Saúde
CORONAVÍRUS – Antimaláricos podem prejudicar a visão
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Cloroquina e hidroxicloroquina formam depósitos nos olhos que causam maculopatia tóxica. Entenda
A recente divulgação de um estudo francês que aponta os antimaláricos, cloroquina e hidroxicloroquina, como opções baratas e rápidas para combater o novo coronavírus (Sars-Cov-2) pode criar outros problemas de saúde. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier a toxidade desses medicamentos para o sistema ocular é conhecida há anos. Um relatório da AAO (Academia Americana de Oftalmologia) mostra que tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina podem causar maculopatia tóxica. A doença, explica, é uma alteração na mácula, porção central da retina responsável pela visão de detalhes e provoca uma deficiência visual que não tem cura.
O especialista afirma que o relatório da AAO revela que a maculopatia tóxica acontece entre pessoas que usam antimaláricos por anos para tratar doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide, entre outras. “O risco depende da dose. Só é considerado baixo para a saúde ocular quando a dosagem é de 5mg/quilo/dia”, salienta. O problema, ressalta, é que embora o tratamento da COVID-19 com antimaláricos seja de apenas 6 dias, a dose recomendada chega a ser 25 vezes mais alta.
Sem sintomas
Até agora não há relatos de alterações na mácula dos pacientes que usaram cloroquina ou hidroxicloroquina associada ao antibiótico, azitromicina, para tratar a COVID-19. Não quer dizer que o uso seja seguro. Queiroz Neto explica que no início a maculopatia não altera o teste de acuidade visual, visão de cores ou o exame de fundo de olho. Quem faz uso contínuo desses medicamentos, ressalta, é submetido periodicamente ao exame de campo visual estático com estímulo vermelho, angiografia para avaliar o fluxo sanguíneo da retina e testes eletrofisiológicos que detectam a doença antes de surgirem sintomas.
Por isso, por prevenção, o especialista recomenda a quem correu à farmácia e tomou cloroquina ou hidroxicloroquina por conta própria consultar um oftalmologista, mesmo que não esteja percebendo alteração na visão.
O oftalmologista afirma que na Medicina só são aceitas soluções que garantam segurança pelo rigor científico. O estudo francês coordenado por um dos mais respeitados infectologistas do mundo, Didier Raould, que associou cloroquina ou hidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina para combater a COVID-19 foi testada em um grupo de apenas 20 pessoas e não seguiu todos os protocolos científicos. Por isso, gerou críticas entre cientistas.
Queiroz Neto ressalta que o uso de medicamentos já existentes para novas finalidades é uma prática antiga na Medicina. Um exemplo bastante popular na Oftalmologia, comenta, é o colírio de atropina, originalmente indicado para dilatação de pupila nos exames oftalmológicos que vem sendo usado com relativo sucesso em vários países para barrar a evolução da miopia em crianças.
O estudo com antimaláricos para combater a COVID-19 obteve sucesso em 70% dos participantes. O consumo por conta própria disparou e fez os remédios desaparecerem nas farmácias. Para frear a automedicação a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) passou a exigir apresentação de receita médica na compra.
Campanha global
Ninguém duvida da urgência em disponibilizar terapias seguras para combater a pandemia de COVID-2019 que avança no mundo todo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) está anunciando a campanha global, Solidarity, em que vai testar duas diferentes classes de medicamentos para combater o novo coronavírus. Os medicamentos inclusos nesta campanha são:
- Antimaláricos – cloroquina e hidroxicloroquina que podem ter resultado em 60 dias com indicação de dosagem segura e contraindicações que devem incluir doenças cardíacas, hipertensão arterial e insuficiência renal.
- Antirretrovirais – Entre os medicamentos a OMS destaca o ritonavir e lopinavir indicados para controlar o vírus da aids. Isso porque, inibem enzimas e o novo coronavírus depende de enzimas para se multiplicar.
Na mesma classe o interferon beta que é usado no combate à hepatite C e demostrou bom controle da epidemia da síndrome respiratória aguda causada pelo coronavírus (Sars-Cov) em 2002.
Outro antirretroviral que será testado pela OMS na Solidarity é o Remdesivir que foi desenvolvido para controlar o ebola no ano passado.
Por enquanto não existe um medicamento para o novo coronavírus. Por isso a dica de Queiroz Neto é manter a alimentação e sono equilibrados para fortalecer o sistema imunológico.
Assessoria