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Filósofo aborda em estudo o tema da desigualdade social no Brasil, suas causas e possíveis soluções


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As desigualdades social e de gênero tem se aprofundado no Brasil a cada ano. Esse é o diagnóstico revelado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O país ocupa o 79º lugar entre 188 nações no ranking de IDH (índice de desenvolvimento humano), que leva em conta indicadores de educação, renda e saúde, e despencou 19 posições na classificação correspondente à diferença entre ricos e pobres nos últimos 10 anos. 

O pesquisador social e filósofo luso-brasileiro Fabiano de Abreu, aponta que o Brasil é um país que tem a desigualdade social em suas raízes, mas que apesar disso, é possível fazer a diferença nessa estatística geral a partir do comportamento individual: “Nivelamento social é a perfeição para uma sociedade, que significa diminuir o abismo entre ricos e pobres e melhoras a qualidade de vida para todos. No Brasil, por exemplo, muitos apontam a crise econômica e a corrupção na política e na aplicação da lei, como causas justificáveis para a violência e para os nossos problemas sociais, apontando sempre um possível culpado para tudo. Mas no ciclo da vida social, somos nós os responsáveis por toda a cadeia. A violência é feita por pessoas, e o voto para eleger o político, seja ele corrupto ou não, vem pelas pessoas também” . 

Para Fabiano, se almejamos uma sociedade feliz e com melhores indicadores socioeconômicos, precisamos fazer nossa parte, antes de mais nada: “Sabemos o que é certo e errado. Fazer o certo resulta em prolongação da vida e consciência tranquila. Ações ruins atraem coisas ruins, já temos provas disso ao longo de toda história humana.  Se cada um se preocupar em respeitar o próximo e não agir fora da lei, teremos o resultado social que almejamos. Inclusive nossos representantes seriam melhores, como consequência de uma educação social natural, elegeríamos pessoas melhores”. pondera Fabiano.

Em seus estudos sobre a realidade brasileira, tomando como comparativo outros países, o pesquisador aponta que o fato de existir o rico e o pobre convivendo em um mesmo contexto e ambiente, mas em um abismo no que tange ao socioeconômico, ocasiona a “vontade” no pobre, de menor poder aquisitivo, de ter o mesmo padrão de gastos e vida do rico, fazendo com que alguns procurem tomá-lo “a força”: “A música, em especial as que promovem a ostentação, e a ilusão das redes sociais, sustentam que “ser rico”, “ter boa vida”, é o legal, quando na realidade qualquer pessoa que vive em um país onde a grande maioria é pobre, até o rico é pobre, no comparativo com realidades em países ditos desenvolvidos”. 

Fabiano hoje vive na Europa, mas tem fortes laços com o Brasil e conhece bem a realidade daqui. Em sua vinda recente ao país, em junho deste ano, Fabiano foi convidado a entrevistas em rádios e veículos de mídia sobre o tema, e como o nivelamento social tem relação direta com o bem estar social: “é o que vemos na Europa por exemplo, onde não há um numero significativo de pessoas abaixo da linha da pobreza. Há poucos ricos e uma grande maioria de classe média. Isso é a perfeição humana-social. Uma sociedade em que o faxineiro e o garçom são vistos no mesmo patamar de um advogado e médico, e onde a diferença salarial não é tão exorbitante entre as profissões, a escolha em trabalhar no que gosta e não no que se ganha mais, resulta em uma sociedade mais feliz”. Conclui o filósofo.

Entrevista: Fabiano de Abreu 

“O nivelamento social é a perfeição para uma sociedade. Muitos colocam a culpa do problema da violência na “falta de lei”, na política, apontamos sempre um possível culpado. Mas no “ciclo da vida social” somos nós os responsáveis por toda a cadeia. A violência é feita por pessoas, o voto para eleger o político é feito pelas pessoas. 

Em Angola conheci o Catinton, considerado pela ONU um dos pontos de pobreza e miséria do mundo. No Brasil, conheci diversas favelas no Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São Paulo e Florianópolis. Alguns pontos, como o Lixão em Duque de Caxias, não vi grandes diferenças ao Catinton. Se o governo reconhecer para os órgãos mundiais a verdadeira situação de algumas regiões em nosso país, também estaríamos na rota de “urgência” de certas organizações.

Se almejamos uma sociedade feliz, precisamos fazer nossa parte antes de mais nada. Sabemos o que é certo e errado, fazer o certo resulta em prolongação da vida e consciência tranquila. Resulta em paz, em alívio, em certeza de papel cumprido. Ações ruins atraem coisas ruins, já temos provas disso ao longo de toda história humana. 
Se cada um de nós preocuparmos em: onde jogar o lixo, respeitar o próximo, não agir fora da lei, teremos um resultado social que almejamos. Inclusive nossos representantes seriam melhor eleitos e com um melhor caráter como consequência de uma educação social natural. 
O fato de existir o rico e o pobre em um mesmo local, ocasiona “vontade” em alcançar o que não podem alcançar, querendo tomar “a força”. A música e a rede social sustentam que “ser rico”, “ter boa vida”, é o legal, quando na realidade qualquer pessoa que vive em um país onde a grande maioria é pobre, até o rico é pobre. Uma sociedade que divide o mesmo espaço casas ricas e casas pobres, em que a grande maioria são casas pobres, os ricos também são pobres. Viver em uma cidade em que o deslocamento é em sua grande maioria por lugares pobres, faz de qualquer cidadão rico, pobre! 
O nivelamento social é o que vemos na Europa por exemplo, onde há poucos pobres, não há pessoas abaixo da linha da pobreza, há poucos ricos e a grande maioria classe média. Isso é a perfeição humana-social. Uma sociedade em que o faxineiro, o garçom, é visto no mesmo patamar de um advogado e médico, que a diferença salarial não é tão exorbitante entre as profissões, a escolha em trabalhar no que gosta e não no que se ganha mais, resulta em uma sociedade mais feliz. 
De imediato, pequenas ações fazem uma enorme diferença, principalmente em ano de eleição. Procurar fazer o certo, pesquisar a fundo cada candidato, não dá trabalho, é fácil e muda o futuro de uma nação”. 
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