Agronegócios
A inovação tecnológica quebrando mitos
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Por Roberta Züge; diretora administrativa do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS); Vice-Presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (SINDIVET); Médica Veterinária Doutora pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP); Sócia da Ceres Qualidade.
O termo dominante pode ser utilizado sob vários aspectos, desde questões sociais, passando por psicológicas e, também, na genética. Na genética, antes das novas tecnologias ganharem mercado, somente o que conseguíamos “ver”, ou seja, o que se expressava, se podia identificar, que é o que se chama de fenótipo – como a dominância, em humanos, de olhos castanhos aos olhos azuis. Como é de conhecimento popular, dois pais de olhos castanhos, caso ambos tivessem na sua ascendência pessoas de olhos azuis, poderiam ter filhos de olhos azuis.
Nos mamíferos há genes que determinam as colorações de pelagem (ou cor dos cabelos em humanos), em quase todos existem pelagens que são dominantes e outras recessivas. Em raças, como a holandesa, claramente são identificadas as pelagens; ou é preto e branco ou é vermelho e branco. Sendo o preto dominante sobre o vermelho. Mas esta coloração vai além do “Aa” das aulas de genética. Pois, há uma influência de genes chamados epistáticos, no qual há uma interferência de diversos genes para influenciar determinada característica fenotípica. Estes genes podem inibir a ação de outros, fenômeno que recebe o nome de “epistasia”*¹. O gene que não é capaz de se manifestar é chamado de hipostático, enquanto o inibitório, de epistático.
Para os criadores da Raça Holandesa havia a premissa que dois vermelhos não poderiam ter um filho preto. Se isto acontecesse, a pobre vaca ficava “mal falada” no rebanho. Isto ia muito além da fofoca no curral; no caso do registro genealógico, que é a certidão de nascimento do animal, que garante a genealogia, não poderia ser realizado. Ou seja, o animal ficava sem o registro e perdia muito do seu valor comercial.
Com o advento das novas tecnologias, pode-se identificar, na Raça Holandesa, que do ponto de vista genético, há duas localizações responsáveis pela coloração da pelagem: localização “vermelha dominante” e localização “vermelha recessiva”.
Cada animal possui dois genes da cor de pelagem na localização do gene “vermelho recessivo”, sendo que um deles é advindo do touro e o outro da vaca. Apesar desta condição, apenas o gene mais dominante se manifestará, através de características fenotípicas apresentadas (aparência exterior).
O gene para cor vermelha e branca se faz presente em todos os rebanhos, porém, este nem sempre pode ser identificado devido à influência de outros genes epistáticos, que impedem a sua manifestação.
O gene para a cor da pelagem vermelha e branca é aparente quando ambos os pais (vaca e touro) são portadores ou exibem os traços. O gene para a coloração preta e branca é responsável pela pigmentação dos pelos, deixando-os pretos; além dos cascos, contorno dos lábios e, também, as pálpebras. Para a expressão do gene da pelagem preta e branca, este pode estar em homozigose*² ou em heterozigose*³.
Atualmente, aceita-se a geração de descendentes de pelagem preta e branca a partir de pais vermelhos e brancos. E, com a facilidade e diminuição dos custos dos exames, dos testes de avaliação genética, como o teste de DNA para comprovação de paternidade, dois pais vermelhos e brancos podem registrar um filho preto. Assim, a Associação Brasileira de Bovinos da Raça Holandesa – ABCBRH, responsável pelos registros (o cartório da Raça Holandesa), após a comprovação de parentesco, permite que o animal preto, filho de dois vermelhos, faça parte do seu Herd Book.
Sem dúvidas, muitas vacas merecem pedidos de desculpas.
*¹ Genes epistáticos ou epistasia se define como uma interação gênica, na qual há uma interferência de diversos genes para influenciar determinada característica fenotípica. Estes genes podem inibir a ação de outros, fenômeno que recebe o nome de “epistasia”. O gene que não é capaz de se manifestar é chamado de hipostático, enquanto o inibitório, de epistático.
*² Homozigose significa “o mesmo”. Caracteriza-se pela expressão do mesmo gene pelos progenitores do animal, para uma característica específica.
*³ Heterozigose caracteriza-se por um genótipo no qual foram recebidos do touro e da vaca genes diferentes. O gene com maior dominância se manifestará sobre as características exteriores do animal.
Sobre o CCAS
O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.
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Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.
A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: http://agriculturasustentavel.org.br/. Acompanhe também o CCAS no Facebook: http://www.facebook.com/agriculturasustentavel.