Saúde
Crianças com HIV: Como é o tratamento e cuidados na infância
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A AIDS é uma doença crônica causada pelo HIV, um vírus que gera uma imunodeficiência, deixando o organismo predisposto a adquirir infecções frequentes. Embora seja mais comum entre os adultos, as crianças também estão sujeitas a contrair essa infecção.
O HIV não tem cura, mas tem tratamento e, quanto antes for iniciado, maior é a expectativa de vida dos pacientes. Entretanto, as crianças têm a imunidade mais imatura quando comparadas aos adultos e, por isso, a doença pode se agravar mais facilmente, exigindo cuidados ainda maiores para essa faixa etária.
Grávidas com HIV: como o bebê se infecta?
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 90% dos casos de HIV infantil estão relacionados à transmissão vertical, ou seja, quando o vírus é passado da mãe para o bebê – seja na gestação, no parto ou até mesmo pela amamentação.
“Por conta disso, existe um protocolo de tratamento que inclui o uso correto de drogas antirretrovirais pela mãe durante toda a gestação, uso de AZT endovenoso durante o parto e uso de AZT ou nevirapina xarope na criança por 6 semanas, independentemente de estar ou não infectada, como profilaxia”, esclarece a infectologista Elisa Miranda Aires.
É importante ressaltar que o pré-natal e o uso correto da terapia antirretroviral – que além de gratuita é um direito totalmente concedido à paciente -, devem ser seguidos corretamente, senão a chance da criança nascer com HIV é estimada em 30%.
A infectologista Elisa Miranda Aires ressalta que, se a mãe fizer o acompanhamento e tratamento precoce, a chance de transmitir a doença para o bebê pode cair para cerca de 2%.
Mãe soropositiva deve amamentar o bebê?
A amamentação é um dos momentos mais importantes após o parto, principalmente para o bebê que necessita de todos as vitaminas e nutrientes proporcionados pelo aleitamento materno. No entanto, a mãe soropositiva não deve amamentar o seu bebê.
Segundo a médica Elisa Aires, o vírus está presente no leite materno e há vários casos comprovados de infecção por amamentação. “Pensando nisso, o governo brasileiro fornece, gratuitamente, leite artificial para estas crianças”, destaca a especialista da DaVita Serviços Médicos.
Como é feito o diagnóstico do bebê
Quando o bebê nasce, é feito um teste chamado PCR quantitativo para HIV, ou carga viral, que tem como objetivo detectar o vírus no sangue do recém-nascido. O teste precisa ser repetido algumas vezes para comprovar o resultado.
Caso sejam resultados negativos, por último, é feito o teste de anticorpos aos 12 meses. Se o resultado permanecer negativo, significa que o bebê não tem infecção pelo HIV. Do contrário, se o resultado der positivo, repete-se o teste sorológico em 18 meses, porque a criança ainda pode ser portadora do anticorpo da mãe.
De acordo com a infectologista Elisa Aires, mesmo que a criança não tenha sido infectada, ela deve ser acompanhada por mais cinco anos em vista da possibilidade de efeitos colaterais tardios das medicações recebidas.
Impactos da AIDS na infância
O tratamento para o bebê que nasce com HIV é feito com drogas antirretrovirais assim que ele chega ao mundo, ajudando a melhorar a imunidade e controlar a quantidade de vírus no sangue.
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“Isto tem um impacto positivo, pois diminui as chances de lesões do próprio vírus no cérebro, coração, rim e outros órgãos, além da ocorrência de infecções comuns bacterianas ou até incomuns”, explica a médica.
Mas a doença também tem muitos impactos negativos na infância. “O número de drogas liberadas para uso em crianças é restrito, o gosto dos remédios é ruim, o impacto psíquico de ter uma doença incurável também é bastante doloroso”, pondera a médica.
Além disso, algumas crianças perdem seus pais precocemente para a AIDS, o que contribui para um grande índice de orfandade. Há também outras questões, como pobreza, desajustes sociais, familiares e história de dependência química dos pais, que geram impactos na criança com HIV.
Neste contexto, é importante ressaltar que, assim como os adultos, as crianças também podem adquirir a infecção por estupro, por contato com sangue contaminado ou por uso de drogas endovenosas. Ou seja, a exposição infantil ao HIV pode acontecer de muitas maneiras que vão além da transmissão vertical.
Tratamento do HIV em crianças
Logo que o bebê nasce, é feita a dosagem da carga viral do HIV e, se esta der positiva, é realizada a genotipagem, um teste para ver se a criança recebeu de sua mãe um vírus já resistente a alguma droga.
De acordo com a médica Elisa Aires, independente de o bebê estar ou não infectado, é iniciado um tratamento com AZT por quatro semanas ou outra droga chamada nevirapina (com três doses).
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“Após duas semanas do término, se o vírus for detectado, inicia-se o tratamento regular com um coquetel, em geral de três drogas, e segue acompanhando com a dosagem periódica de carga viral e de linfócitos CD4 (que medem a imunossupressão)”, explica.
No caso de resistência a uma ou mais drogas detectadas pela genotipagem, ao longo do acompanhamento, a medicação é trocada de acordo com a necessidade e disponibilidade. “Mas se a criança nasce com HIV negativo, ela recebe uma profilaxia com AZT xarope durante seis semanas”, completa a infectologista.
Uma criança com AIDS pode infectar outras em brincadeiras?
Não é indicado proibir a criança soropositiva de brincar com outras crianças que não têm o vírus. Afinal, o contato social é fundamental para o crescimento saudável.
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O Ministério da Saúde afirma que não há comprovação de que crianças com HIV transmitem a doença por meio da brincadeira. Vale ressaltar que, a AIDS não pega pelo ar, então não é saudável proibir uma criança de conviver bem com o colegas.
A única questão é se atentar aos possíveis imprevistos das brincadeiras. Em caso de acidentes, se as crianças porventura se machucarem, é indicado lavar bem as mãos, limpar o ferimento e proteger-se do contato com o sangue. No entanto, esses cuidados valem para qualquer criança, seja ela portadora ou não de HIV.
Cuidados com a criança soropositiva
Uma criança soropositiva pode contrair com mais facilidade e gravidade infecções bacterianas comuns, como sinusite, otite, pneumonia, tuberculose, entre outras.
“Quando a criança atinge uma idade maior, fica vulnerável também a infecções oportunistas semelhante aos adultos, como pneumonia por Pneumocystis e toxoplasmose cerebral”, exemplifica a infectologista da DaVita Serviços Médicos.
Pensando nisso, o ideal seria dar todas as vacinas, mas se a criança tem a imunidade muito baixa, ela não pode receber qualquer imunização. “A criança não pode ser vacinada com vírus vivo, como sarampo, rubéola, caxumba, varicela, pólio oral e febre amarela. Já as vacinas como Haemophilus, pneumococo, BCG, hepatite A, hepatite B podem ser dadas”, informa a especialista.
Outro ponto de atenção é proporcionar uma vida normal e dentro das possibilidades para a criança, ou seja, não privá-la de ir à escola e ao parque, por exemplo. Segundo o Ministério da Saúde, a criança nesta situação precisa de todo o apoio da família e dos amigos.
Apesar do HIV não ter cura, quando a criança permanece em acompanhamento médico e faz o tratamento corretamente, ela consegue levar uma rotina mais alegre e sociável – inclusive, com uma excelente expectativa de vida.
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