Educação
Estágio: estudantes do IFRO se destacam no mundo do trabalho
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Estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) possuem a possibilidade de preparação para a cidadania plena e para o trabalho por meio da realização de estágio, seja ele obrigatório ou não obrigatório, sendo o primeiro um requisito para aprovação e obtenção do diploma na conclusão do curso. No âmbito dos nove campi do IFRO, no interstício de junho de 2018 a junho deste ano, cerca de mil alunos estavam em estágio obrigatório.
Os alunos do IFRO são muito requisitados para atuarem como estagiários nas diversas instituições, públicas ou privadas. “Nós ficamos extremamente felizes quando ouvimos de algumas instituições e empresas que eles dão preferência para os estudantes do Instituto Federal. Durante o estágio, eles têm um rendimento melhor se comparado a outras instituições e há até uma postura mais profissional”, ressalta Uberlando Tiburtino Leite, Reitor do IFRO.
Segundo a Coordenadora de Integração, Ensino e Sociedade da Pró-Reitoria de Extensão (CIES/PROEX – IFRO), Ghueisa Silva Ribeiro, o diferencial está na educação integral e pluricultural que os estudantes do IFRO recebem nos cursos de nível médio e superior. Por meio da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão todos possuem a oportunidade de irem além da sua formação em sala de aula. Ela enfatiza que no caso dos cursos técnicos integrados ao ensino médio há um ganho ao cursar as duas formações conjuntamente, “além das disciplinas da base comum, eles são preparados profissionalmente e saem direcionados e preparados para o mercado de trabalho”, diz a Coordenadora.
A Pró-Reitoria de Extensão atua diretamente com os campi na articulação de parcerias com as mais diversas instituições locais, regionais e nacionais, de forma a possibilitar um vasto campo para estágio e emprego aos estudantes. “O IFRO oferece um mundo de oportunidades por meio da participação em projetos, práticas profissionais, visitas técnicas e mobilidade nacional e internacional. Quando eles são encaminhados para o mundo do trabalho já possuem um vasto conhecimento e uma grande bagagem de conteúdos que podem agregar à sua prática no campo de estágio”, afirma a Pró-Reitora de Extensão, Maria Goreth Araújo Reis.
Parcerias
Em razão de sua ampla área de atuação, que vai de agropecuária até parte de gestão pública, e também do número de unidades e de alunos nas várias modalidades de ensino, o IFRO tem conseguido ampliar sua rede de parceria. São mais de 300 parcerias em vigência. Com o papel de ofertar suporte aos arranjos produtivos já existentes e de estimular novos arranjos, o Reitor do IFRO, Uberlando Leite, confirma que é “um desafio institucional, pois estamos em um estado não tão desenvolvido e as empresas, indústrias, enfim, as áreas para a realização de estágio são um desafio. Principalmente para aqueles cursos que são recentes, em que a oferta em Rondônia ou não existia, ou existe há pouco tempo, como é o caso de Biotecnologia, Química e algumas outras áreas”.
O Reitor também avalia que o estágio é um momento extremamente importante para o discente enquanto futuro profissional. “Quando tratamos de formação de pessoas, sempre é interessante que haja possibilidade de antes da conclusão do curso, o futuro profissional tenha a possibilidade de vivenciar um pouco daquela realidade que vai enfrentar, até para que sirva de um momento de aprendizagem e que ele ainda possa corrigir algumas situações, tanto do ponto de vista de conteúdo, de metodologias e às vezes até de postura, dependendo do ambiente de trabalho”, comenta.
A estudante do 2º ano do Curso Técnico em Edificações no Campus Porto Velho Calama, Beatriz Carina Ferreira, 16 anos, está realizando o período de estágio obrigatório no próprio IFRO, na Diretoria de Engenharia e Infraestrutura/Pró-Reitoria de Administração/Reitoria. Tomou conhecimento da seleção para o estágio através dos avisos dos líderes de sala. No total são 100 horas a serem completadas em um período de cinco semanas.
“Tem bastante conceito, principalmente neste ano em que estamos tendo a disciplina de Projeto Arquitetônico. Nós mexemos muito com projeto, o que facilita, porque aqui se trabalha muito com projeto e eu aprendo na prática vários comandos, coisas que ficavam só na teoria do curso”, explica a discente. Na busca por experiência, Beatriz diz que no próximo ano pode buscar novas possibilidades de estágio no mesmo ramo atual.
O interesse pela área surgiu ainda na infância. Por volta dos dez anos, Beatriz acompanhava a mãe nos estudos. Ela, que sempre gostou de desenhar, recebia muitos elogios que a incentivavam a ser arquiteta e começou a observar o laboratório da área. “Tudo começou quando eu ia para a faculdade junto com minha mãe e eu sempre via o povo da Arquitetura. Foi um planejamento mesmo entrar no IFRO, fazer Edificações e depois eu conheci a Engenharia Civil. Agora no estágio eu estou pensando novamente em qual curso vou escolher. Geralmente é esta a dúvida dos alunos de Edificações: Engenharia ou Arquitetura? Mas eu pretendo seguir na área, só tem essa escolha a ser feita”. Sobre o curso de Edificações, juntamente com a vivência em um local de trabalho, Beatriz explica que superou as expectativas que tinha no início, “[…] até porque eu vim de uma escola particular, sempre tem o medo de se dará certo ou não. Está sendo ótimo, algo que mudou a minha vida”.
No caso do estágio obrigatório, o encaminhamento pode ocorrer após o início do segundo ano do curso técnico integrado ao ensino médio, a partir do segundo semestre do ano letivo, quando se tratar de cursos técnicos concomitantes e subsequentes ao ensino médio, e para as graduações o período começa a partir do início da segunda metade da carga horária total dos cursos, conforme definido nos projetos pedagógicos.
Nicolas Schmitt, 19 anos, é egresso do Curso Técnico em Eletrotécnica do Campus Porto Velho Calama e diz ter tido uma boa experiência durante o período de estágio entre maio e dezembro de 2018. “Eu saía cedo e chegava na usina, lá tinha que estudar muito sobre as normas possíveis que estavam regendo o local de trabalho, na área em que eu estava. Foi interessante porque me ensinou a ser mais determinado nos meus estudos e mais dedicado. Isso influenciou e ajudou a melhorar meu desempenho e interesse pela parte elétrica e tudo que está envolvido”, relembra.
Durante o estágio, ele diz ter aprendido noções do trabalho, código de conduta, a seriedade para atuar na área e a ter uma visão ampla do funcionamento e atuação de um técnico em eletrotécnica na operação, na parte analítica e na parte de manutenção. Para o estudante, a experiência contribuiu para que logo ao concluir o curso fosse contratado em uma empresa terceirizada vinda de outro estado que prestava serviço à companhia de eletricidade em Rondônia. Agora, seu novo desafio será estudar Engenharia Elétrica, curso que vai iniciar na Universidade Federal de Rondônia.
“Com o estágio aprendi além do ensino técnico, porque tinha muito conteúdo de engenharia ou de um tecnólogo, que eu precisava ter consciência para acompanhar o ritmo do setor em que estava na área de operação. Então, é muita norma, muito conteúdo, tinha que ter noção de tudo, da parte hidráulica, pneumática de toda a usina. Era muito puxado, mas ao mesmo tempo ótimo, me fez ter noção básica de circuitos pneumáticos, circuitos hidráulicos que envolviam todo tipo de fluido, como óleo, água. Também tive noção muito grande na parte de ler comandos elétricos e todo tipo de informação pautada em algum papel”, avalia Nicolas.
Escola e Comunidade
O encaminhamento de estudantes para o estágio é orientado pela Coordenação de Integração, Escola, Empresa e Comunidade (CIEEC) nos respectivos campi do IFRO, de acordo com as normas e procedimentos da instituição. Nas dez unidades o trabalho é feito para transformar teoria em ação do dia a dia dos futuros profissionais.
Conforme o Coordenador do CIEEC do Campus Porto Velho Zona Norte, Rogério Pereira dos Santos, atualmente são mais de 100 estudantes em campo de estágio, em convênios firmados com o Governo do Estado, Prefeitura, outros órgãos públicos e empresas privadas. Por ser um campus voltado para finanças, administração, recursos humanos, gestão pública, informática para internet e redes de computadores, a unidade está fortalecida por meio dessas parcerias, uma vez que se consegue encaminhamento para os setores públicos, especialmente.
“Visitei algumas empresas e estão satisfeitas com o resultado dos alunos”, diz Rogério que complementa: “[…] a vantagem de a empresa ter um convênio com a escola é a de ter a possibilidade de fazer um processo seletivo natural, de forma que a empresa consiga escolher melhor um candidato a uma futura vaga”.
O período complementar de aprendizado é regido pela Lei n° 11.788, de 25 de setembro de 2008, ocorrendo de forma orientada e supervisionada. O estágio também pode ocorrer de forma não obrigatória, a ser desenvolvido como atividade optativa, acrescida à carga horária regular e obrigatória do curso, podendo haver pagamento de bolsa ou outra forma de contraprestação e de auxílio-transporte ao estagiário.
A possibilidade de participar de ato educativo desenvolvido no ambiente produtivo, seja ele estágio obrigatório ou não obrigatório, tem a função de propiciar ao estagiário o aprendizado social, profissional e cultural, tendo como resultado uma reflexão real e inovadora dos emergentes cenários socioeconômicos.
Receptora
Atualmente nas unidades do IFRO há 42 estagiários, distribuídos entre Reitoria e campi. A Diretora de Gestão de Pessoas, Débora Gonçalves de Lima, explica que a instituição recebe alunos para estágio obrigatório e não obrigatório. “O IFRO recebe os alunos de outras instituições e até mesmo do próprio IFRO para estagiar nas suas unidades”, diz a Diretora.
A agora publicitária, Bruna Coral, 25 anos, foi uma das primeiras estagiárias da instituição, entre os anos de 2013 a 2015, na Assessoria de Comunicação e Eventos (ASCOM/IFRO). Durante seu curso de Curso de Comunicação Social, ela foi selecionada e diz ter sido o momento em que teve contato real com a profissão escolhida. “De forma digna, ao lado de pessoas experientes que me ensinaram não só o dia a dia de uma publicitária, mas como alcançar meus objetivos dentro da área. Dentro do meu estágio pude fazer a escolha do que eu realmente queria seguir e o que eu não queria para minha vida profissional. Quando vi, num piscar de olhos, deixei o gel e as canetas coloridas de lado e aprendi a ser eficiente com o cérebro, aderi ao vocabulário da área com naturalidade e comecei a compreender as explicações da faculdade sob um viés prático”, afirma. Ela ainda explica que após o estágio no IFRO continuou atuando na educação. “Hoje, sou analista de Marketing num Centro Universitário, líder de uma equipe e devo isso ao meu estágio também, pois tive a sorte de ter professores que me incentivaram a amar a área educacional”.
Sobre essa troca mútua, de também oportunizar o aprendizado a estudantes de outras instituições, o IFRO recebeu acadêmicos de Assistência Social, Pedagogia, Direito, Administração, entre outros cursos. A seleção do IFRO “tem o edital com todas as regras. E no estágio obrigatório, toda essa parte de orientação já ocorre dentro do campus, nas coordenações de integração escola empresa e comunidade”, afirma Débora Lima.
“A nossa instituição é um ambiente muito rico para a realização de estágio, porque o IFRO atua na parte de gestão, escolas-fazenda, construção civil, enfim, é uma diversidade de ações da instituição e o IFRO tem se colocado para os nossos alunos, mas também para os alunos de outras instituições, como ambiente de desenvolvimento dessa prática profissional”, conclui o Reitor Uberlando Leite.