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O impressionante bote do século 19 redescoberto em 2021
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Como um bote acaba parando no alto das vigas de um antigo galpão cheio de feno? Embora o local da descoberta seja intrigante, mais curioso ainda é o fato de ele ser especialmente antigo: a embarcação é a única parte que restou de um navio que naufragou no século 19.
Como relatou a Australian Broadcasting Corporation (ABC Net), o Maid of Lincoln saiu, em 1885, das Ilhas Abrolhos, na costa oeste da Austrália, mas não conseguiu ficar muito tempo em seu trajeto. Já em 1891, ele naufragou no Hill River, perto da cidade de Perth, na Austrália Ocidental.
Destino quase trágico
Apenas o capitão e cinco ou seis tripulantes conseguiram sobreviver ao naufrágio causado por problemas marítimos. Como eles fugiram do destino trágico? Por meio de um bote salva-vidas de apenas 3,6 metros de comprimento — o mesmo do começo da nossa história.
Chegando na costa da região, que ainda era extremamente desabitada, contando apenas com alguns poucos moradores, os marinheiros tiveram que enfrentar inúmeras dificuldades como os náufragos que eram. Explorando o interior, não mais os mares, encontraram uma família por milagre.
Alguns dos poucos habitantes daquela região, os membros da família Grigson decidiram ajudar o grupo de tripulantes e seu capitão. No século 19, eles foram levados de cavalo e carroça para Dongara, cidade que fica a 351 quilômetros a noroeste de Perth e que tinha uma polícia para qual eles poderiam falar sobre o que havia acontecido com seu navio.
Essa longa saga termina no barco salva-vidas, o único que sobreviveu para contar essa história já nos dias de hoje. Na época em receberam ajuda, os marinheiros deram o bote de presente para a família Grigson com o intuito de agradecê-los pela assistência no período após seu naufrágio.
Ao longo dos anos, como contou John Grigson recentemente para a ABC Net, a família usou-o para pescar, até o momento em que o bote caiu em desuso. Embora tenha tido uso por vários anos, ele foi colocado, então, em um antigo galpão na fazenda que eles possuíam. Depois, como já sabemos, subiu para as vigas.
Do século 19 para hoje
John Grigson foi quem chamou o arqueólogo forense Bob Sheppard com o objetivo de mostrá-lo o impressionante antigo bote. Ao chegar no galpão, logo observou o que o fazendeiro apontava no teto do recinto: o bote de madeira, pendurado nas vigas da estrutura.
“Eles estavam me levando para um tour pelos galpões e disseram ‘venha e dê uma olhada neste, Bob‘, e eles abriram uma porta que rangia e eu espiei na escuridão e lá, pendurado nas vigas, estava este velho barco”, contou Sheppard à ABC Net.
O especialista ficou impressionado com o que viu e decidiu que o bote salva-vidas deveria ser retirado do local para ser estudado e, quem sabe, exposto ao público como um artefato histórico notável. Para isso, precisou de muito planejamento, afinal tanto o galpão quanto o bote eram frágeis e poderiam quebrar a qualquer momento.
Antes do procedimento de retirada do item do topo das vigas, o arqueólogo tirou suas medidas para que ele pudesse ser reconstruído caso não sobrevivesse — o que, felizmente, não aconteceu. Com o objeto no solo, ele foi levado para um galpão onde poderá ser avaliado por pesquisadores.
“Não há nada igual na Austrália. É simplesmente notável”, disse Sheppard. “Eu gostaria de vê-lo em exibição em algum lugar — quero dizer, é um artefato icônico, as pessoas virão de todos os lugares para ver um barco salva-vidas de 140 anos”, completou.
Aventurasnahistoria.uol.com.br