Direto de Brasília
Bolsonaro sofre espancamento verbal e Pazuello evita defendê-lo no Senado
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Jair Bolsonaro foi submetido a um espancamento verbal durante a audiência convocada pelo Senado para ouvir explicações do ministro Eduardo Pazuello (Saúde). O general escutou calado o capitão ser chamado de “genocida”, “patético”, “incompetente” e “negacionista”.
Pazuello deixou que o chefe apanhasse indefeso. Mal conseguiu defender a si mesmo. Articulada com o propósito de esvaziar um requerimento de instalação de uma CPI sobre a pandemia, a audiência revelou-se constrangedora.
O mais embaraçoso não foi o lote de críticas e interrogações formuladas pelos senadores, mas as respostas que o general não foi capaz de prover. Restou a impressão de que o Planalto terá de ralar mais do que gostaria para deter a CPI.
Num dos ataques que Pazuello suportou em silêncio, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) bateu abaixo da linha da cintura: “Eu tenho fé em Deus que tanto o senhor como o presidente da República irão responder por genocídio, seja aqui no Brasil, seja no Tribunal Penal Internacional.”
Contarato prosseguiu: “O senhor deve ser responsabilizado criminalmente, como o presidente, porque vocês estimularam aglomeração, o não distanciamento social, a não utillização de máscaras e o uso de medicação sem nenhuma comprovação científica”.
Desculpando-se por usar “palavras duras”, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse ter identificado na exposição feita por Pazuello na abertura da sessão “um misto de ignorância e mentira.” O general não esboçou reação.
Para Alessandro, Pazuello soou ignorante ao declarar que o governo surpreendeu-se com a escalada de contágio que provocou o colapso do sistema hospitalar de Manaus. “Não surpreendeu a quem estava acompanhando o cenário técnico”, declarou. “Fazia parte do roteiro traçado pelo vírus inclusive na Europa.” O senador considerou mentiroso o trecho em que Pazuello declarou que o governo surpreendeu-se com a escalada de contágio que provocou o colapso do sistema hospitalar de Manaus.
“Não surpreendeu a quem estava acompanhando o cenário técnico”, declarou. “Fazia parte do roteiro traçado pelo vírus inclusive na Europa.” O senador considerou mentiroso o trecho em que Pazuello declarou que o governo agiu com rapidez e proatividade.
Só houve agilidade no instante em que o governo minimizou a pandemia, avaliou Alessandro. Ele tachou de “patética” a previsão de Bolsonaro segundo a qual a pandemia seria uma “gripezinha”.
Médico sanitarista, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) também mirou em Bolsonaro. Declarou que a “incompetência vem do centro do poder, da forma criminosa como, do ponto de vista sanitário, o presidente se conduziu.” Na sua avaliação, o “grande responsável” pelo elevado número de mortos “foi o presidente, que não foi capaz de assumir a ciência”. Pazuello reagiu com um silêncio de cemitério.
No comando da sessão, o novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), adotou um formato que favoreceu a fuga de Pazuello. Divididos em blocos de cinco, os senadores empilharam críticas e indagações. Ao responder coletivamente, o ministro desviou de interrogações incômodas e desconversou quando lhe pareceu mais cômodo.