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Ministro boliviano acusa Evo Morales de terrorismo


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O ministro de Governo da Bolívia, Arturo Murillo, apresentou ao Ministério Público, nesta sexta-feira (22), denúncia contra o ex-presidente Evo Morales e o ex-ministro da presidência, Juan Ramón Quintana. A acusação é de crimes de terrorismo e rebelião.

“As provas são claras, Juan Ramón Quintana disse que iria transformar a Bolívia em um Vietnã, e é o que está tentando fazer(…) a prova contra Evo Morales são o vídeo e a gravação, onde está muito claro que ele diz para matar bolivianos, cercando a cidade “, afirmou Murillo.

De acordo com a Agência Boliviana de Informação (ABI), no início de novembro, Quintana alertou que “a Bolívia se tornará um grande campo de batalha, um Vietnã moderno, porque aqui as organizações sociais encontraram  horizonte para reafirmar sua autonomia, soberania e identidade”.

Há dois dias, o ministro de Governo apresentou um vídeo em que se escuta, supostamente, a voz de Evo Morales dando instruções para que seus apoiadores sigam com bloqueios nas estradas do país, impedindo a distribuição de alimentos e combustíveis.

No material apresentado por Murillo, o ex-presidente Evo Morales, que está asilado no México, estaria orientando Faustino Yucra Yacri – que segundo o ministro tem ligações com o narcotráfico – a manter o cerco e o bloqueio de estradas, e derrotar o “golpe de Estado racista e fascista”.

No áudio, cuja voz supostamente é de Evo Morales, se escuta: “Irmãos, não deixem que entre comida nas cidades, vamos fazer um cerco às cidades (…) Agora estamos vivendo na ditadura, esta é a ditadura, alguns não entendem (o que é a ditadura), mas agora as pessoas vão ver o que é viver a ditadura com o golpe de Estado. Estou pensando, e quero que saibam que, se a Assembleia (Legislativa) amanhã ou depois rejeitar a minha renúncia, tentarei voltar, irmão, mesmo que me prendam, lutaremos muito contra os racistas e fascistas”.

Crise

A Bolívia passa por uma crise política e social desde que no dia 20 de outubro ocorreram as eleições gerais. Em um processo com suspeitas de fraude, que posteriormente foram confirmadas por auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA), Evo Morales venceu em primeiro turno, com uma margem apertada de vantagem sobre Carlos Mesa, o candidato opositor.

Após três semanas de protestos, no dia 10 de novembro, após a OEA divulgar o resultado da auditoria que apontava para “falhas graves” e manipulação informática no processo eleitoral, Evo Morales renunciou, pressionado pelas Forças Armadas.

Jeanine Áñez, que era a segunda vice-presidente do Senado naquele momento, se autoproclamou presidente interina do país, uma vez que todos os políticos que ocupavam cargos importantes na linha sucessória haviam renunciado, entre eles o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, os presidentes da Câmara de Deputados e do Senado e o primeiro vice-presidente do Senado.

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