Medicina
Dezembro Laranja
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De acordo com a publicação “Estimativa – Incidência de Câncer no Brasil” de 2020, calcula-se que o câncer de pele não melanoma representará 27,1% de todos os casos de câncer em homens e 29,5% de todos os casos de câncer em mulheres registrados no triênio 2020/2021/2022.
Números tão elevados causam a preocupação de especialistas e autoridades da saúde e comprovam a necessidade da existência da campanha Dezembro Laranja, que tem o objetivo de promover informação e conscientização sobre esse assunto. Siga na leitura do post para entender!
Dezembro Laranja: objetivos da campanha
Por ser um país tropical, o Brasil tem essa predominância de dias quentes e ensolarados — o que, em alguns aspectos, é extremamente positivo, mas se torna um fator de risco maior para o câncer de pele: se já é o tipo da doença mais comum em todo o mundo, precisa de ainda mais atenção por aqui.
Enquanto a taxa de casos de câncer de pele não melanoma é altíssima, o melanoma, apesar de registrar bem menos casos, é muito mais agressivo e precisa ser prevenido com toda a atenção.
Aparecendo logo em seguida às campanhas de outubro rosa e novembro azul, a campanha do Dezembro Laranja foi alocada neste mês justamente por conta da chegada do verão. Desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia em 2014, a campanha, que apresenta slogans como Exponha, mas não se queime e Adicione mais fator de proteção ao seu verão, têm o objetivo de trazer informações e estimular a conscientização e a prevenção contra o câncer de pele.
A campanha Dezembro Laranja visa a conscientização e a prevenção do câncer de pele. | Imagem: Divulgação SBD.
Tipos de câncer de pele
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer de pele é dividido em três categorias.
Carcinoma basocelular (CBC)
O mais frequente entre os tipos de câncer de pele e, também, o que tem maior chance de cura, o carcinoma basocelular é uma lesão maligna de crescimento lento que aparece nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme.
As lesões provocadas por esse câncer se caracterizam como pequenas feridas que não cicatrizam (e são, constantemente, confundidas com eczemas e psoríases) ou, ainda, como pequenas manchas marrons ou avermelhadas que crescem ao longo do tempo.
Exemplo de carcinoma basocelular.
O CBC surge principalmente nas áreas do corpo mais expostas ao sol, como o rosto, as orelhas, o pescoço, o couro cabeludo, os braços e as costas e pode ser categorizado de quatro diferentes formas.
- Superficial: Aparece principalmente nas costas e no tronco e se caracteriza por uma vermelhidão na pele.
- Nodular: Aparece principalmente no rosto e se caracteriza por uma mancha vermelha com uma ferida central.
- Pigmentado: Se apresenta por meio de manchas escuras e, por isso, tem a aparência muito semelhante a do melanoma.
- Infiltrativo: O mais agressivo dos carcinomas basocelulares, pode se espalhar e atingir outras áreas do corpo.
Carcinoma espinocelular (CEC)
O segundo mais frequente entre os três tipos de câncer de pele é o carcinoma espinocelular. Também conhecido como carcinoma de células escamosas, ele aparece nessas mesmas células, que constituem grande parte das camadas superiores da pele.
Seu aparecimento também é mais frequente nas regiões do corpo com maior exposição ao sol e provoca lesões de cor avermelhada que se parecem com feridas e machucados espessos que não cicatrizam.
Ele também tem suas próprias classificações, que variam de acordo com a evolução das células cancerígenas:
- Bem diferenciado: neste momento inicial, as células cancerígenas são muito semelhantes às células do padrão normal da pele.
- Moderadamente diferenciado: nesta fase, as células cancerígenas começaram a se multiplicar mais rapidamente.
- Pouco diferenciado: Aqui, já existe o predomínio das células cancerígenas na região afetada, e elas se tornam mais agressivas e crescem rapidamente.
Melanoma
Tipo menos frequente entre os cânceres de pele, o melanoma, no entanto, é o mais agressivo e letal dos três. Ele se forma nos melanócitos, células que produzem a melanina e, por isso, aparece em formatos semelhantes aos de uma pinta ou mancha na pele — que, no entanto, se modificam de tamanho ou cor e podem causar sangramento.
Exemplo de lesão do melanoma.
As lesões podem aparecer em áreas de difícil análise do próprio paciente e, por isso, é importante contar com o acompanhamento rotineiro de um dermatologista para obter um diagnóstico precoce que possibilita maiores chances de cura.
Câncer de pele: reconhecimento de sinais e diagnóstico
Os sinais do câncer de pele se assemelham muito a eczemas, pintas ou quais outro tipo de lesões benignas na pele, e é por isso que para identificá-los é preciso estar muito atento ao próprio corpo e contar com o acompanhamento rotineiro de um dermatologista.
Embora apenas um exame clínico especializado seguido de biópsia pode diagnosticar conclusivamente uma lesão cancerígena, existe uma metodologia indicada por dermatologistas que pode ser utilizada para identificar eventuais sinais perigosos no corpo. Ela é chamada de Metodologia do ABCDE.
- Assimetria: lesões benignas costumam ser simétricas enquanto, as malignas, assimétricas.
- Bordas: lesões benignas costumam ter bordas regulares; as malignas, bordas irregulares.
- Cor: lesões benignas costumam ser uniformes na cor, enquanto as malignas podem apresentar cores diferentes em uma mesma lesão.
- Diâmetro: lesões benignas não costumam passar dos 5 milímetros de diâmetro.
- Evolução: lesões malignas se desenvolvem e, com isso, mudam de aparência — ao contrário das benignas, que permanecem iguais.
Prestar atenção no próprio corpo e se atentar a essas características é importante para que você perceba se há algo de esquisito e adiante sua consulta de rotina, mas tenha em mente que nenhum exame caseiro é capaz de substituir a avaliação médica.
Somente uma avaliação médica seguida de biópsia pode confirmar o diagnóstico de um câncer de pele.
Como é feito o tratamento
Câncer de pele tem cura e até mesmo o agressivo melanoma tem grandes chances de prognósticos positivos caso seja diagnosticado precocemente. As abordagens de tratamento para o câncer de pele variam muito de acordo com o tipo e com a extensão da lesão.
Em tumores menores, pode ser necessária apenas uma raspagem conhecida como curetagem e realizada com um bisturi elétrico que destrói as células cancerígenas do local. No caso de tumores maiores, é comum que seja realizada uma cirurgia excisional, que remove com um bisturi não apenas o tumor mas também uma borda adicional de pele para realizar a biópsia das margens de segurança.
Existem também outras opções de cirurgias, como a criocirurgia, que destrói o tumor por meio de seu congelamento com nitrogênio líquido, e a cirurgia a laser.
Para além das modalidades cirúrgicas, podem ser necessários tratamentos como a quimioterapia, a radioterapia, a imunoterapia ou mesmo medicamentos de uso oral ou tópico, de acordo com avaliação e o acompanhamento do oncologista.
Prevenção do câncer de pele
Os slogans utilizados pela campanha Dezembro Laranja não estão ali à toa: a principal forma de prevenção contra o câncer de pele são os cuidados com a exposição ao sol. A incidência dos raios UV sobre a pele podem causar efeitos negativos tanto a curto quanto a médio e longo prazo, e é preciso se atentar a eles mesmo quando o dia está nublado.
Como os raios UVA e UVB incidem sobre a pele.
Enquanto os raios UVB aparecem com mais intensidade no verão e nos dias realmente ensolarados, os raios UVA incidem sobre a pele em qualquer clima e são os mais nocivos por penetrarem nas camadas mais profundas e, dessa forma, causarem o envelhecimento precoce e o câncer de pele.
Embora todas as pessoas devam se proteger da exposição ao sol, indivíduos com pele, cabelo e olhos claros ou que tenham histórico de câncer de pele na família devem tomar cuidados redobrados.
Entre esses cuidados, são recomendados:
- Evitar a exposição ao sol entre as 10h e as 16h.
- Utilizar roupas de banho com fator de proteção UV.
- Utilizar guarda-sol quando estiver em ambiente externo.
- Utilizar chapéus e óculos escuros para proteger, também, o couro cabeludo, o rosto e os olhos.
- Utilizar protetor solar diariamente, com um FPS igual ou maior a 30 — de preferência o recomendado pelo seu dermatologista, de acordo com as necessidades da sua pele.
Além disso, relembramos a necessidade de prestar atenção constante ao seu próprio corpo e à pele, para identificar precocemente se existe algo fora do normal e manter consultas frequentes ao dermatologista, ao menos uma vez ao ano.
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