Cuiabá-MT
Alberto Machado: “Teremos candidato com Emanuel Pinheiro forte ou fraco; do jeito que for”
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Secretário-chefe de gabinete do governador Mauro Mendes, o presidente Municipal do Democratas Alberto Machado afirmou que a sigla lançará um nome para disputar a Prefeitura de Cuiabá, em 2020, independente da força que terá o principal adversário: o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que vai à reeleição.
Em conversa com o MidiaNews, nesta semana, Beto, como é conhecido, reconheceu que o emedebista deve largar à frente dos concorrentes, mas disse que o DEM tem os melhores nomes para administração pública e, por consequência, condições de desenvolver uma gestão melhor que a atual.
“O Emanuel é um grande político, habilidosíssimo na questão das relações institucionais e isso tem que ser respeitado, mas a gente entende que o DEM pode fazer melhor. Então, vamos ter candidato com Emanuel forte ou fraco, do jeito que for. E a eleição não tem só Emanuel”, afirmou.
Para o aliado do governador, o episódio do vídeo em que Emanuel aparece recebendo maços de dinheiro – divulgados após a delação do ex-governador Silval Barbosa – irá pesar no processo eleitoral, mas não será decisivo. Ele disse acreditar que a vitória em uma campanha se deva a um conjunto de fatores.
Ainda na entrevista, Machado comentou sobre os primeiros seis meses da gestão de Mendes. Disse que o democrata encontrou o Governo em uma situação catastrófica e que precisou fazer ajustes na máquina. Citou que somente por conta dessas ações é que o Executivo consegue, hoje, transformar o Estado em um canteiro de obras.
É um caminho lógico e natural ter candidato a prefeito. Não tem lógica o DEM não ter candidato próprio a prefeito de Cuiabá
“Tivemos que fazer os enfrentamentos para que essas coisas pudessem acontecer. Tivemos que enfrentar a rejeição de alguns segmentos para garantir recursos”, disse.
Confira os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – O senhor foi colocado na presidência do Democratas em Cuiabá há duas semanas em meio a uma polêmica por conta do processo eleitoral de 2020. Muito se fala em uma divisão interna no DEM, com o grupo dos Campos querendo uma aliança com Emanuel Pinheiro e o grupo do governador Mauro Mendes refutando a hipótese. Não é um risco o partido chegar rachado em 2020?
Alberto Machado – O que aconteceu foi um erro de comunicação. Eu estava em uma reunião com todos eles quando surgiu a possibilidade de me convidarem para a presidência do partido. Quero agradecer a confiança. Eles são a história da política mato-grossense. O DEM é a cara do Júlio e do Jaime. Temos que prestar homenagens a eles pelo que fizeram e fazem ainda pelo Estado. Então, alguém como eu, novo na política, sendo convidado para estar lá, me senti honrado. E ao mesmo tempo sei da responsabilidade que é estar lá para fazer essa condução. Eu não sou um cara bélico, sou de diálogo e conversa.
Quando teve esse mal-entendido, marcamos uma reunião na sala do presidente da Assembleia, Eduardo Botelho, em que estavam todos. É óbvio, normal, que todos busquem espaço. No poder, o espaço não fica vago. Este é um dos maiores partidos do Brasil, talvez o maior do Estado, com governador, senador da República, presidente da Assembleia, líder do Governo. É natural que o DEM seja um partido em que todos queiram ampliar seus horizontes. E, ao mesmo tempo, é natural o partido que tem o governador do Estado, que foi prefeito de Cuiabá, que saiu com 80% de aprovação, que seu grupo esteja à frente disso. E de uma forma natural acabou acontecendo. Mas eu não sinto dois grupos no DEM. Somos um partido muito forte, que tem quadros para brigar por qualquer uma das posições dentro da política deste Estado.
A missão de construir uma chapa de vereadores é prioritária, não pode ficar em segundo plano. Desde 2004 não temos vereador. O último foi o irmão do [deputado Eduardo] Botelho, Luiz Marinho. E de lá para cá, o DEM não conseguiu se reorganizar dentro do Município. Estamos trabalhando para fazer uma chapa forte, de três a quatro vereadores.
Com relação à majoritária, o DEM, com os nomes que tem, com a estrutura que tem, um governador que foi prefeito de Cuiabá, é um caminho lógico e natural ter candidato a prefeito. Não tem lógica o DEM não ter candidato próprio a prefeito de Cuiabá. Eu acho impensável o DEM não ter candidato.
MidiaNews – Hoje, então, seria praticamente impossível uma aliança com Emanuel Pinheiro?
Alberto Machado – No que discutimos, na minha leitura de interpretar, eu acho pouco possível.
MidiaNews – O governador tem, inclusive, trocado farpas com o prefeito por meio da imprensa. Ele já declarou no último mês que o DEM tem a obrigação de lançar um nome. Entre os mais cotados está o secretário de Saúde Gilberto Figueiredo. Como está isso?
Alberto Machado – O DEM tem quadros muito bons. O Gilberto ainda não está no DEM, mas seríamos infantis em não falar dele, que vai estar no partido. Assim como o vereador Marcelo Bussiki. Temos, também, o Rogério Gallo, que já foi prefeito [assumiu quando era procurador-geral do Município]. Lá na Prefeitura tem a foto dele [período em que Mendes tirou férias]. Ele é secretário de Fazenda, procurador do Estado, tem conhecimento amplo da cidade. Temos o Marcelo Padeiro, que conhece muito bem Cuiabá, parece até que tem uma planta na cabeça. Tem o Mauro Carvalho, que está fazendo um trabalho belíssimo à frente da Casa Civil. Ele é alguém muito próximo ao governador, são amigos.
Outra questão é que eu e Botelho já sentamos e convidamos o Roberto França para se filiar ao DEM. Ele gostou da conversa. Ele tem grandes amigos no partido, tem um relacionamento fantástico aqui. Nosso convite foi feito de forma oficial. Ele seria um ótimo candidato. No meu entendimento, a gente pode fazer uma gestão maravilhosa. Os números mostram a gestão dos nossos potenciais candidatos. Acho que podemos contribuir, sim. E por isso afirmo que o DEM terá candidato em Cuiabá.
MidiaNews – Análises de bastidores apontam que o prefeito Emanuel Pinheiro deve sair com uma vantagem considerável em relação aos eventuais adversários. Em especial por conta de sua gestão. Concorda com isso?
Alberto Machado – Eu fui candidato a vereador. E você disputa uma eleição porque parte do princípio de que não é representado de alguma forma. Então, o DEM entende, com clareza, que pode fazer uma gestão melhor. O Emanuel é um grande político, habilidosíssimo na questão das relações institucionais e isso tem que ser respeitado, mas a gente entende que o DEM pode fazer melhor. Então, vamos ter candidato com Emanuel forte ou fraco, do jeito que for. E a eleição não tem só Emanuel. Não é segundo turno direto. Vamos ter candidatos de vários segmentos. Tem, por exemplo, o grupo dos vereadores de oposição, que estão se articulando de forma impressionante para construir uma candidatura. Já ouvi falar de Felipe Wellaton, de Diego Guimarães, já ouvi falar de Lúdio Cabral, de Gisela Simona, que fez uma campanha para deputada federal assustadora, com muito voto. Então, não existe eleição fácil, não existe eleição ganha. Existe disputa de bons projetos e espero que Cuiabá escolha o melhor.
MidiaNews – Mas acha que o Emanuel parte como o favorito na disputa?
Alberto Machado – A pessoa que tem a máquina… Ele é o prefeito da cidade. O cara que está o dia inteiro manuseando a cidade. A campanha é 24 horas. Então, é natural que quem esteja no cargo e vá disputar a reeleição… Assim como Pedro Taques quando disputou a reeleição, para mim era um cara fortíssimo.
MidiaNews – Como analisa a gestão do Emanuel?
Alberto Machado – Eu acho que ele faz uma gestão política muito boa. Ele se relaciona muito bem com os grupos políticos. A relação dele com os presidentes de bairro é muito boa, mas talvez a gente consiga entregar, fazer entregas melhores para a população de um modo em geral. Essa é a síntese do que quero dizer.
MidiaNews – Qual nota daria para ele?
Alberto Machado – Eu acho que dou uma nota 5.
MidiaNews – Apesar de haver um relacionamento institucional entre Emanuel e Mauro, eles são adversários. O fato de termos um prefeito do mesmo partido que o governador mudaria muito? Seria melhor? Seria um trunfo do DEM?
Alberto Machado – Eu vou citar um exemplo. O presidente do Senado [Davi Alcolumbre] é do DEM. E senti uma facilidade gigante de o governador ligar para o presidente do Senado, do nosso partido, para tratar a questão do empréstimo dolarizado. O cara tem uma liberdade maior de mostrar o que o Estado dele está precisando. Ninguém vai deixar de fazer o que precisa ser feito. O Mauro Mendes não vai deixar de fazer um repasse para a Saúde, porque é o Emanuel, porque é A, B ou C. Mas a liberdade, o relacionamento mais próximo, facilita. Os projetos se conversam, a ideologia se conversa.
MidiaNews – O governador Mauro Mendes tem adotado uma política de aperto nos cintos, inclusive cortando aumentos para servidores públicos. E Cuiabá é uma cidade com um grande contingente de servidores. Não teme que isso possa prejudicar um eventual candidato governista?
Alberto Machado – Eu acho que o Governo não pode governar pensando na eleição. Esse é o primeiro passo. O governador tem que fazer o que precisa ser feito. E acho que muitos governantes erraram nisso no passado, porque governaram pensando na próxima eleição. O governador tem que tomar as atitudes que tem que tomar. E no meu entendimento, o governador está agindo correto. Está fazendo o melhor para o Estado e as pessoas vão enxergar. É questão de tempo. E não podemos vincular a gestão do Mauro Mendes com a questão da Prefeitura. O governador foi eleito para governar o Estado, não foi eleito para fazer o prefeito de Cuiabá. São questões diferentes. Elas podem respingar, mas não podemos fazer nada. E no meu entendimento, o Estado estará muito melhor do que recebemos.
MidiaNews – Qual será, em sua opinião, o impacto do caso paletó na eleição do ano que vem?
Alberto Machado – Eu acho que vai ser um impacto muito forte. O Emanuel vai buscar sua defesa, vai fazer sua justificativa. É uma imagem forte, complicada e acho que vai ser um dos fatores que vai pesar na eleição. Mas acho que é um conjunto. A eleição, você não ganha por um único motivo, é um conjunto de situações, é a vivência do cidadão, é o dia a dia. O cara pode ficar insatisfeito com determinada situação que, às vezes, a gente não compreende. Mas o cara que está vivendo compreende. Então, vai pesar, mas será um conjunto de situações.
MidiaNews – O deputado federal Carlos Bezerra afirmou que se o Emanuel estiver fazendo uma boa gestão, a tendência é o eleitor minimizar a questão do paletó. Concorda?
Alberto Machado – Eu acho que o Emanuel precisa melhorar a gestão para começar a conversa. Mas Bezerra, Jaime, Júlio… Temos figuras que são emblemáticas e temos que respeitar as opiniões deles. Mas acho que é um pouco mais profundo que essa afirmação. E essa defesa é natural. Ele é o cacique do MDB. Então, é natural eles terem um entendimento diferente do meu.
Acho que hoje em dia o eleitor está atento a tudo. A última eleição foi uma das mais diferentes dos últimos tempos, as pessoas analisaram um pouco mais. Veja o tamanho das mudanças. Algumas não foram o que a gente esperava, mas houve. Veja a Assembleia Legislativa, que de 24 ficaram 9 deputados. Foi um limpa. As pessoas tentaram entender. Acho que a cabeça do eleitor vem mudando. Nada vai ser tão simples quanto antes.
Gestão
MidiaNews – Como está o relacionamento do Governo com o presidente Jair Bolsonaro?
Alberto Machado – Está muito bom. Tenho uma clareza de que o governador está dialogando com muita facilidade com a gestão do Bolsonaro. A questão do FEX [Auxílio Financeiro de Fomento às Exportações] começou a andar um pouco mais. E temos que agradecer a bancada federal, que nos ajudou muito nisso. Está tendo uma integração interessante. Por mais que o FEX ainda não tenha vindo, mas as conversas estão andando muito bem, as demandas que temos estão funcionando. Na questão do empréstimo, o ministro [da Economia] Paulo Guedes foi muito resolutivo. Quando o governador precisou, o presidente Bolsonaro deu a resposta mais rápida e republicana possível. Então, temos um entendimento que está funcionando muito bem. Estamos vivendo uma crise mundial, com a questão do meio ambiente. Acho que o governador tomou a decisão acertada de se colocar como uma liderança nesse diálogo. O governador está fazendo a lição de casa com relação a isso. Então a relação está sendo muito boa.
MidiaNews – O governador Mauro Mendes assumiu o Estado enfrentando uma série de dificuldades financeiras, paralisado em termos de investimentos, atraso de 13º e dívidas bilionárias. Ele adotou uma série de remédios amargos, como cortes, taxação, contingenciamento. Qual sua a análise desses primeiros oito meses do Governo? Ele já atravessou o período mais complicado?
O governador, quando se colocou à disposição para ser candidato, sabia da realidade que ia enfrentar
Alberto Machado – O governador, quando se colocou à disposição para ser candidato, sabia da realidade que ia enfrentar. Ele tinha uma clareza das dificuldades em todos os setores. Óbvio, não tinha acesso aos detalhes disso, mas tinha uma clareza da dificuldade que seria recolocar o Estado em um rumo de crescimento. E quando você assume, se depara com os números reais, com os números que tem dentro de cada gaveta para destrinchar. E ele se deparou com um cenário catastrófico. Um resto a pagar de R$ 3,5 bilhões; 11 mil fornecedores sem receber; 13º atrasado. E o Mauro, quando assumiu, não hesitou em tomar as medidas que achava conveniente para recolocar o Estado nos eixos.
Logo nas primeiras semanas foi feito um pacote de ações, como a lei da RGA [Revisão Geral Anual], da Previdência, do Fethab [Fundo Estadual de Transporte e Habitação]. Fizemos uma construção ainda com os deputados antigos, a atual legislatura ainda não tinha assumido. Lembro uma cena clara dos servidores invadindo a Assembleia, os deputados votaram todos prensados no Colégio de Líderes, longe do plenário, tamanho era o movimento. Servidores não entendendo muito bem o que estava acontecendo, com o 13º atrasado, uma insegurança gigante. E o Mauro não teve medo. É o perfil do Mauro não ter medo de todas as decisões que ele tem convicção que são corretas.
O Mauro vem trabalhando fortemente, junto com o secretariado, em prol de achar soluções. Às vezes, mais amargas. Ele enfrentou uma greve – se não me engano a maior do Estado – da Educação. Eles pediam o pagamento da lei da dobra. O Mauro Mendes não deu o reajuste, mas não porque ele não quis, mas porque não existia a possibilidade, não existia espaço fiscal, não existia dinheiro. E o Mauro sempre foi muito convicto disso.
Mas uma coisa que não podemos negar: o Governo vem trabalhando para equilibrar todos os setores. O governador não está perseguindo o agronegócio, não está perseguindo servidor, não está perseguindo a indústria, nem o comércio. Ele está tentando equalizar. Fazer com que o Governo ache uma solução para que todo mundo dê sua contribuição. Não adianta a gente dar um aumento e não conseguir pagar o salário, não adianta o segmento tal ter tanta porcentagem de incentivo e o outro do mesmo segmento ter a metade. Temos que criar as alternativas para deixar esse jogo mais justo. Deixar o Governo ter essa função reguladora de fazer o Estado funcionar. E o governador não tem medo de tomar as decisões que julga importante. Enxergo que medidas amargas foram tomadas, como ditas na pergunta. Não é gostoso para o governador. Teve momentos em que ele teve falas ríspidas, por meio da imprensa, contra a Fiemt [Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso], que é um órgão de origem, de onde ele veio. Mas isso mostra que ele está atuando como governador do Estado, que não pode pensar na árvore, tem que pensar na floresta. Essa é a leitura que tenho. É um governo fortemente empenhado em colocar o Estado em ordem.
MidiaNews – A maior parte desses ajustes já foi realizada ou ainda existem desafios semelhantes?
Alberto Machado – Acho que existem alguns desafios por vir. Na minha interpretação, os grandes embates foram travados. Tínhamos uma situação de progressão da folha salarial dos servidores, que estava muito grande. Aprovamos o empréstimo agora do Banco Mundial e isso só foi possível porque o dever de casa foi feito. O sistema brasileiro financeiro entendeu que o Governo de Mato Grosso está tentando tomar as rédeas da economia. E isso mostra que estamos no caminho certo. As medidas amargas foram duras, mas foram tomadas. Mas o organismo é vivo e tem muito ajuste para se fazer aqui ou ali. Muitas coisas ainda estão para acontecer, mas, a grosso modo, o trabalho de reajuste, de colocar o Estado nos trilhos, de organizar a casa, já foi feito uma grande parte.
Acho que existem alguns desafios por vir. Na minha interpretação, os grandes embates foram travados
MidiaNews – O governador já disse que tem um estilo mais quieto de levar o mandato. Na Prefeitura de Cuiabá afirmou que ficou dois anos trabalhando em projetos para inaugurar nos outros dois anos. Acha que a lógica dele como governador vai ser essa também? Acha que o trabalho que o Governo tem feito vai ser mais percebido nos dois últimos anos?
Alberto Machado – Acho que o modelo mental do Mauro Mendes é esse. Já o vi falando isso. Eu estava na Prefeitura e vivi isso, com a construção de projetos importantes como o Parque das Águas, Tia Nair, Porto Cuiabá e Complexo Dom Aquino, que foram diferenciais importantes na gestão do Mauro e que foram idealizados no começo. E o governador tem muitas ideias e planejamentos que já estão em andamento. Mas esse é o perfil do Mauro. Ele planeja, deixa a coisa montada e só depois de ter a certeza e convicção que vai acontecer começa a avançar no quesito de anunciar.
Temos projetos belíssimos que ele está criando. Temos um em Chapada dos Guimarães. Mas o governador ainda não falou nada, porque está em fase de projeto, está estudando. E isso tem em todas as secretarias, todos os secretários estão trabalhando em paralelo. O Rogério Gallo [Fazenda] e a Procuradoria estão trabalhando para colocar o Estado em ordem enquanto as outras áreas estão preparando seus projetos para que as entregas sejam feitas. Marcelo Padeiro está fazendo um trabalho fenomenal à frente da Sinfra [Secretaria de Infraestrutura] e foi uma questão organizada no começo, quando colocamos uma parte do Fethab direto para que ele conseguisse não ter vinculação e problema com repasse.
A realidade hoje é que o Estado é um grande canteiro de obras. O Marcelo Padeiro está fazendo obras no Estado inteiro, dando continuidade em construções de pontes, de estradas, recapeamentos. É inegável o trabalho que a Sinfra vem desenvolvendo. E o Marcelo é um ‘pé de boi’ para trabalhar. Então, é gostoso ter um recurso carimbado na mão de um cara que sabe o que está fazendo. Mas tivemos que fazer os enfrentamentos para que essas coisas pudessem acontecer. Tivemos que enfrentar a rejeição de alguns segmentos para garantir recursos.
MidiaNews – Há expectativa que a reinstituição dos incentivos e a minirreforma feita pela Governo tragam recursos de R$ 1 bilhão, que podem ir para investimentos no Estado.
Alberto Machado – O Botelho fala em R$ 1 bilhão a mais. O Rogério Gallo fala R$ 500 milhões a mais. Mas com o Estado do jeito que estava, crescendo a folha como estava, com pouca receita, sem o ajuste fiscal que era cobrado, a conta não ia fechar no positivo nunca. O Estado não é uma empresa ou pessoa física que tem cheque especial. O Estado não está aí para dar lucro, mas não pode gastar mais do que arrecada. Então, estamos tomando as medidas que o governador entende que são justas. E eu concordo em segurar o crescimento da máquina. O Mauro fez um enxugamento histórico com relação às secretarias, aos quadros de servidores comissionados, cortando na própria carne, para poder mostrar o que íamos fazer. Todo mundo tem que dar sua contribuição.
MidiaNews – No começo do ano, o governador chegou a falar em uma espécie de auditoria na folha salarial. Havia comentários de progressões irregulares. Como está a análise?
Alberto Machado – A Controladoria vem trabalhando fortemente nisso. O secretário-controlador Emerson [Hideki Hayashida] é competente e vem fazendo um cuidadoso estudo com relação a isso. Eu sei que já tiveram casos de recebimentos ilegais, seguramos alguns pagamentos. Mas em uma folha desse tamanho, nessa quantidade gigante de gente, se não tiver uma atenção diária, paga errado. Então, o Estado tem por obrigação fazer um trabalho redobrado em relação a isso. E o governador determinou que fosse feita uma auditoria em cima disso. E o Emerson vem fazendo isso criteriosamente.
Com o Estado do jeito que estava, crescendo a folha como estava, com pouca receita, sem o ajuste fiscal que era cobrado, a conta não ia fechar no positivo nunca
MidiaNews – Na Saúde, que é outro gargalo de Mato Grosso, já é possível dizer que está melhorando?
Alberto Machado – Acho que os números mostram com muita clareza. Uma das secretarias que mais tinham restos a pagar era a de Saúde. Os municípios tinham repasses há muito tempo com atrasos. E isso inviabilizava a Saúde na ponta e gerava uma cadeia de prejuízo ao cidadão imensurável. E o governador vem colocando isso em dia. Não tem uma Prefeitura atrasada. Outro dia, o prefeito Emanuel [Pinheiro] fez uma fala que queria receber os valores atrasados da Saúde – e o Estado está buscando soluções para isso –, mas ele afirmou que desde que o governador Mauro Mendes assumiu os repasses aos municípios estão em dia. Os deputados, que acabam sendo o elo com os prefeitos, falam isso com muita consistência.
O Gilberto [Figueiredo] é um craque, é um baita gestor, tem trabalho comprovado na Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria de Educação. E, agora, na Secretaria de Saúde, trabalha com pulso firme, tem muita credibilidade e tem relacionamento direto com o governador. E a Santa Casa veio para ser a cereja do bolo dessa retomada da Saúde no Estado. A Santa Casa acabou se tornando algo simbólico nesse processo, mas não foi provocada por nós. Acabou caindo no colo do Governo e tivemos que tomar uma atitude com relação a isso. Então, acho que uma das grandes mudanças que temos é na Saúde. O Gilberto tem colocado a casa em ordem. Mas, claro, a Saúde é problema todos os dias. Todos os dias têm problemas e não será do dia para noite que vamos conseguir transformar isso.