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Mulher é denunciada após se passar por médica em hospital que trata pacientes graves da Covid-19 em Porto Velho


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Uma mulher de 40 anos foi denunciada após se passar por médica e tratar vítimas da Covid-19 no Hospital de Campanha da Zona Leste de Porto Velho, localizado no Centro de Reabilitação de Rondônia (Cero). Ela foi descoberta durante uma fiscalização do Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero) e encaminhada à delegacia de Polícia Civil para prestar depoimento.

A mulher trabalhou no hospital, na ala de unidade semi-intensiva, desde o final de abril até o dia 17 deste mês, quando foi denunciada à polícia.

Na Bahia, ela é investigada pela Polícia Federal por exercício ilegal da medicina e uso de documentação falsa, ao tentar trabalhar como residente sem ter concluído a faculdade de medicina.

Entenda o caso

De acordo com o delegado Núcleo de Combate a Defraudações, Swami Otto, após a fiscalização realizada pelo Cremero no dia 24 de abril, foi identificado que todos os documentos apresentados pela mulher para contração na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) são falsos, incluindo o registro profissional.

“Na declaração de conclusão de curso tinha o nome de uma faculdade que ela sequer tinha cursado. O atestado de capacidade era de uma prefeitura que ela jamais tinha trabalhado”, revela.

Ainda segundo o delegado, a mulher chegou a cursar praticamente todo o curso de medicina na Bahia, seu estado de origem, mas não concluiu o curso por questões financeiras e administrativas.

Ainda assim tentou atuar como residente em uma instituição ligada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e se filiar ao Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb). A partir de investigações, o conselho descobriu que ela não é medica e encaminhou a denúncia à Polícia Federal.

Em abril deste ano ela foi selecionada para ajudar no enfrentamento à pandemia da Covid-19. Otto aponta que essa é uma das principais gravidades do caso: “Essa senhora se valeu de um momento de muita fragilidade”.

O presidente do Cremero, Robinson Machado, ressalta a importância da investigação por parte do Conselho para coibir situações como essas. “Até quando ela continuaria atuando se nós não tivéssemos feito essa fiscalização?”.

Com relação aos documentos falsos e demais irregularidades, o presidente aponta que não eram difíceis de serem vistas e que haviam “assinaturas grotescas” nos documentos.

“Essa mulher apresentou um CRM [registro profissional] que não existe no país. Se você entrar hoje no portal médico e botar o CRM que ela apresentou você vai ver que não aparece nada”, disse.

De acordo com o secretario estadual de saúde, Fernando Máximo, a mulher foi contratada em um momento de muita urgência e nunca trabalhou sozinha, sempre teve suas atividades supervisionadas por médicos mais experientes.

“Essa médica foi sugerida quando nós pedimos auxílio do Ministério da Saúde com profissionais médicos. O Ministério mandou uma lista de nomes de médicos que a gente poderia tentar contratar e o nome dela estava nessa lista. Provavelmente ela enganou também o Ministério da Saúde”.

Ele ainda ressalta que esse é o quinto caso de pessoas que tentam se passar por profissionais da saúde em Rondônia. Todos os outros quatro foram barrados.

O Ministério da Saúde foi questionado pelo G1, mas ainda não se manifestou sobre o caso.

Punições

A Justiça emitiu uma declaração que pede o afastamento imediato da mulher do cargo público e a proíbe de atuar em qualquer unidade de saúde pública ou privada. Ela também está proibida de se ausentar de Porto Velho sem autorização judicial e deve prestar informações frequentemente ao juiz do caso.

A mulher deve responder pelos crimes de estelionato, exercício ilegal da medicina e uso de documento falso. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de Rondônia (MP-RO) que vai analisar a denúncia.

G1.globo.com

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