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Nível do Rio Madeira recua 11 metros em três meses em Porto Velho; Dnit retoma dragagem para manter navegação
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Os moradores da Região Amazônica convivem anualmente com duas fases dos rios muito bem definidas: a cheia e a seca. Neste ano, o Rio Madeira, em Porto Velho, atingiu 16,80 metros em 2 de abril, sendo a maior cota registrada. Desde então, já recuou mais de 11 metros e, nesta sexta-feira (21), chegou a 5,37 metros. Os dados são da Defesa Civil Municipal. A seca dificulta a navegação de embarcações.
Com o verão intenso, o nível do rio continua reduzindo gradativamente. No ano passado, nesta mesma data, o Madeira estava com 6 metros. Para a Defesa Civil, a maior preocupação é com deslizamentos dos barrancos, principalmente nas regiões dos distritos.
O pescador Aluízio dos Santos, de 43 anos, mora na margem esquerda do rio e diz que as águas baixaram muito rápido. “Eu ando nesse rio todos os dias para ir até a cidade comprar comida ou resolver algum problema. Ainda não dá para ver as praias que começam a se formar neste período, mas quando chegar agosto, os blocos de areia começam a aparecer dificultando a passagem dos barcos”, disse o pescador.
Morador do Bairro Triângulo, Carlos Eduardo, de 26 anos, trabalha como chapa no Cai n’Água. Ele lembra que em julho os barcos ainda navegam tranquilamente, mas os bancos de areia começam a surgir em agosto e isso já preocupa a todos. “Eu cresci na beira do rio. Quando chega o mês de agosto, o rio está muito baixo e donos de embarcações começam a ter mais cuidado. Quando as águas começam a baixar, a gente que usa o barco como transporte, tem que ficar mais atento, principalmente à noite, porque os bancos (de areia) podem causar um naufrágio se o barco bater”, afirmou.
Para tentar evitar que os bancos de areia atrapalhem a navegação no Rio Madeira, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) começou a fazer a dragagem em 2017, mas os trabalhos foram interrompidos devido a cheia.
Neste ano, os serviços foram retomados em 15 de junho. O Dnit já concluiu os trabalhos na localidade conhecida como Tamanduá, o primeiro ponto a ser dragado, neste ano. “Agora estamos atacando o segundo passo, conhecido como Curicacas, mas a seca deste ano não deve ser rigorosa como a de 2017”, explica o coordenador de obras hidroviárias, André Cardoso Bernardes.
O que é a dragagem
Segundo o Dnit, a dragagem é a retirada de sedimentos de um determinado ponto de acúmulo (banco de areia) para depositá-los em outro local, onde não atrapalhem o canal de navegação. A areia retirada volta para o leito do rio, por conta de exigências dos órgãos de licenciamento ambiental.
Ainda conforme o Dnit, para garantir o ritmo dos serviços, começaram a ser feitos levantamentos batimétricos – que verificam as condições do fundo do rio – em abril deste ano. A partir dessas informações é possível verificar exatamente os pontos de deposição e traçar as prioridades a serem atendidas em cada temporada, de acordo com o que consta no projeto de dragagem.
A intenção é manter profundidades mínimas de 3,5 metros em todo o canal de navegação durante a estação seca. Essa medida visa garantir a navegação segura das barcaças que transportam milho, soja, derivados de combustível e carga geral na região.
Neste ano, a previsão é que os trabalhos continuem até o fim de outubro.