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Caso Lauanny acende alerta sobre violência infantil; Ariquemes, RO, soma 450 crimes este ano


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O assassinato da menina Lauanny Hester Rodrigues, de apenas 2 anos, espancada até a morte pelo pai e a madrasta no último fim de semana, reacendeu um alerta sobre a violência contra as crianças e as consequências desses maus-tratos.

Somente em Ariquemes (RO), cidade onde o crime contra Lauanny aconteceu, 450 casos de agressões contra crianças e adolescentes já foram registrados na delegacia este ano. Em todo 2018, houve 500. Os números, no entanto, podem ser ainda maiores, já que muitos dos casos não chegam às autoridades.

De acordo com a psicóloga Alcilene Conroy, do Centro de Referência Especializado de Assistência Social de Ariquemes (Creas), boa parte das agressões são praticadas pelos próprios familiares. A justificativa: corrigir um mal comportamento.

“No Estatuto da Criança e do Adolescente e também a Lei 3.010, que é a Lei do menino Bernardo, de certa maneira fala que toda a criança e todo o adolescente tem o direito de crescer e de se desenvolver longe da violência”, explicou.

São encaminhadas ao Creas mensalmente, em média, 13 crianças vítimas de violência física. O centro faz o acompanhamento psicológico e social de toda a família da criança.

Violência contra crianças: Ariquemes registra mais de 400 casos de agressão em 2019

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Antes de serem enviadas ao Creas, as primeiras denúncias de maus tratos seguem ao Conselho Tutelar, que chega a atender cerca de 20 casos por mês.

“Como diz o artigo 4, que é dever da família, da sociedade, do estado, assegurar com absoluta prioridade o direito referente a vida, a saúde e a educação, a alimentação, a assistência social, a segurança, a convivência social e familiar. Então o Conselho Tutelar todas as vezes que esses direitos são violados ou ameaçados, nós entramos com a medida de proteção”, reforçou o conselheiro tutelar Alexandre Bonfim.

Conforme Alcilene Conroy, são inúmeros os danos à vida da criança agredida. “A criança que sofre violência física, ela tem várias consequências negativas e essas consequências vão afetar tanto o seu cognitivo, seu comportamental, a sua relação com o outro e o seu emocional.

As denúncias devem ser feitas pelo telefone 190 da Polícia Militar (PM) ou pelo 197, da Polícia Civil. Há, ainda, o Disk 100. Não é preciso se identificar.

Morte de Lauanny Hester

Lauanny Hester Rodrigues, morreu depois de ser espancada pelo pai e a madrasta no fim da manhã do sábado (21), no bairro Marechal Rondon, em Ariquemes.

A Polícia Militar (PM) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados por vizinhos que ouviram a criança sendo agredida. Porém, quando a equipe médica e a guarnição chegaram a menina não apresentava mais sinais vitais.

Pai de Lauanny segue preso em Ariquemes.  — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Pai de Lauanny segue preso em Ariquemes. — Foto: Polícia Civil/Divulgação

O pai da criança, William, e a madrasta, Ingrid, foram localizados pela PM em uma prainha. Segundo a corporação eles estavam deitados embaixo de uma árvore junto com um bebê de 5 meses, que é filho do casal.

Segundo Rodrigo Camargo, delegado responsável pelo caso, durante o interrogatório os suspeitos disseram que, de fato, tinham batido na menina por duas vezes.

“Às 2h40 da manhã eles acordaram, foram até a cozinha e viram que a criança tinha rasgado um saco de farinha de trigo. Diante disso, o pai acabou dizendo que para corrigir acabou agredindo a criança. Uma agressão absurda que, na minha visão e da polícia judiciária, configura tortura”, disse o delegado.

Madrasta da menina está presa em Ariquemes — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Madrasta da menina está presa em Ariquemes — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Na terça-feira (24), o judiciário manteve a prisão preventiva do pai, William Monteiro da Silva, de 25 anos, e a madrasta, Ingrid Bernardino Andrade, de 23 anos. Ele segue detido no Centro de Ressocialização de Ariquemes, enquanto Ingrid está à disposição da Justiça no presídio feminino da cidade.

O advogado do casal, Hamilton Trondoli, informou que a defesa está formulando um pedido técnico para a liberdade dos clientes e que deve entrar com um pedido de revogação da prisão preventiva.

O bebê do casal, uma menina, está sob tutela do estado e permanece acolhida em um abrigo do município desde o dia da prisão dos pais.

Na última segunda-feira (23), a Polícia Civil divulgou que Lauanny já tinha sofrido agressões do pai. Em fevereiro, a menina teve o braço quebrado.

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