Por Letícia Marques — Quito, Equador

 


Veja a entrevista coletiva de Filipe Luís depois do empate do Flamengo com a LDU
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Veja a entrevista coletiva de Filipe Luís depois do empate do Flamengo com a LDU

Flamengo não venceu, mas também não perdeu o jogo-chave que tinha contra a LDU na noite desta terça-feira, pela Libertadores. Uma derrota deixaria o time em situação delicada e quatro pontos atrás dos equatorianos, mas o empate em 0 a 0 manteve o Rubro-Negro em boas condições na chave. Em entrevista coletiva após a partida, o técnico Filipe Luís revelou que Bruno Henrique precisou usar os cilindros de oxigênio e valorizou o ponto conquistado na altitude de 2.850m de Quito.

LDU 0 x 0 Flamengo | Melhores momentos | 3ª rodada | CONMEBOL Libertadores 2025
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LDU 0 x 0 Flamengo | Melhores momentos | 3ª rodada | CONMEBOL Libertadores 2025

— Sempre é muito dificil jogar na altitude de Quito. Já tomei goleadas e já venci aqui, é complicado. Todo o contexto é diferente. A bola é mais rápida, os domínios escapam do pé. Às vezes você está acostumado a dar um passe à frente e ela (bola) vai embora. Optamos por um plano de passes mais curtos. Sabemos que o adversário também cansa, por mais que eles já estejam aclimatados aqui. Queriamos fazer com que corressem atrás da bola, para não terem o volume que fazem na casa deles. Assisti a muitos aos jogos e é impressionante o volume que eles têm em casa. Times que jogaram aqui com linha de cinco, eles te afundam para dentro da área, têm chute de fora, rebotes, o Arce é muito poderoso no jogo aéreo... Eles te empurram e você não consegue sair.

— Só o Bruno que pediu auxilio de oxigênio, mas todos sentem. Peguei os dados do ano passado e vi os que sofrem menos. A função defensiva mais importante tinha o Gerson, que era encarregado de pressionar e ajudar o Wesley. Ele fez de uma forma incrivel. Depois, com a bola no pé, ele não perde a bola. Ele foi o sacrificado pela parte física. O Evertton (Araújo) e o Erick (Pulgar) foram impressionantes. (Pulgar) Não errou quase nada, cobriu o campo, cortou muita bola perigosa. Ninguem é titular por acaso. Fiquei muito feliz pelo jogo dele, do Ayrton (Lucas). São jogadores que precisam se sentir confortáveis em campo.

Voz do Setorista: Letícia Marques após empate do Flamengo com a LDU, em Quito
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Voz do Setorista: Letícia Marques após empate do Flamengo com a LDU, em Quito

Perguntado sobre Plata, que foi cortado do jogo após sentir dores no joelho esquerdo, Filipe Luís disse que o atacante equatoriano seria titular, não fosse pelo desfalque de última:

— Sim, ele seria titular. Falei para ele depois do jogo contra o Vasco. É um jogador muito importnte e especial para mim. Tem as qualidades e características que eu gosto. Sabe atacar espaço, associar com os companheiros. Infelizmente sentiu uma dorzinha diferente no joelho, que vamos ter que esperar os exames para ver o que aconteceu. Como treinador, fico triste de não utilizá-lo. Mas ele sentiu ainda mais, queria jogar na casa dele, no país dele. Sei que ele ficou muito chateado porque não conseguiu jogar. Mas ele sabe que é muito importnate para mim e para a equipe.

Plata ao lado do técnico Sebastian Beccacece, do Equador, durante LDU x Flamengo — Foto: Divulgação / Seleção equatoriana

Plata ao lado do técnico Sebastian Beccacece, do Equador, durante LDU x Flamengo — Foto: Divulgação / Seleção equatoriana

Com o empate, o Flamengo foi a quatro pontos e continua em terceiro lugar no Grupo C, mas manteve a distância de um ponto para a LDU, agora com cinco. O Central Córdoba, da Argentina, também tem quatro e pode ir a sete se vencer o Deportivo Táchira, da Venezuela, na quinta-feira.

Veja outras respostas de Filipe Luís:

Surpresa da LDU

— Eles fizeram uma pequena mudança, jogaram com dois volantes. Um deles marcou o Arrascaeta praticamente o jogo todo. Mas isso nos dava a oportunidade de sair. O difícil era acelerar. O Gerson recebeu um passe que seria perfeito para o Everton, mas seria se fosse à nivel do mar. Nos optamos por um jogo de controle, para evitar a pressão do adversário. Mas pelo que eu vi do jogo do Tachira, a LDU dominou todo o segundo tempo e teve 15 cruzamentos para a área. Aqui, só conseguiu (ter volume) nos úlytimos 5 minutos. Estou feliz pelo esforço que meus jogadores fizeram porque é dificil jogar aqui.

Sabor do empate

— Queríamos ter vencido. Era importantíssima essa vitória. Nós nos colocamos nessa situação porque perdemos em casa para o Central Córdoba. Agora temos que entrar para vencer. Agora e sempre. Mas pelas circunstâncias de jogar aqui, não pelo desfalques porque eu tenho confiança plena nos jogadores que entraram hoje. Mas, sim, pela dificuldade de jogar com a LDU. Isso (empate) nos deixa vivos para continuar buscando a nossa classificação, que é o objetivo.

Estreia como técnico na altitude

— Cada entrevista que eu dou é quase a primeira vez em alguma coisa (risos). Treinador jovem é assim. Estamos aqui para ir evoluindo e melhorando. Eu jogar aqui e ser um dos que mais sofria com altitude me dá conselhos para dar aos jogadores. Mas é impossível. Cada um sente de uma forma, cada um joga de uma forma. Mas o plano de jogo, quando estou contra um adversário, eu olho para o esquema, para os espaços, e ali tento dar uma solução para eles se sentirem mais confortáveis dentro do campo. Depois, é escolha deles. De acelerar, de parar, de chutar de fora da área. A escolha é deles. Tentei falar o que eu achava, de quando eu jogava. Mas a maioria já jogou aqui. Não tem muito o que falar. Aqui se vem para sofrer, não tem como desfrutar do mesmo nível do ritmo do ar. Essa é a beleza da Libertadores na minha opinião. Acho uma experiência bonita poder jogar na altitude.

Filipe Luís cumprimenta Luiz Araújo após LDU x Flamengo — Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Filipe Luís cumprimenta Luiz Araújo após LDU x Flamengo — Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Ayrton Lucas

— Eu já o elogiei depois do jogo do Vasco. O Ayrton precisava de um jogo sólido, onde ele se sentisse dono da posição, onde controlasse os tempos de ataque e defesa. Contra o Vasco ele não errou passes, fez o time andar rápido e depois deu uma solidez defensiva para a equipe. E principalmente a bola aérea na defesa da área, que era uma coisa que a torcida pegava no pé, ele marcou o Vegetti praticamente todo o jogo e foi perfeito. Estava sem sequência, e é muito difícil um jogador desempenhar sem sequência. E hoje, com um jogador com confiança e sequência, vimos o Ayrton que veio para o Flamengo, que me deixou no banco, que é capaz de chegar na seleção brasileira. Pode muito mais. Vamos pouco a pouco dando um pouquinho de confiança para ele ir evoluindo.

Victor Hugo fora dos planos?

— Não é verdade. Ninguém nem mencionou o nome do Victor Hugo para mim. Falo com o Boto diariamente. Joguei com ele, gosto dele, é um meia que não perde a bola. Foi titular do Flamengo em 2022 ou 2023, com o Sampaoli, e perdeu espaço em 2024 e optou por sair. A montagem do elenco eu dou opinião, mas não é minha. Se no dia de amanhã o Boto quiser trazer o Haaland, ele pode trazer sem falar comigo. Podem me escutar, mas a montagem de elenco é sempre da diretoria. No caso do Victor Hugo, não é verdade (que está fora dos planos). Claro que virão reforços, jogadores que virão para ajudar, outros que não estão tendo espaço vão sair, esse é o ciclo do futebol. O importante é que temos um elenco bem compensado em todas as posições.

Jogo com LDU no Maracanã

— A LDU está muito adaptada para jogar em casa, mas também sabe jogar fora. Imagino que vai ser um time que vai seguir tentando pressionar, fazer seu jogo que é muito vertical, com muitas mudanças de frente e cruzamentos na área. Imagino que vão tentar aproveitar nossas perdas de bola para fazer contra-ataques rápidos. Na nossa casa, vamos ter que fazer uma partida sólida para poder vencer. Não é fácil. Nunca é uma equipe fácil de enfrentar.

Anulou lado direito da LDU

— A nível defensivo, foi um jogo muito sólido. Eu não queria vir ganhar um ponto, queria três. Mas defensivamente time foi bem porque a linha estava alta, deixávamos poucos espaços entre as linhas, não tinham tempo para girar no jogador rápido e perigoso que é (Bryan) Ramírez, o ponta. Fiquei encantado, parece muito bom, tem muitas assistências. Então adiantar as linhas, meus jogadores tiveram coragem para jogar alto e não demos espaços e o tempo para os adversários. Tiveram que fazer um jogo mais direto, e nossos zagueiros se sentiram cômodos. Quando baixamos um pouco, não estávamos bloqueando bem os passes por dentro, e nos últimos 10 minutos vimos o perigo que são. Com esse volume e os finalizadores que têm na área sempre é complicado defender.

Situação no Grupo C

— Não estamos numa posição cômoda nesse grupo, estamos atrás da LDU. É verdade que temos duas partidas em casa, mas enfrentamos o (Central) Córdoba fora de casa e não vai ser fácil. Mas acredito que com nossa equipe, nosso modelo, vamos classificar. O objetivo é passar (da fase de grupos), se é em primeiro, melhor. É um calendário muito apertado, com muitos jogos seguidos. É a quarta partida em 12 dias que tivemos. Jogadores fizeram um esforço grande e terão que continuar fazendo para passarmos para as oitavas, e depois tentar chegar o mais longe possível nessa competição que é tão bonita e tão especial.