Agronegócios
Trigo brasileiro é avaliado na França
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O setor de triticultura envolve três elos: o produtor que usa cultivares de qualidade, o moageiro que seleciona e a panificação que resulta em produtos de qualidade. Para observar a qualidade do trigo nacional amostras de seis variedades desenvolvidas pela Biotrigo Genética, de Passo Fundo (RS), foram enviadas para a França para serem avaliadas em parceria com a Eurogerm, empresa especializada em tecnologia de panificação. As mesmas seis e mais uma cultivar foram analisados em laboratório no Brasil.
O processo de análise e os resultados foram apresentados em no webinar “A qualidade dos trigos nacionais”, promovida pela Biotrigo nesta quarta-feira (8), com a participação de Sebastien Jollet, diretor de exportação para as Américas do grupo Eurogerm e de Mauricio Sandri, da Eurogerm Brasil.
A análise
Inicialmente os testes foram realizados em seis variedades de trigo em Dijon, na França. São elas as cultivares TBIO Audaz, Sossego, Sonic, Toruk, Duque e Noble.
Foram três laboratórios envolvidos no processo com o método Chronotec. Primeiro as amostras passaram pela unidade de grãos que preparou as sementes para o processamento e a farinha obtida seguiu para o segundo laboratório, onde são avaliadas as características de plasticidade da massa e sua aptidão para a panificação para seguir para a terceira fase no laboratório de panificação, onde é verificada a performance na prática. O método usado neste caso foi o que avalia pão crocante, base da panificação francesa.
Ao final da análise é emitido um documento automático, a partir da avaliação dos panificadores, que indica os padrões de comportamento e qualidade da farinha. “Trigo de qualidade vem da performance de uma cultivar de qualidade”, destaca Jollet.
Os resultados
As avaliações classificam as cultivares. Todas as seis ficaram entre o nível bom e excelente, ressaltando o potencial da genética brasileira. O comportamento da massa ao longo do processo mostrou ótimos resultados.
São três aspectos observados: na absorção, a quantidade de água usada na elaboração da massa do padeiro deve ser superior a 60 no padrão de trigo melhorador francês, para uma boa qualidade de pão. Todas as avaliadas ficaram acima desse padrão.
A segunda é a nota de massa que leva em consideração modelagem, amassamento, fermentação e tolerância. Todas ficaram acima de 80 pontos.
O último quesito é a nota de pão influenciada pelo volume, forneamento e corte realizado, onde o volume de 2000 centímetros cúbicos na primeira forneada é considerado excepcional. Todas também tiveram bom desempenho. “Algumas cultivares surpreenderam e bateram todos os recordes dos laboratórios franceses. Todas elas seriam consideradas trigo melhorador na França”, destaca Sandri
Veja melhor na tabela de cada cultivar:
Depois da análise na França, a unidade brasileira da Eurogerm, em Itupeva (SP), fez novos testes. “Achamos que também seria interessante avaliar as características fazendo nosso pão francês de cada dia, para um consumidor brasileiro exigente”, explica Sandri.
Avaliação no Brasil
Foram observados processos de curta fermentação, longa fermentação e massa crua congelada. A cultivar Ponteiro foi acrescida ao processo das outras seis. “Na fermentação curta tivemos um recorde de pontuação de volume específico. O mercado brasileiro deseja números acima de 10. Todas tiveram desempenho acima disso, com destaque para a Audaz, com 14”, ressalta.
Na longa fermentação, onde o padeiro elabora a massa na véspera. “Tivemos destaque em volume de panificação na cultivar Audaz, com 282, a Sossego com 280 e a Ponteiro com 279. Essas são as variedades mais adaptadas para mesclas de trigo pelo moageiro”.
Em congelados recordes em volume específico acima de 12 centimetros cúbicos por grama em Audaz, Toruk e Noble e valor de panificação geral com miolo impecável pela variedade Sossego. “Reproduzimos as técnicas mais usadas na panificação brasileira para avaliar o desempenho e a boa notícia é que em todos processos as variedades são extremamente adaptadas, algumas com recordes históricos”, finalizou Sandri.
Perspectivas para a safra
De acordo com o 10º levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nesta safra o trigo está em expansão. A área cresceu 17% no Mato Grosso do Sul, chegando a 32 mil hectares e caracterizando o interesse do Cerrado pelo cereal. No Sul, maior produtor, o Paraná aumentou a área em 6,5% e deve colher 2,6 milhões de toneladas. Já o Rio Grande do Sul aumentou a área plantada em 10% e deve produzir 2,1 milhões de toneladas.
Em vídeo conversamos com o gerente comercial da Biotrigo para a América Latina, Fernando Michel Wagner, sobre a safra, mercado e o potencial dos trigos nacionais.