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Protesto com laser interrompe manifestações violentas em Hong Kong
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Centenas de opositores interromperam as cenas de violência vividas nas manifestações das últimas semanas em Hong Kong com um espetáculo de canetas com laser que tomou conta da noite de quarta-feira (7) com muito humor e ironia.
Na terça-feira (6), um estudante foi preso com dez canetas com laser e acusado de posse de “arma ofensiva”. A detenção provocou uma manifestação diante da delegacia que foi dispersada com uso de gases lacrimogêneos.
Os manifestantes então decidiram convocar para a noite de quarta um protesto de “observação das estrelas”, um espetáculo com canetas diante do Museu do Espaço, que fechou suas portas mais cedo por causa da manifestação.
Na hora marcada, os manifestantes começaram a mirar suas canetas com laser na cúpula do museu, situado em Tsim Sha Tsui, bairro comercial e turístico da península de Kowloon.
Entre aclamações de uma multidão entusiasmada, dezenas de pontos luminosos verdes, vermelhos e violetas começaram a dançar sobre o prédio e as árvores vizinhas.
A megalópole do sul da China vive há dois meses sua maior crise política desde que foi entregue por Londres a Pequim em 1997, e as manifestações quase diárias se traduzem cada vez mais em confrontos violentos entre radicais e policiais.
Essas manifestações contam com o uso constante de canetas laser, pois os manifestantes tentam dificultar a visão das forças de ordem e, principalmente, atrapalhar o funcionamento das câmeras de vigilância e dispositivos de reconhecimento facial, para evitar consequências legais.
Os policiais, por sua vez, utilizam projetores para identificar os manifestantes e semear confusão na multidão que protesta.
Espetáculo maior
Para contra-atacar a manifestação da quarta-feira com canetas laser no Museu do Espaço, na mesma hora e a apenas a algumas centenas de metros, outro espetáculo de luz e som, só que oficial e patrocinado pelo governo chinês, lançou ao céu uma luz muito mais potente.
“Estou indignada. Aquele estudante só tinha comprado canetas laser”, protestou uma estilista de 28 anos de nome Lai. “Como a polícia pode prender alguém sem qualquer prova?”, questiona.
A polícia alega que o uso de canetas laser prejudica a visão e três agentes da ordem pública apresentaram problemas nos olhos.
E Pequim fez nesta semana a advertência mais dura até agora aos manifestantes de Hong Kong, afirmando que não devem subestimar o “imenso poder” do governo central da China.
A advertência foi a mais contundente feita desde o início dos protestos, em junho, contra um projeto de lei que permitiria a extradição de habitantes de Hong Kong para a China.
O projeto foi suspenso, mas os manifestantes exigem a retirada definitiva do texto e a renúncia da chefe do Executivo local, Carrie Lam.