Agronegócios
Um terço das terras de uso agrícola no mundo tem ‘alto risco’ de contaminação por pesticidas
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Um terço das terras para uso agrícola no mundo correm um “alto risco” de contaminação devido aos resíduos de pesticidas, que podem alcançar os lençóis freáticos, ameaçando a biodiversidade, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (29).
Pesquisadores australianos estudaram 59 herbicidas, 21 inseticidas e 19 fungicidas, e estimaram seus níveis de uso em 168 países, apoiando-se em dados da Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Serviço Geológico Americano (USGS).
Em seguida, usaram um modelo matemático para estimar os níveis de resíduos de pesticidas presentes no meio ambiente.
Segundo este estudo, publicado na Nature Geoscience, estima-se que 64% das terras agrícolas – aproximadamente 24,5 milhões de km2 – estão ameaçadas de ser contaminadas por mais de um princípio ativo e 31% se expõem a um alto risco.
Este resultado “é significativo, visto que a contaminação potencial está generalizada e algumas regiões ameaçadas têm grande biodiversidade e sofrem de escassez de água”, informou a principal autora deste estudo, Fiona Tang, da Universidade de Sydney.
Uma região é considerada de alto risco quando se estima que os níveis de concentração de um pesticida são pelo menos 1.000 vezes maiores ao de lugares onde estas concentrações não têm efeitos nefastos.
A região mais afetada é a Ásia, com 4,9 milhões de km2 de alto risco, dos quais 2,9 milhões estão na China. Na Europa, Rússia, Ucrânia e Espanha concentram a maior parte (62%) das zonas de alto risco.
Vários fatores podem contribuir para que esta contaminação elevada ocorra, como o uso excessivo de pesticidas, seu nível de toxicidade, mas também outros ambientais, como as baixas temperaturas ou solos pobres em carbono, que afetam a degradação do entorno.
O estudo não analisa diretamente os impactos para a saúde humana, mas os pesquisadores apontam que a mistura de pesticidas na água potável poderia representar um alto risco e exigir melhores balanços da contaminação de rios, estuários e cursos d’água.
Além disso, também insta a uma transição para a “agricultura sustentável”, reduzindo o uso de pesticidas e o desperdício de alimentos.
G1