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De queda dos cabelos à saúde de bebês: por que o Ômega 3 é tão útil?
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Desde o início da década de 1970, quando dois cientistas dinamarqueses descobriram que os baixos índices de doenças cardiovasculares dos inuítes (esquimós da Groelândia, no extremo Norte do planeta) podiam estar relacionados com o consumo de peixes, carne de foca e banha de baleia, os componentes do Ômega 3 nunca mais deixaram de apresentar novas — e saudáveis — utilidades para o corpo humano.
Nos Estados Unidos, o suplemento é o terceiro mais vendido entre os consumidores, atrás apenas das vitaminas (como o Whey Protein) e dos minerais — e isso considerando que os estadunidenses possuem o maior mercado do setor de suplementação alimentar no mundo.
Hans Olaf Bang e Jorn Dyerberg, os dois pesquisadores que correlacionaram o Ômega 3 com o tratamento de doenças cardíacas, concluíram à época que os ácidos graxos presentes em peixes de regiões frias, como o Sul do Canadá e a própria Groelândia serviam como proteção para essas enfermidades.
O nome do suplemento foi dado posteriormente por causa dos três ácidos graxos considerados essenciais que o compõem: Eicosapentaenoico (EPA), Docosahexaenoico (DHA) e Alfa-linolênico (ALA). As duas primeiras siglas se referem a elementos encontrados em animais que possuem um metabolismo especial e que são consumidas com eficiência pelo organismo humano. Já a ALA só se encontra em vegetais, como a linhaça e a chia.
O organismo humano não produz ácidos graxos essenciais e, assim, a única forma de tê-los é por meio de uma dieta. Segundo o site SaúdeLab, se o corpo humano tivesse uma enzima chamada “dessaturase”, seria capaz de fabricá-los, e consequentemente as chances de doenças cardiológicas — ao menos na conclusão de Ban e Dyerberg –, seria menores.
A diversidade de consumos
Prevenção de doenças cardiovasculares e de hipertensão, redução de triglicérides, suplementação da alimentação e da produção de ácido graxo, melhora da concentração, da memória, da motivação, do humor e da velocidade de reação, diminuição dos níveis estresse, diminuição dos riscos de partos prematuros para as grávidas, colaboração no crescimento e desenvolvimento cerebral do feto, progressão da visão, fortalecimento do couro cabeludo e do sistema imunológico de doenças alérgicas.
Essas são algumas das utilidades que as pesquisas realizadas da década de 1970 colocaram sobre o Ômega 3 — não sem discussões.
Um cardiologista estadunidense chamado George Fodor, por exemplo, publicou uma pesquisa nos anos 1980 afirmando que os dados coletados por Bang e Dyerberg correlacionando o tratamento de doenças cardíacas e o consumo dos ácidos graxos eram equivocados. Logo após a publicação, médicos e nutricionistas do mundo todo se dividiram entre as reais capacidades do consumo do suplemento.
Na década de 1990, JoAnn Manson, de um hospital de Boston, nos EUA, chegou a dizer que consumir Ômega 3 podia ajudar no tratamento de câncer e do mal do Alzheimer. Foi o que fez o público estadunidense voltar às gôndolas dos supermercados e das farmácias atrás do produto. Até hoje não houve um argumento definitivo sobre a relação entre doenças no coração e os ácidos graxos essenciais.
Mas há alguns consensos: pesquisas já concordam, por exemplo, que o EPA e o DHA são importantes para o desenvolvimento ideal do feto humano, principalmente para as funções neuronais, retinianas e imunológicas. “Os ácidos graxos apresentam propriedades neuroprotetoras consideradas potenciais elementos do tratamento e prevenção para alguns tipos de distúrbios neurodegenerativos e neurológicos. Este impacto acontece porque eles atuam nas membranas neuronais e têm um papel importante no processo de envelhecimento cerebral normal”, conta o nutricionista Diogo Círico.
Além disso, uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Pesquisa Médica e de Saúde do Sul da Austrália constatou que o consumo de Ômega 3 durante a gravidez pode reduzir significativamente as chances de um parto prematuro. O estudo analisou os períodos de gestação de 20 mil mulheres espalhadas pela Inglaterra, Estados Unidos e Austrália, comparando aquelas que mantinham dietas sem suplementos com as que aumentaram a ingestão dos ácidos graxos no mesmo espaço de tempo. O resultado foi que essas últimas quase não deram à luz antes da hora.
Segundo Círico, o suplemento também é indicado ao combate à fibromialgia, porque já se sabe que os ácidos graxos são capazes de reduzir os níveis de estresse oxidativo — um fenômeno que prejudica algumas células do corpo –, assim como baixar as inflamações e aumentar a imunidade. “Pode parecer pouco, mas um indivíduo ‘inflamado’ sente muitas dores. Combater a inflamação por meio dos Ômega 3 é muito importante. A ciência tem mostrado que os ácidos graxos reduzem as concentrações de eicosanoides, citocinas, quimosinas, proteína C-reativa (PCR) e outros mediadores inflamatórios do corpo. Ou seja, a influência do Ômega 3 é direta”, diz ele.
Mais recentemente, o consumo de Ômega 3 também foi apontado como vantajoso em relação aos cabelos, porque os ácidos têm a capacidade proteger o couro cabeludo da radiação e de possíveis inflamações nos folículos capilares, além de fazer com que a circulação de sangue nesta área seja mais livre. Além do suplemento, as fibras alimentares presentes em vários tipos de comida ajudam a eliminar toxinas comuns, controlando as incidências de caspas e de oleosidade. Um nutriente em específico, o beta sitosterol, encontrado no abacate, costuma ser usado por médicos no tratamento de quedas capilares quando sua causa é o aumento na produção de hormônio DHT.