Mato Grosso
Família de Cuiabá registra B.O contra escola de educação infantil, filho sofre agressões
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Uma família registrou boletim de ocorrência contra uma escola de educação infantil de Cuiabá onde o filho de 2 anos teria sofrido maus-tratos. Segundo o pai da criança, Bruno Rocha Gomes, o filho sofreu agressões por parte de uma professora e de uma cuidadora da instituição, em duas ocasiões distintas.
À reportagem, o coordenador da escola, Lauro Marques, diz que a agressão praticada pela professora foi reconhecida pela unidade e a profissional foi demitida por justa causa no dia seguinte à denúncia dos pais.
Já quanto ao caso envolvendo a cuidadora, a unidade não reconhece a agressão e ainda acusou os pais de chantagearem a direção em troca de desconto em mensalidades atrasadas.
“Essa segunda agressão só foi denunciada para a gente quase doi meses depois, no dia em que eles vieram aqui para falar sobre mensalidade, que estava em atraso, e exigiram desconto. Disseram que se o desconto não fosse concedido, iriam divulgar o caso, processar a escola, tipo uma ameaça”, afirmou.
Imagens feitas pelo sistema de monitoramento da escola, que é disponibilizado para os pais dos alunos, mostram ommomento em que a professora pega o menino pelo braço e tenta fazer com que ele fique sentado na cadeira.
O aluno se levanta e a professora mais uma vez o coloca na cadeira, longe das outras crianças. A professora fica, então, mexendo no celular.
“Ele saiu do castigo em que estava, correu para a tia que estava no celular. Ela continuou segurando o celular, agarrou meu filho com um braço só, saiu erguendo ele até o local onde ele estava e largou meu filho na cadeira”, disse o pai.
Em outra ocasião, segundo o pai, o filho foi tratado da mesma forma por uma cuidadora da escola, o que também foi assistido por ele via sistema de monitoramento.
“Já teve um caso com uma cuidadora, que pegou meu filho de cima da mesa, levantou ele por um único braço e o colocou no chão. Com nenhuma criança deve ser feito isso. Meu filho fez dois anos agora e uma agressão dessas desestabiliza a família inteira. Todos estão abalados”, afirmou.
O boletim de ocorrência foi registrado pela família e o caso apresentado para a advogada e tia da criança. Para Laurinda da Rocha Gomes, houve agressão nas duas situações e a escola deve ser processada.
“Entraremos com as medidas judiciais cabíveis porque é inadmissível você aceitar que uma escola que inciialmente tem boa referência permita que seus funcionários continuem maltratando um bebê, uma criança indefesa”, disse.
A Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) instaurou um Termo Circunstanciado de Ocorrência para investigar as acusações de lesão corporal. O pai da criança já foi ouvido e o menino deve fazer o exame de corpo de delito.
Acusação de chantagem
Segundo o coordenador da escola, os pais chantagearam a direção para conseguir desconto em mensalidades atrasadas, relatando o caso envolvendo a cuidadora quase dois meses após o fato e ameaçando denunciar a instituição.
O pai nega a acusação da escola e afirma que procurou a escola para fazer os pagamentos atrasados e tentou fazer a desvinculação do filho com a instituição, o que não conseguiu porque o contrato não teria sido fornecido pela direção.
“Sem o contrato, não pode ter a desvinculação do meu filho. Então, meu filho continua vinculado à escola, mas não está mais indo para lá”, disse.
Especialista confirma agressões
As imagens do sistema de monitoramento foram analisadas pela psicopedagoga Maria Auxiliadora de Oliveira. De acordo com a especialista, os maus-tratos são caracterizados nos dois casos.
“Houve agressão. A gente compreende que houve uma violência física. O fato do profissional deixar a criança sem intervalo é uma violência física, porque a criança tem o direito de brincar. Quando ele cerceia esse direito e força a criança a permanecer sentada, ele pode não deixar marcas físicas, mas deixa marcas emocionais”, explicou.
A especialista diz que crianças vítimas de agressão podem ser prejudicadas durante o processo de educação.
“Às vezes, essa criança começa a desenvolver comportamentos aversivos a ir para escola e pode desenvolver algumas patologias mesmo: sentir dor de cabeça, dor no estômago, no momento de ir para a escola. Então, o olhar atento dos pais e da escola é imprescindível para identificar se a criança está sendo maltratada”, afirmou.