São Paulo, a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, evita, em 100% dos casos, os agravamentos da Covid-19. A inclusão da terceira dose no calendário vacinal é fundamental para deixar o sistema imunológico fortalecido por mais tempo.
Sabe-se que nenhuma vacina apresenta total eficácia, mas o imunizante é extremamente importante para prevenir possíveis hospitalizações e óbitos. Por isso, devemos continuar respeitando as orientações das autoridades de saúde e seguir o calendário vacinal.
Por fim, é fundamental manter a etiqueta respiratória e os hábitos de higiene, indispensáveis para a diminuir a circulação do vírus e, consequentemente, o surgimento de novas variantes.
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