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4 de fevereiro: Dia Mundial do Câncer. O Papel da Nutrição na Prevenção e Apoio ao Tratamento


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O Dia Mundial do Câncer tem como objetivo incentivar e sensibilizar todos sobre a importância da prevenção da doença. A taxa global de novos casos está aumentando devido ao envelhecimento da população mundial: 1 em cada 5 homens e 1 em cada 6 mulheres desenvolvem algum tipo de câncer ao longo da vida, resultando em 1 morte em cada 8 homens e 1 morte em cada 11 mulheres.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que de 30 a 40% dos casos de câncer podem ser atribuídos a fatores de risco relacionados ao estilo de vida, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, dieta pobre em frutas e vegetais, inatividade física, sobrepeso e obesidade.

A OMS também destaca que o consumo excessivo de carne vermelha e processada está associado a cânceres como colorretal, pâncreas, próstata e estômago. A carne vermelha engloba opções como bovina, vitela, suína, cordeiro, carneiro e cabra, enquanto a carne processada passa por processos como salga, cura, fermentação, defumação, incluindo itens como presunto, salame, bacon e salsicha.

Por outro lado, a atividade física regular e uma dieta estilo mediterrânea estão associadas a um risco reduzido de diversos tipos de câncer. A dieta mediterrânea caracteriza-se pela alta ingestão de alimentos de origem vegetal, como frutas, vegetais, cereais integrais, leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha, ervilha), oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas) e sementes. O azeite é a principal fonte de gorduras, enquanto produtos lácteos magros, peixes e aves são consumidos moderadamente, limitando-se o consumo de ovos a um máximo de quatro por semana. A carne vermelha é reservada para ocasiões especiais e consumida em pequenas quantidades

No estudo de 2014 sobre a ‘Dieta Mediterrânea Espanhola e o Risco de Câncer de Mama’, os autores destacaram o papel protetor do padrão alimentar mediterrâneo em relação ao risco de mortalidade pela doença. A ligação entre a ingestão alimentar e o câncer pode ser atribuída aos efeitos anti-inflamatório, antioxidante e de reparo do DNA atribuídos a alguns nutrientes. Estes incluem:

Ácidos graxos ômega-3: Os ácidos graxos ômega-3, presentes em salmão, sardinha e cavala, oferecem benefícios à saúde, incluindo um efeito protetor contra o câncer. Os ácidos graxos eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA) são mediadores lipídicos importantes, associados à redução da inflamação e prevenção de doenças.

Quercetina: É um pigmento flavonoide presente em várias frutas, vegetais e folhas como brócolis, cebola, maçã, pimentão, alcaparra, limão, uva e trigo sarraceno, possui propriedades antioxidantes e antitumorais.

Estudos indicam que a quercetina pode proteger contra o câncer, agindo na morte de células cancerígenas, restauração de genes supressores de tumor e reversão de alterações epigenéticas associadas à ativação de oncogenes

Epigalocatequina-3-Galato (EGCG): Encontrada no chá verde, tem sido extensamente estudada por seu potencial efeito protetor contra vários tipos de câncer em humanos. Comparado a outros chás, o chá verde contém a maior quantidade de compostos bioativos, pertencentes ao grupo dos polifenóis. A maioria dos dados experimentais indicou que os polifenóis têm a capacidade de modular diversas vias de sinalização, regulando o crescimento, a sobrevivência e a metástase de células cancerígenas em diversos níveis.

Curcumina: A curcumina, usada como agente terapêutico e preventivo no câncer de mama, conta com amplo respaldo de evidências provenientes de estudos laboratoriais e com animais, destacando sua diversificada atividade biológica contra células tumorais. A administração simultânea de piperina pode aumentar significativamente a absorção, concentração sérica e biodisponibilidade da curcumina em humanos, podendo chegar a até 20 vezes

Folato (vitamina B9):  Alimentos como feijões, lentilhas, ervilhas, grão-de-bico, ovos e carne são ricos em folato (vitamina B9). Uma análise com 23 estudos prospectivos, envolvendo 41.516 casos de câncer de mama, indicou uma redução de 18% no risco de câncer de mama associada à ingestão de folato. Além disso, uma alta ingestão de folato mostrou uma associação inversa com o risco de câncer no útero, ovários e endometrial

Vitamina B6: A vitamina B6, encontrada em alimentos como carnes, leite, ovos, aveia, banana, gérmen de trigo, abacate, levedo de cerveja, cereais, sementes e nozes, desempenha um papel crucial em diversas reações bioquímicas. Além disso, pode ter um papel importante na proteção contra a carcinogênese

Licopeno: Diversos estudos em humanos têm observado uma associação entre a ingestão de licopeno, presente no tomate, e a redução do risco de câncer de próstata. Vale destacar que cozinhar ou assar os tomates pode aumentar a biodisponibilidade de licopeno.

Mais Sobre: 

Adriana Stavro – Nutricionista Mestre pelo Centro Universitário São Camilo

Curso de formação em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard Medical School

Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein 

Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pelo Instituto Valéria Pascoal (VP) Pós-graduada EM Fitoterapia pela Courses4U.

Instagram – @adrianastavronutri – Mais informações https://lattes.cnpq.br/

 

Fonte:

Moran, Nancy E et al. “Tomatoes, Lycopene, and Prostate Cancer: What Have We Learned from Experimental Models?.” The Journal of nutrition vol. 152,6 (2022): 1381-1403. doi:10.1093/jn/nxac066

Wolin KY, Yan Y, Colditz GA, Lee IM. Atividade física e prevenção do câncer de cólon: uma meta-análise. Jornal britânico de câncer. 2009 fev;100(4):611-6.

Wu Y, et al. Atividade física e risco de câncer de mama: uma meta-análise de estudos prospectivos.Pesquisa e tratamento do câncer de mama. 2013 fev;137(3):869-82.

Eliassen AH, et al. Atividade física e risco de câncer de mama em mulheres na pós-menopausa. Arquivos de medicina interna. 25 de outubro de 2010;170(19):1758-64.

Tremblay MS, et al. Rede de pesquisa de comportamento sedentário (SBRN) – processo e resultado do projeto de consenso de terminologia. Jornal Internacional de Nutrição Comportamental e Atividade Física. 2017 dez;14(1):1-7.

Relatório Científico do Comitê Consultivo das Diretrizes de Atividade Física 2018. Washington, DC: Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, 2018.

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