Direto de Brasília
Apenas 10% dos usuários de cartões de crédito recorrem ao rotativo, afirmam empresas
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A CPI dos Cartões de Crédito, que investiga a cobrança de juros extorsivos cobrados pelas operadoras, ouviu nesta quarta-feira (16) representantes de empresas credenciadoras e estudiosos do mercado.
O representante da Associação das Empresas de Cartões de Crédito, Ricardo Vieira, traçou um panorama do setor em 2017. Quase um terço do consumo das famílias brasileiras se fez por meio dos cartões: foram 13 bilhões de transações. O montante chegou a R$ 1,36 trilhão.
Segundo Vieira, 99,9% dos municípios brasileiros têm pelo menos uma maquina de cartão disponível. As compras por telefone ou pela internet já correspondem a 20% do total de transações.
— Noventa por cento dos brasileiros liquidam integralmente suas faturas no vencimento. Não pagam qualquer tarifa ou juros ao sistema financeiro brasileiro. De R$ 1,36 trilhão de crédito disponível à pessoa física no Brasil, R$ 13 bilhões são de rotativo. É menos de um por cento do crédito.
Ex-presidente do Banco Central, o economista Gustavo Loyola disse que o parcelamento de despesas no cartão de crédito “pegou” no Brasil. Segundo ele, a prática gera distorção nas taxas que incidem sobre esse tipo de transação e afeta o equilíbrio do sistema.
— O financiamento se dá pelo próprio lojista no momento da compra. Isso distorce as taxas cobradas ao longo da cadeia produtiva. É uma realidade brasileira. Nós precisamos saber como lidar com essa realidade, mas ela não pode ser ignorada. Como equilibrar os custos do sistema de cartões entre seus vários participantes.
De acordo com os convidados, o mercado de crédito é competitivo: são mais de dez bandeiras e mais de 50 emissores de cartões. Mas, de acordo com Vinícius Carrasco, economista-chefe da Stone Pagamentos, alguns “arranjos” do mercado brasileiro precisam ser enfrentados.
— O histórico brasileiro de altas taxas de inflação e de juros foi o que levou o varejista a conceder crédito por meio de cheques pré-datados ao consumidor. Mas a raiz do problema que levou a esse arranjo continua presente: altas taxas de juros. E não é de se surpreender o fato de que um arranjo como esse sobreviva num mundo de menores taxas de inflação e juros.