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17 ameaças ocultas para o coração


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1. Bullying no trabalho

O European Heart Journal, uma das publicações de cardiologia mais influentes do mundo, acaba de dedicar uma edição especial a fatores e comportamentos inusitados que comprometem a saúde do coração. Um deles envolve o ambiente de trabalho.“Vítimas de bullying nas empresas estão sujeitos a constantes maus-tratos, o que está relacionado a emoções negativas”, explica a epidemiologista Tianwei Xu, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, autora de um estudo que mostrou como essas agressões impactam pra valer o coração.

Tem solução?

O primeiro passo está em identificar essa violência e seus autores. “É importante que as pessoas saibam sobre esses comportamentos e busquem ajuda”, sugere Tianwei. Os departamentos de RH das companhias precisam ficar atentos para lidar com essas questões.

2. Poluição sonora

Buzinas, fábricas, sirenes, aviões… São tantos barulhos na cidade que nem prestamos mais atenção neles. O dilema é que essa sinfonia desajustada cobra seu preço. ]Um levantamento do Instituto Suíço de Saúde Pública e Tropical analisou dados de 4,4 milhões de adultos e descobriu que o som de rodovias, ferrovias e aeroportos está ligado a uma maior mortalidade por infarto. “Existe uma relação entre a poluição sonora e o estresse crônico, que, por sua vez, aumenta a pressão arterial”, diz o epidemiologista Martin Röösli, que assina a pesquisa.

Tem solução?

O poder público precisa planejar o município de modo a reduzir os danos aos cidadãos. Aeroportos, por exemplo, devem ficar afastados dos bairros residenciais. Se você mora em regiões barulhentas, o jeito é investir em janelas e portas que limitam o ruído externo.

3. Sujeira pelo ar

Pelo jeito, viver nas metrópoles não é bom negócio para o coração. “Sabemos que mais de 40% das mortes por doença cardiovascular têm como uma de suas origens o ar que respiramos”, calcula a médica Evangelina Vormitagg, diretora do Instituto Saúde e Sustentabilidade, em São Paulo.Já se sabe que partículas tóxicas muito finas entram pela respiração e caem na circulação sanguínea, onde provocam um estrago danado. Líderes e especialistas no tema são convocados a todo momento pela Organização Mundial da Saúde para elaborar saídas para esse problema global.

Tem solução?

Cobrar das autoridades políticas públicas mais sustentáveis e o cumprimento de leis já aprovadas é dever de todos nós. Do ponto de vista individual, dá pra apostar na bicicleta ou no transporte público (ônibus, metrô, trem…) e evitar o uso de combustíveis fósseis, especialmente o diesel.

4. Desastres naturais

Muito além do choque momentâneo, esses acidentes de larga escala comprometem o sistema cardiovascular dos sobreviventes. O exemplo mais recente ocorreu há poucos meses na cidade de Brumadinho, Minas Gerais, com o rompimento da barragem de minérios que vitimou 224 pessoas.“Sabemos que o contato com metais pesados como níquel, chumbo e cádmio provoca lesões nos vasos sanguíneos e induz à hipertensão e ao aumento do colesterol”, conta o fisiologista Vitor Valenti, da Universidade Estadual Paulista, que acaba de conduzir uma revisão a respeito.

Tem solução?

O ideal mesmo é que esse tipo de desastre fosse evitado com estratégias preventivas. Em situações como a de Brumadinho, bombeiros e sobreviventes necessitam de cuidados redobrados. O acompanhamento deles com um cardiologista será mais frequente e cuidadoso.

5. Mudança no clima

“Uma redução de 3 graus na temperatura aumenta em até 30% as internações por insuficiência cardíaca ou infarto”, calcula o cardiologista Eduardo Pesaro, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. O especialista chegou a esse número após tabular dados de 130 mil hospitalizações que ocorreram na capital paulista na transição do verão para o outono.Períodos muito quentes também são danosos aos vasos sanguíneos. “Nos meses de calor, sobe o risco de desidratação e há uma tendência de a pressão arterial cair demais”, esclarece Pesaro.E cabe destacar que o aquecimento global contribui tanto para dias muito quentes como para invernos rigorosos e desastres naturais.

Tem solução?

No inverno, agasalhe-se bem e isole as frestas por onde o vento gelado passa. Se você integrar um dos públicos-alvo das campanhas (idosos, crianças, gestantes…), tome a vacina contra a gripe. No calor, capriche na hidratação e converse com o cardiologista para fazer ajustes na dose dos anti-hipertensivos.

6. Problemas na gravidez

Nos nove meses que separam a concepção do parto, a saúde da mulher e do bebê é monitorada constantemente. Uma das maiores preocupações nesse período é a pré-eclâmpsia, caracterizada pelo aumento da pressão arterial materna.Ainda bem que existem remédios que fazem o controle e evitam maiores danos, como o aborto espontâneo. Porém, uma pesquisa da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, aponta que a mãe deve ficar atenta à hipertensão mesmo após o nascimento de seu filho. Não raro, o quadro se perpetua pelo resto da vida.

Tem solução?

“A chave está no diagnóstico precoce da pré-eclâmpsia para iniciar o tratamento que minimiza seus desdobramentos”, conta Fernando da Costa, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Cortar o sal durante a gravidez é outra orientação dos médicos.

5% das mulheres com pré-eclâmpsia durante a gestação sofreram infarto ou AVC nos oito anos seguintes

7. Nascer prematuro

Quando a criança precisa vir ao mundo antes de completar 37 semanas na barriga da mamãe, seu coração carece de um acompanhamento mais criterioso – e não só na infância! Um trabalho da americana Universidade do Arkansas revela que a taxa de problemas cardíacos é mais alta nesses indivíduos quando comparados àqueles que nasceram no tempo ideal.“Esses recém-nascidos ganham peso rapidamente nas primeiras semanas, o que abre alas para o descontrole de colesterol e diabetes”, completa o cardiologista Jawahar Mehta, líder da investigação.

Tem solução?

Experts defendem que os bebês prematuros sejam monitorados para evitar o excesso de peso logo cedo. “O limite no consumo de calorias, principalmente de açúcares, será mais rígido para eles”, vislumbra Mehta. O pediatra indicará exames para flagrar eventuais desajustes.

8. Má higiene bucal

Não é de hoje que se fala da conexão entre a saúde da boca e a do coração. E uma pesquisa da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, acaba de descobrir que escovar os dentes uma vez ao dia já ajuda a baixar o risco de infarto e AVC em 9%, enquanto fazer uma consulta com o dentista a cada 12 meses está associado a uma redução de 14% na propensão a esses piripaques.“Inflamações na gengiva e o acúmulo de bactérias na boca repercutem no corpo inteiro”, ressalta o periodontista Claudio Pannuti, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP).

Tem solução?

Não dá pra escapar: escova, creme e fio dental são itens obrigatórios após as refeições, antes de dormir e ao acordar. Além disso, visitar o dentista a cada seis meses permite fazer aquela limpeza profissional e detectar cáries ou gengivite logo no início.

9. Descongestionante nasal

Sabe esses remédios que prometem desobstruir o nariz a jato? Eles até fazem isso, só que o efeito é temporário e a passagem do ar fica bloqueada novamente após alguns minutos.Para piorar, alguns produtos desse grupo carregam determinadas substâncias que contraem os vasos sanguíneos (pelo corpo todo). É aí que mora o perigo.“O princípio ativo não se limita às vias aéreas: ele é absorvido e, em grandes quantidades, provoca espasmos nas artérias”, alerta o médico Luiz Antonio Machado, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Tem solução?

Não caia na pegadinha dos descongestionantes nasais. Para início de conversa, eles são diferentes daqueles produtos parecidos com soro fisiológico e concebidos para lavar o nariz – esses não trazem riscos. Só faça uso de um fármaco desses com o aval do médico.

10. Microbiota intestinal desbalanceada

A população de bactérias que vivem em nosso aparelho digestivo é decisiva para o aproveitamento dos nutrientes que ingerimos nas refeições. Mas a influência dessa turma microscópica não para por aí: alguns micro-organismos, por exemplo, estão ligados à redução e outros ao aumento do colesterol circulante.“Em 2018, foram publicadas 101 pesquisas sobre a relação entre a microbiota e o coração. Só até abril de 2019, já saíram outros 45 artigos”, dá uma ideia desse campo o médico Dan Waitzberg, do Ganep Nutrição Humana.

Tem solução?

Para manter a flora intestinal equilibrada, o mais indicado é ter uma dieta saudável e variada. Ingerir boas fontes de fibras presentes em frutas, verduras e legumes é outra sacada. Produtos probióticos, como alguns leites fermentados, iogurtes e queijos, dão uma mãozinha.

11. HPV e companhia

O papilomavírus humano, ou simplesmente HPV, sempre esteve relacionado a tumores de colo de útero, pênis, ânus e boca. Agora, um estudo pioneiro da Universidade Sungkyunkwan, na Coreia do Sul, descobriu que as mulheres infectadas por ele também estão mais sujeitas a doenças cardiovasculares.O risco de infarto ou AVC era 22% maior naquelas que tiveram contato com esse vilão. E não é só ele: já se sabe há anos que o influenza, o agente por trás da gripe, é capaz de propiciar uma terrível descompensação cardíaca.

Tem solução?

Vacina neles! O imunizante contra o HPV está na rede pública para adolescentes e adultos jovens. “E pacientes com doenças cardiovasculares estão nos grupos que devem tomar a dose contra a gripe”, lembra a médica Cristiane Lamas, da Sociedade Brasileira de Infectologia.

12. Dormir mal

É natural a gente ficar pilhado e não conseguir pregar os olhos uma noite ou outra. Na contramão, a insônia é uma coisa bem mais séria.“Trata-se da dificuldade para iniciar e manter o sono ou despertar antes do desejado por três vezes na semana durante três meses”, define o biomédico Gabriel Pires, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.O ponto é que a falta de descanso anda de mãos dadas com o estresse e a ansiedade. Esses dois fatores, na sequência, induzem danos aos vasos e ao músculo cardíaco, até o ponto em que o sistema inteiro começa a pifar.

Tem solução?

Procure um médico se o encontro com o colchão e o travesseiro anda turbulento demais. Se o distúrbio for diagnosticado, há uma série de opções de tratamento. Só não vá se medicar por conta própria. Errar no tipo de remédio ou na dose traz sérias consequências, como o efeito rebote.

Pessoas que dormem menos de cinco horas por noite têm um risco de desenvolver hipertensão 520% maior!

13. Apneia do sono

De nada adianta passar a madrugada toda apagado se o repouso não é reparador. A apneia do sono, marcada por roncos e paradas na respiração ao longo da noite, abala pra valer o bem-estar do coração.“A interrupção no fluxo respiratório chega a durar entre dez e 90 segundos e está associada a quedas na quantidade de oxigênio no sangue”, diz o fisiologista Ali Azarbazin, do Brigham and Women?s Hospital, nos Estados Unidos.Além do sobe e desce na oxigenação, a doença leva a microdespertares, que não deixam o sono ficar profundo. Vários pontos negativos para o músculo cardíaco.

Tem solução?

A melhor saída contra a apneia é um dispositivo chamado CPAP. Por meio de uma máscara, ele joga um jato de ar na garganta, impedindo que ela se feche. Outras opções são o uso de aparelhos bucais, estimuladores elétricos e cirurgias para ajustes na posição da mandíbula.

14. Doenças autoimunes

Condições em que a imunidade se rebela e passa a atacar órgãos e tecidos têm sido cada vez mais diagnosticadas. Entre as representantes do grupo, estão artrite reumatoide, lúpus, hipotireoidismo, retocolite ulcerativa, e por aí vai.E o que esse monte de encrencas tem a ver com o coração? “Elas estão relacionadas a um aumento da inflamação, que também vai lesar as paredes dos vasos sanguíneos e contribuir para a formação de trombos e coágulos”, aponta a médica Emília Inoue Sato, da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

Tem solução?

Manter a enfermidade sob controle é a regra número 1. Ora, quando o quadro fica estável, a inflamação acalma por tabela. Outro ponto é não abusar dos corticoides. Essa classe farmacêutica é ótima para aliviar as crises, mas seu uso constante não faz nenhum bem à saúde.

15. Pré-diabetes

O diabetes tipo 1 ou 2 é um dos protagonistas dos perrengues cardiovasculares. Mas o que dizer daquela zona cinzenta entre o normal e o patológico, em que o açúcar no sangue fica na casa dos 100 aos 125 miligramas por decilitro ou a hemoglobina glicada varia de 5,7 a 6,5%?Má notícia: já existem evidências de que esse tímido descontrole da glicemia eleva o risco de infarto ou AVC. “Em geral, são pacientes que, além do pré-diabetes, trazem outros fatores de risco em conjunto, como excesso de peso, gordura abdominal e hipertensão”, descreve o quadro o cardiologista Fernando da Costa.

Tem solução?

Mudanças no estilo de vida, na alimentação e na prática de exercícios físicos já vão contribuir para uma queda no resultado dos exames. Alguns especialistas apostam que é necessário lançar mão de remédios nessa fase para cortar o mal pela raiz. Outros são mais reticentes a essa ideia.

16. Depressão

Marcada por um desequilíbrio na química cerebral, a depressão não se limita à cabeça. “Ela aumenta fatores inflamatórios, mexe com a microbiota intestinal e está relacionada com menos cuidados e hábitos nada saudáveis, como o consumo de alimentos ruins e o uso de álcool e outras drogas”, lista o cardiologista Mauricio Wajngarten, da Faculdade de Medicina da USP.Vários estudos demonstraram que o paciente deprimido apresenta níveis mais elevados de cortisol, o hormônio do estresse. Em excesso, ele também machuca os tubos sanguíneos.

Tem solução?

Buscar um psicólogo ou um psiquiatra é primordial para fazer uma análise aprofundada da situação. Na sequência, o contra-ataque terapêutico pode envolver psicoterapia, prescrição de antidepressivos e a própria atividade física, que ajuda no resgate do bem-estar.

Num estudo brasileiro, 20% dos pacientes que precisavam fazer uma cirurgia cardíaca tinham depressão

17. Solidão

Os sambistas Paulinho da Viola e Marisa Monte já cantavam: “Solidão é lava, que cobre tudo”. De forma poética, eles retrataram um dos grandes incômodos de nossa era: ficar só virou preocupação de saúde pública mundo afora.“Permanecer fechado em casa, sem contatos e sem relacionamentos, é um sinal de que algo não vai bem”, observa o psiquiatra Kalil Duailibi, da Universidade de Santo Amaro, na capital paulista. A falta de contatos reais com outros seres humanos propicia ansiedade, depressão, distúrbios do sono e uma série de outros perigos.

Tem solução?

As redes sociais podem aproximar, mas, ao mesmo tempo, são um fator de isolamento. Procure grupos de apoio, faça cursos e trabalhe com coisas que lhe agradem. Na medida do possível, fique próximo daqueles familiares e amigos que o fazem se sentir bem e com o coração quentinho.

As ameaças de sempre:

Hipertensão: números superiores a 120 por 80 milímetros de mercúrio (ou 12 por 8) são mau negócio.

Colesterol alto: fique esperto com o LDL, o colesterol ruim, e o HDL, a fração benéfica.

Diabetes: muito açúcar na circulação é sinônimo de lesão nos vasos sanguíneos.

Obesidade: os quilos extras trazem um extenso pacote de maldades ao coração.

Tabagismo: o cigarro é um gatilho para a inflamação em tudo que é órgão.

Sedentarismo: ficar sentado o dia inteiro é um perigo. Procure uma atividade que traga prazer.

Dieta ruim: sal, gordura e açúcar são os ingredientes mais prejudiciais. Seja bastante moderado.

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