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10 mitos sobre o câncer de próstata


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Novembro é o mês escolhido para conscientizar sobre o câncer de próstata. Ele é o tipo de câncer que ocorre na próstata, que é a glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis.

Há muitos mitos que cercam a doença. Neste artigo, irei esclarecer 10 crenças que estão equivocadas:

1 – Só existe risco de desenvolver Câncer da Próstata para quem tem história familiar

Todo homem que vive além dos 40 anos de idade pode desenvolver câncer da próstata. O que sabemos através de estudos epidemiológicos é que aqueles que têm histórico familiar positivo, ou seja, tem pai, avô, irmãos com a doença possuem maior chance de apresentar o câncer. Isso também é verdade para o câncer da mama em homens, doença mais rara, porém como a mesma relação com a ação da testosterona. E outro grupo com mais risco são os homens da raça negra, pela conhecida sensibilidade androgênica superior aos de raça branca ou amarela.

No outro extremo do risco, pela razão descrita acima, os orientais têm menor incidência de câncer da próstata. Mas efetivamente, todos podem desenvolver a doença, especialmente os que vivem mais tempo.

2 – O Câncer da Próstata não tem cura

Desde que identificado precocemente, o homem com câncer da próstata pode ser curado. Esta é a principal razão para que o homem busque fazer exames periódicos envolvendo a glândula a partir de certa idade. Quem fica esperando sentir algo para só então buscar ajuda, estará sempre atrasado.

O Câncer da Próstata na sua fase inicial não causa sintomas. É silencioso. A realização do exame de toque retal e a dosagem seriada do antígeno prostático específico (PSA) anualmente demonstraram aumentar a chance de cura nos países onde isso foi avaliado.

3 – O exame da próstata é muito doloroso

O toque retal é a única forma que o médico tem de encostar o dedo na glândula, conhecendo seu tamanho, consistência e identificado anormalidades como nódulos ou áreas endurecidas.

O toque retal permite ainda o diagnóstico de outras doenças como as perianais, as que afetam o tônus muscular do esfíncter anal, hemorróidas e inclusive o câncer de reto.

Não pode ser substituído por outros exames de imagem, nem mesmo pela ressonância. Demonstrou capacidade de aumentar a chance de uma indicação de biópsia da próstata confirmar o câncer quando feito em conjunto com o PSA. Além disso, apesar de ser um exame desconfortável para o homem, sua duração é de alguns segundos e precisa ser realizado apenas uma vez por ano.

4 – O Câncer da Próstata é raro e por isso não devo me preocupar

O Câncer da Próstata é o segundo tumor maligno mais comum aos homens, perdendo apenas para o câncer de pele. Exatamente por ser muito frequente, merece toda a atenção dos homens.

Para quem tem história familiar ou quem é da raça negra, recomenda-se iniciar o exame periódico da próstata aos 45 anos e para os demais aos 50. Nesta consulta anual, o médico colhe algumas informações, faz o exame físico e pede a dosagem do PSA no sangue.

Apenas o exame periódico permite o diagnóstico precoce e a cura do paciente com câncer. A boa notícia é que os tumores da próstata costumam ter um comportamento indolente, ou seja, crescem lentamente. Por isso, a frequência do exame periódico da próstata é anual. Uma vista ao urologista por ano seria suficiente para acompanhar as alterações da próstata e avaliar como anda a sexualidade, a saúde cardiovascular,…ou seja, cuidar da saúde!

5 – Não sinto nada e por isso não devo ir ao médico

Como o Câncer da Próstata é silencioso na sua fase inicial, apenas indo ao médico a partir de certa idade e repetindo esta avaliação periodicamente é possível fazer o diagnóstico na fase em que o câncer está localizado apenas na próstata.

Quem aguarda algum sinal ou sintoma estará sempre atrasado. Principalmente aqueles com história familiar positiva, ou seja, os que tem um parente de primeiro grau com câncer de próstata ou de mama. Sim, a ocorrência de câncer de mama em parentes do sexo feminino também pode significar chance maior de câncer no homem.

Além disso, a visita periódica ao médico não deve ser baseada na presença de problemas, mas na prevenção. Uma consulta anual serve de oportunidade para checar a pressão arterial, os níveis de glicose e colesterol, verificar o peso e ajustar hábitos de vida que podem ser prejudiciais como o tabagismo e o sedentarismo.

O homem precisa imitar as mulheres e adotar o costume de visitar seu médico regularmente. Afinal elas vivem quase dez anos a mais do que os homens.

6 – Qualquer aumento da próstata significa doença

A próstata é uma glândula exclusiva dos homens e se localiza na saída da bexiga. Sua principal função é manter um ambiente adequado para a sobrevivência dos espermatozóides. Relaciona-se, portanto com a fertilidade.

Conforme o homem envelhece, a próstata vai se modificando, parecendo com o útero e as mamas da mulher. Em mais de 80% dos casos, a próstata cresce de maneira benigna, a chamada hiperplasia prostática benigna (HPB). Esse aumento não costuma causar problemas. Portanto não se trata propriamente de uma doença.

Cerca de 30% dos homens com HPB apresentam sintomas ou sinais decorrentes da obstrução parcial da uretra: a demora para iniciar a micção (hesitação); o jato de urina passa a ficar mais fino; demora mais tempo para urinar; pode ter sensação de esvaziamento incompleto; precisar urinar mais vezes; acordar várias vezes para urinar; e necessidade de urinar com urgência.

Portanto, aumento do volume da próstata nem sempre significa doença. Na verdade, a maioria dos homens apresenta aumento da glândula, mas nenhum sintoma decorrente desse fato. Em alguns casos, quando o aumento provoca efeitos negativos no trato urinário, pode ser necessário interferir nesse processo.

Além disso, a próstata ainda pode ser sede de doenças inflamatórias ou infecciosas: as prostatites. Fica, portanto, mais fácil entender o valor do acompanhamento periódico.

7 – Quem opera a próstata fica impotente

Conforme mencionado acima, existem diferentes doenças na próstata: câncer, hiperplasia e prostatites. Cada situação merece um tratamento diferente. Quando a melhor opção é a cirurgia (nem sempre essa é a primeira ou a melhor opção), precisamos destacar que existem diferentes tipos de procedimentos na próstata.

Para tratar o câncer da próstata, o cirurgião retira toda a glândula, junto com as vesículas semanais e os gânglios vizinhos. Aqui a intenção do médico é curar o paciente de um câncer. Não podem restar células da próstata nesta região e por isso a cirurgia é chamada radical.

Nesse procedimento oncológico, o risco de impotência ou disfunção erétil existe e o médico costuma avisar o paciente sobre isso. Algum grau de comprometimento da ereção ocorre em cerca de 70% dos homens. Os principais fatores no pré operatório que determinam o prognóstico quanto a recuperação da ereção são: idade, presença de comorbidades (outras doenças) e qualidade da ereção antes de operar. Mas o medo de ficar impotente não deve afastar o homem do diagnóstico precoce e muito menos do tratamento, pois sempre existe tratamento para essa disfunção sexual pós prostatectomia.

No crescimento benigno, por outro lado, quando ele dificulta o esvaziamento da bexiga (chamado de HPB) a primeira linha de tratamento envolve mudanças de hábitos e medicação oral (vários medicamentos foram lançados com esse objetivo). Quando isso não resolve ou o paciente não se adapta, a cirurgia pode ser necessária, mas ela é bem diferente daquela para o câncer.

O objetivo nesse caso é abrir caminho para a urina passar com mais facilidade. O cirurgião, nesse caso, pode optar entre a raspagem por dentro do canal (conhecida como RTU) ou a enucleação do adenomas prostáticos (parte interna da próstata que esta comprimindo o canal). As cirurgias para tratar a hiperplasia benigna da próstata (HPB) raramente provocam algum impacto negativo na ereção. Pelo contrário, podem inclusive ajudar a parte sexual na medida em que o tratamento cirúrgico alivia os sintomas urinários.

8 – A cirurgia para Câncer da Próstata causa incontinência urinária

A chamada prostatectomia radical pode sim afetar a continência urinária. Isso ocorre porque a musculatura do assoalho pélvico, a responsável pela formação do esfíncter urinário, pode ser danificada no momento da cirurgia. Nesse caso, o paciente perde urina continuamente ou quando muda de posição ou faz algum esforço. Depende do grau de incontinência.

Usualmente esta incontinência é transitória e melhora com o tempo. A fisioterapia pélvica tem conseguido acelerar essa recuperação. A maioria dos pacientes já se encontra com a continência restabelecida após um ano do procedimento.

A evolução das técnicas cirúrgicas (inclusive com a chegada do robô) têm reduzido a ocorrência de incontinência, mas o cirurgião precisa esclarecer esses riscos de forma a preparar o homem que está enfrentando o câncer da próstata para essa que é uma das piores sequelas da cirurgia. A perda involuntária de urina costuma ter um enorme impacto na qualidade de vida.

9 – A cirurgia radical é a única opção para quem tem Câncer da Próstata

Nem sempre a cirurgia radical é a melhor opção para tratar o câncer. Na verdade, o grande desafio hoje é conseguir identificar precocemente apenas os tumores que possuem relevância clínica. Isso significa dizer: achar apenas os tumores que se não descobertos iriam crescer e se espalhar prejudicando a vida do homem.

Quando a biópsia da próstata mostra que a presença do câncer limita-se a menos de 5% dos fragmentos retirados e o grau de agressividade do tumor (estabelecido pelo escore de GLEASON) é baixa e o nível do PSA também é baixo, o homem pode optar em conjunto com seu médico pelo chamado acompanhamento ativo. Nessa modalidade, o paciente repete a biópsia periodicamente para confirmar as informações e não usa outros recursos para curar a doença. Essa seria uma situação onde o tumor é de baixa repercussão clínica e o tratamento agressivo traria mais risco do que benefícios para o homem.

Além disso, para os homens que têm o diagnóstico de câncer da próstata localizado na glândula e querem tentar a cura, tanto a cirurgia radical quanto a radioterapia conformacional apresentam a mesma eficácia em lograr êxito. Infelizmente também apresentam as mesmas taxas de complicação no que se refere à impotência e incontinência urinária. Costumamos reservar a radioterapia para os casos onde o risco cirúrgico é mais elevado.

10 – Quem tem metástases do Câncer da Próstata não tem o que fazer

Quando o Câncer da Próstata já não está restrito à glândula, ou seja, existem células do tumor nos gânglios, no esqueleto ou em outros órgãos, consideramos que a doença não pode mais ser completamente curada. Tornou-se sistêmica. Nessa situação, outros tratamentos podem ajudar a frear o avanço do câncer.

O bloqueio da testosterona costuma ter um efeito inicial muito positivo. As células da próstata “alimentam-se” da testosterona. Porém após alguns anos de hormonioterapia, o tumor costuma tornar-se hormônio resistente. Então, os médicos ainda possuem outros medicamentos como os quimioterápicos e mais recentemente e a imunoterapia.

Portanto, sempre existe como ajudar o homem com Câncer da Próstata independente do estadiamento da doença. Claro que quanto mais precoce for feito o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento.

A mensagem fundamental nesse Novembro Azul é: Homem inteligente investe na prevenção e valoriza sua saúde como seu bem mais precioso.

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