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INDÚSTRIA: A reinvenção da mão de obra
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Alguns prognósticos pessimistas dão conta que a baixa criação de bons empregos industriais pode ser um desafio para o mercado de trabalho nas próximas décadas no Brasil. Afinal, entre outros fatores, o País sofre um processo de desindustrialização. Uma pesquisa encomendada pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) indicou uma queda de participação do setor industrial no PIB de 21,4% para 12,6% em cinco décadas. Além disso, outra preocupação vem com inovações de modelos de negócios que pregam o aluguel de bens de consumo em vez da posse. No futuro, dizem muitos analistas, as pessoas vão preferir contratar um serviço de locação de um carro por algumas horas do que ter um automóvel próprio. Dessa forma, menos produtos devem ser fabricados para atender à menor demanda da sociedade. Como se não bastasse, há ainda a preocupação de que a automatização e robôs de nova geração tirem vagas das pessoas no chão de fábrica.
Mas nem tudo são más notícias. Um estudo divulgado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), na última semana, aponta para um futuro de oportunidades. Ainda que seja com muitos desafios. O Mapa do Trabalho Industrial 2019-2023 indica um crescimento médio de 8,5% das ocupações industriais nos próximos cinco anos. A chamada indústria 4.0, um conceito que prevê formas de produção mais automatizadas e customizadas, deve puxar a expansão. Segundo o estudo, funções ligadas à tecnologia devem empregar mais gente. Muitas delas partem de uma base de comparação menor, mas esses profissionais podem começar a serem notados cada vez mais nas fábricas brasileiras. O condutor de processos robotizados apresentará a maior taxa de crescimento para o período, 22,4% de aumento, chegando a 1.371 postos. “Existe uma nova revolução industrial acontecendo no mundo, e a indústria brasileira está acompanhando”, afirma Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai. “Isso requer um esforço de requalificação.”
Entre as 15 profissões de maior crescimento (confira os dados no quadro), ao menos três estão diretamente ligadas a processos mais tecnológicos nas fábricas: pesquisadores de engenharia e tecnologia (expansão de 17,9%), engenheiros de controle e automação e engenheiros mecatrônicos (14,2%) e diretores de serviços de informática (13,8%). Com essa tendência, o Senai estima que o Brasil precisará requalificar 10,5 milhões de trabalhadores. “Vamos dar conta com tranquilidade de preparar essas pessoas”, diz Lucchesi. Outro ponto de otimismo é que a maior parte dos empregos criados serão transversais, cerca de 1,7 milhão deles. Ou seja, tratam-se de tarefas que podem ser realizadas em diferentes indústrias. Logo depois vêm os setores de metalmecânica (1,6 milhão), construção (1,3 milhão) e transporte (1,2 milhão).
Em comparação com o resto do mundo, o País está num nível intermediário de preparação de sua mão de obra para este novo mundo industrial “Temos uma defasagem em relação aos países desenvolvidos, que possuem melhor estoque de capital humano e fazem um esforço mais consistente de programa industrial”, diz o diretor do Senai. “Em relação a países em desenvolvimento e ao resto da América Latina, estamos bem posicionados.” Se a comparação com EUA, China, Alemanha, Japão e Coreia do Sul chega a ser desleal, é um alento saber que as indústrias brasileiras, mesmo saindo de uma grave crise econômica, desejam melhorar a sua produtividade por meio de profissionais requalidicados. É certo que as deficiências técnicas e a falta de qualidade da educação básica não vão sumir tão rapidamente do mapa brasileiro. Esses fatores, somados ao custo Brasil e a uma infraestrutura problemática, afetam a produtividade do trabalhador nacional. Mas, ao buscarem novos perfis profissionais, as indústrias demonstram que podem ser mais competitivas e capacidade de criar mais bons empregos para o futuro.odem existir.